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Escrevendo sob censura, resistindo a inveja, a deduragem, ao bom mocismo, ao falso moralismo porque vocês valem a pena

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Tenho o maior carinho por vocês, leitores e leitoras, que frequentam diariamente esta Coluna. Aqui tento dar o melhor de mim, escolhendo assuntos, escrevendo o melhor português disponível, empolgado, cheio de gás porque vocês, meus caros leitores, merecem todo o empenho, esforço e até algumas noites insones.

No entanto, temos o lado B. E o lado B, uma camarilha invejosa, mal resolvida, de mal com a vida, entrou em ação mais uma vez hoje me dedurando ao Facebook que, atendendo as “denúncias” retirou uma foto que postei lá de Jimi Hendrix acompanhado de duas mulheres seminuas. Foto manjadíssima, feita em 1968 e que saiu até nos jornais mais carolas do mundo.

Quando será que vão inventar uma corporação mais forte do que o Facebook para que possamos optar? Fico aqui pensando nos vários processos de censura moral e tecnológica a que fui submetido lá, que não se compara a censura ideológica dos tempos de censura militar, mas que provoca muito incomodo, irritação e a mesma indignação.

Segundo a corporação estou com 4. 915 “amigos” lá na minha página (ou será taba, oca, cabana?) e o limite é de 5 mil. Só que, sei lá porque, a corporação começou a censurar a entrada de novos “amigos”, alegando, alegando, alegando...nada, absolutamente nada. Nos trata como presos levando bofetadas, amarrados no pau-de-arara, sem saber porque. De repente, abriram a porteira de novo.

O Google montou um concorrente para esta corporação chamado Google Plus, mas ainda não colou. É muito, mas muito prolixo e também vai acabar no arrego moralista. E eu não quero abrir mão do contato de 4.915 pessoas que solicitaram entrada na minha página e eu na delas, mesmo que nesse bolo estejam os invejosos que me deduraram pelo crime inafiançável de publicar foto de Hendrix com suas mulheres seminuas. Por isso, torço para que venha um concorrente forte, livre, arejado e não essa trolha tecnológica que a todo instante pune, amordaça as pessoas.

Até quando? Até sempre porque se a deduragem é parte integrante da nossa paisagem macunaímica e tropical, o moralismo, bom mocismo e parentes próximos são o dínamo hipócrita da sociedade lá do norte.

Crônica de um amor proibido

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“LAM,
Leio sempre a sua coluna pois acompanho o seu trabalho há muito tempo, desde quando você tinha o seu melhor programa, chamado “Soft Rock”, na rádio Globo FM nos anos 90. Foi nessa época que deixei o Brasil e desde então vivo na outra América, a do Norte, com marido, filhos, Greencard e tudo mais.

Você não me conhece, nem de nome, nem de vista, mas continuo te acompanhando e um dia desses você citou a canção “No Quarter” do Led Zeppelin segundo você na “versão remasterizada por Jimmy Page na Deluxe Edition do álbum “Houses of the Holy”. Claro, lógico que comprei “Houses of the Holy” remasterizado porque simplesmente esse disco trouxe “No Quarter” ao mundo.

Ontem você narrou a censura sofrida no Facebook o que também achei absurda, mas toda a vez que o tema “proibição” se encontra com “No Quarter” e, para amplificar as coisas, acendo um baseado uma antiga história de amor vem à tona e eu penso, penso, penso, olhando a fumaça se desfazendo no ar movida por aquele piano quase dopado tocando languidamente.

Claro que fico meio down, sabe? Afinal eu vivi intensamente esse amor proibido, inicialmente achando que não era proibido coisa alguma até ele chegar para mim e abrir o jogo, dizer que era casado e que não tinha intenção de abrir a relação. Não chegou a dizer que comigo era apenas sexo, maconha e rock and roll mas nunca fui tola, nem burra.

Ah, LAM, como eu amei aquele cara. Amei profundamente e só não ignorei quando ele revelou seu casamento porque a coisa se complicou. Não nos encontrávamos nos fins de semana, nem nos feriados, nem nos horários “nobres”. Eu era “a outra” mas, quer saber, e daí? Eu o amava incondicionalmente (?) e, é lógico, achava que em algum momento teria a exclusividade daquele homem ou falando português claro, achei que aquele cara seria meu.

Encontros furtivos, muitos beijos, juras não secretas, sexo muito bom, maconha e “No Quarter” no final. Aí eu pegava meu carro e, ouvindo “No Quarter” andava em círculos pela cidade (é difícil andar em círculos em Brasília), parava num bar bebia dois ou três Martinis e ia para casa onde afogava a minha dor jamais assumida, ao som de que, LAM? De “No Quarter”.

Até que um dia eu estava com ele perto a Esplanada, conversando no carro estacionado, papo sobre o filho que eu estava esperando e a mulher dele apareceu. Foi um horror, um horror. Ela quebrou meu carro todo com uma tranca de volante, queria me agredir (ele nada fez) e apesar de estar com uma boa quantidade de maconha na bolsa senti alívio quando a polícia apareceu. Preferia ser presa como maconheira do que morrer nas garras daquela histérica mulher.

E assim terminava mais uma crônica de amor proibido. Dias depois soube que ele me procurou mas eu, muito deprimida, já estava em Los Angeles dando um tempo de 15 dias na casa de um diplomata amigo de meu pai. De lá fui para o Canadá, passei umas semanas, voei para a Europa rodei até a Croácia e foi em Zagreb que admiti que tinha vivido o maior amor de minha vida, quase transformado em crônica policial.

Tive meu filho em Nova Iorque e em Nova Iorque conheci meu marido que, discreto, esperou que eu contasse a minha história e a de meu filho mais velho, cujo pai sabe que ele existe. Será que sabe, LAM? Bom, tivemos mais um casal de filhos e hoje vivemos em Chicago, onde dou aulas numa faculdade e ele é cirurgião chefe de um grande hospital. LAM, um final feliz, concorda?

Sou feliz sim mas eventualmente ponho “No Quarter” para tocar (a versão que você citou é mais forte porque não tem vocal), fumo um, mato uma saudade virtual do cara sempre amplificada pelos delírios da ilusão e depois caio na real. Nada de flash back, nada de “ai, por onde anda o homem da minha vida?”, nada disso. O homem da minha vida é sempre o que está comigo.

Siga em frente LAM. Se quiser publicar esse “comentário” será uma honra para mim. Até ligarei para amigos para avisar. Não pare de escrever, não pare de transpirar rock and roll, em especial o Led Zeppelin. Fica aqui um beijo carinhoso, mas não dá para assinar esse bilhete sincero.


Combo, a maior roubada, ou, arranque os monopólios da sua vida

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Monopólios são as ferramentas nefastas do capitalismo. Alguns tem apelidos engraçadinhos como, por exemplo, “combos”. Você, bem intencionado, assina uma TV, mais internet, mais telefone de uma mesma operadora. Aí, quando dá um problema, cai a casa toda. Pior: para sair fora fica quase impossível porque a teia de aranha dos combos é quase intransponível.

Combo é monopólio e monopólio, em qualquer lugar é roubada, veneno, jogo baixo. Por exemplo, se você usa webmail da Microsoft, seu computador é Windows e, para piorar, você usa o Skype (também pertence a Microsoft), está usando serviços da mesma empresa. Melhor variar.

Não sou exemplo de nada, mas como este blog pertence ao Google, estou tirando meu e-mail do Gmail (estou indo para o Yahoo que ainda é rival do Google) e, eventualmente, usando programa de mensagem Eudora. Meu navegador não é do Google (Chrome) e sim Opera, que instalei hoje e estou gostando. Enfim, evito concentrar poder em um monopólio só.

E, penso, deve ser assim em tudo na vida. Quando nos “fidelizamos” (palavrinha bonitinha) a uma marca acabamos vítimas dessa marca, que manipula, usa, abusa a qualquer hora. O You Tube não detém apenas o monopólio do mercado de vídeos na internet. Ele tenta censurar e até determinar o que devemos ou não publicar em seus canais. Antídoto: pague 60 reais por mês e alugue um streaming de vídeo (tem um monte na busca do Yahoo). Ou você acha que a liberdade é menos importante do que 20 dólares mensais?

Gasolina? Petrobrás jamais porque: 1 – Não vou dar mais dinheiro para a roubalheira, que até segunda ordem continua agarrada a jugular da paraestatal; 2 – Não vou alimentar o monopólio. Alterno gasolina da Shell com da Ale e ponto.

Isso é delírio meu ou tenho razão?

P.S. – “Citizenfour”, filme vencedor do Oscar de melhor documentário este ano, conta a história de Edward Snowden. Agora, o diretor Oliver Stone começou a filmar a ficção “Snowden”, tendo Joseph Gordon-Levitt no papel principal. Por isso, voltaram as notícias de que nossos e-mails são lidos por arapongas digitais. Vocês tem alguma dúvida? Claro que os webmails gratuitos multinacionais entregam tudo. Quando escrevo uma mensagem não imagino várias pessoas lendo porque meus assuntos não interessam a ninguém, só a quem recebe a mensagem. Sou café pequeno na grande rede. Solução? Não há solução, mas todo mundo sabe que o celular mais seguro (criptografado, etc) é o velho Blackberry, usado, inclusive, por Barack Obama por orientação da Cia.


Tudo Blues; o suposto mendigo baterista; Kapitu; Lobão; Freiras pornô etc.

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Tudo Blues
Luiz Cláudio Carvalho Vasconcellos lembra que semana começa a rolar um mega festival de blues no Teatro da UFF, em Icaraí, Niterói. “Tudo Blues” só tem fera: 16 de abril – Quinta-feira | 21h GLAUCUS LINX & ANCESTRAIS FUTUROS – Convidado: Altay Veloso;17 de abril – Sexta-feira | 21h MAURÍCIO SAHADY; 18 de abril – Sábado | 21h BIG GILSON; 19 de abril – Domingo | 20h VICTOR BIGLIONE; 23 de abril – Quinta-feira | 21h; CRISTIANO CROCHEMORE & BLUES GROOVERS; 24 de abril – Sexta-feira | 21h SOULSHINE JAM BAND; 25 de abril – Sábado | 21h; BIG JOE MANFRA; 26 de abril – Domingo | 20h BLOODY MARY & THE MUNSTERS.

Ingresso: R$ 30,00 (inteira) R$15,00 (estudantes, maiores de 60 anos, menores de 21 anos e pessoas com deficiência); Censura: Livre
Teatro da UFF – Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói, RJ – Tel.: 3674-7511 

Informações: (21)3674-7512.
                                             

Kapitu grava segundo CD
A banda Kapitu está em estúdio gravando o seu segundo CD, que deverá ficar pronto em maio. A banda é uma das grandes revelações da nova safra do rock e blues e traz Yuri Corbal (guitarra e voz); Jahba (guitarra); Irlan Guimarães (baixo) e Rafael Marcolino (bateria).

O primeiro CD, “Utopia” está disponível para download no site www.kapitu.com.br.

                                                    

Lobão também grava

Em São Paulo, Lobão grava um novo CD, o primeiro com inéditas desde 2005. Muita expectativa em torno do novo trabalho do Grande Lobo.
                                                     
Os melhores guitarristas do mundo segundo a RS
  
No mais recente ranking da edição norte-americana da revista Rolling Stone, os 10 maiores guitarristas do mundo são: 1 – Jimi Hendrix; 2  - Eric Clapton; 3 – Jimmy Page; 4 – Keith Richards; 5 – Jeff Beck; 6 – B.B. King; 7 – Chuck Berry; 8 – Eddie Van Halen; 9 – Duane Allman; 10 – Pete Townshend.
                                                         
O suposto mendigo baterista
Está tendo muita repercussão a triste história de um suposto conhecido baterista de Niterói que acabou na mendicância. Ele teria agredido uma garota no início da semana e hoje foi levado pela polícia para a 77ª. DP.                                                        
P.S.
Livro reúne poemas eróticos escritos por e para freiras nos séculos 17 e 18
Novo lançamento da L&PM, "Que Seja em Segredo" reúne poemas eróticos de autoria de freiras ou inspirados nelas e "escritos na devassidão dos conventos brasileiros e portugueses dos séculos 17 e 18", como descreve a própria editora. Trata-se de um relançamento da obra, que já saiu pela editora Dantes nos anos 1990 e havia esgotado.

“Poeta anônimo
Quando eu estive em vossa cela
Deitado na vossa cama
Chupando nas vossas tetas
Então foi que me lembrei
Linhas brancas, linhas pretas”

Contemplava uma morena boa pra cacete que manuseava bananas orgânicas num supermercado moderninho, pensando que quando me afasto da música o vento sopra de sudoeste

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    Rádio Fluminense FM, 1984. Liliane Yusim, Alex Mariano, Alvaro Luiz Fernandes, Paulo Sisinno     e eu
No início da noite fui a um supermercado moderninho, cheio de produtos naturais e mulheres de todos os tipos: belas, gostosas, interessantes, gulosas, ávidas, tênues, robustas, naïf, etc. etc. etc. Durante um bom tempo, semi-hipnotizado, fiquei contemplando uma morena boa pra cacete manusear suavemente bananas orgânicas, como se fossem lâmpadas de Aladim. Bananas d´água ainda por cima. Que coisa.

Simultaneamente, pensava na vida. Na vida de todo mundo. A morenaça ronronando para as bananas me lembrou do meu giga amigo Alex Mariano Franco. Caramba, que saudade desse cara. Que saudade! Foi assassinado por bandidos (des) graças a leniência do Estado, as 5 da tarde, numa movimentadíssima rua do Centro de Niterói, em frente a sua loja. Dois caras anunciaram o assalto, Alex perguntou “vocês de novo” (já havia assaltado a loja 15 dias antes) e levou um tiro, caindo morto na calçada.

Mas, vamos lá. Alex era o rei dos apelidos. Conheço umas 10, 20 pessoas que foram apelidadas por ele e nunca mais se livraram dos codinomes. Meu amigo desde a adolescência, ele conheceu meu “braço armado” quando foi fazer comigo a Rádio Fluminense FM, em 1981, quando o trabalho começou. 

Inicialmente ele me apelidou de Luiz Antonio Mulla (com dois L) por causa de meus coices que ele dizia serem “alegóricos” e, também, de “imperador Bokassa”, referência a Jean-Bédel Bokassa, hediondo ditador africano que de meados dos anos 1970 até 1985 cometeu genocídio e até canibalismo quando esteve no poder.

Quando Alex me chamou de “Bokassa” pela primeira vez (eu quase tinha saído na porrada com alguém que não me lembro, momentos antes), dei um coice no meu querido amigo. “Alex, Bokassa é o caral...! Luiz Antonio Mulla pode, mas Bokassa nem a pau!”. Ele não perdeu a pose: “e amado chefinho, pode?” Foi o apelido que pegou.

Sempre lembro do Alex porque ainda não pude chorar a sua morte vil, canalha, covarde como deve ser chorada. Ele me dizia, sempre debochadamente, “amado chefinho, quando você para de ouvir música entra em TPM e sobra pra gente”. Tinha razão, o grande Alex.

Tempos atrás me afastei da música e quando percebi o mar tinha virado, ventos de sudoeste começaram a soprar forte e eu me vi diante de ondas de 20 metros de alturas, aquelas de Maverick, Califórnia, com uma prancha pequena, de madeira. Como no filme “Tudo por um Sonho”

Não são as maiores ondas que tive que encarar, mas me deram trabalho. Surfei-as hoje de manhã. Sabe como? Com o desasossega vizinhos “Quadrophenia”, do The Who, que ouvi no computador turbinado por amplificação Edifier que meu irmão e meu sobrinho me deram de presente tempos atrás.

A medida em que a guitarra lancinante de Pete Townshend, a bateria extraterrena de Keith Moon, o baixo desesperadamente genial de John Entwistle iam engolindo os 17 andares de meu prédio, fui acalmando, acalmando, acalmando e sentei para escrever.

Fato é que deixei de ser Luiz Antonio Mulla em 2008, quando, sem saber, fui trabalhar num escroque calabouço corporativo que cismou de me domar. E acabou domando, o que me fez muitíssimo mal. Nem os 12 anos e varada de governo em Niterói, onde fui  presidente de uma fundação de arte e depois de uma empresa de turismo, eu aliviei nos coices. Ao contrário. Aí que eu tive que mandar chumbo mesmo porque política não é para babaca. Se você não chuta antes acaba linchado. Não dá para caçar borboletas na guerra do Vietnã cantando “pela estrada afora eu vou bem sozinho...”

Por isso, prometi dois anos atrás a meu amigo L.G. Bayão: “Prometo as zaralhadas de leitores aqui deste blog, mas ESPECIALMENTE A VOCÊ (em maiúsculas) que NÃO VOU MAIS ABANDONAR A MINHA MÚSICA, que vai de rock and roll existencial até bossa nova da região de meu amigo e padrinho de estúdio Roberto Menescal, via Egberto Gismonti, Badi Assad, André Geraissati e similares.

Continue dando coices aí que eu respondo daqui. Sem coice não dá, meu amigo. Uma vez, um déspota me enviou um corvo-correio (estafeta dele) com a mensagem “de concessão em concessão viramos Conceição”. O canalha tinha razão.


Abraços do LAM, com M de Mulla. Sempre!”

Série de TV “A Trilha do Rock no Brasil”. Tema empolga todo mundo

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    Darcy Burger                                                                
    
    Robertinho do Recife, Ney Matogrosso, Renato Barros (Renato & seus Blues Caps) e Zeca Baleiro
     
    Rodrigo Sampaio, Paulo Miklos (Titãs), Fernanda Flores e Isabela Saboia
                                                                   
                       Danielle Immendorff  
    Paulo Ricardo
    Wanderlea
     Ronnie Von                                                                      
    Cauby Peixoto                
                                                                     
    Lobão                                                                                  
Já são mais de 30 entrevistados para a série “A Trilha do Rock no Brasil”, que em breve vai entrar em fase de edição. Os 13 episódios vão ao ar no Canal Brasil, com direção de Darcy Bürger. A produção é da B2 Filmes, do Rio.
Com argumento e roteiro meus, a série vai contar a história do rock brasileiro de 1955 até hoje, mas é impressionante a empolgação das pessoas envolvidas, direta e indiretamente com o projeto.

Dá para perceber que os entrevistados (músicos, cantores, jornalistas, produtores, pesquisadores, escritores etc) estão muito dispostos a falar da situação da música, da cultura no Brasil, das crises e, logicamente, do nosso rock o que, obviamente, tem sido ótimo para o enriquecimento da série.
No Rio tenho feito as entrevistas e nas últimas duas semanas a Assistente de Direção Isabela Saboia e a Produtora Fernanda Flores estiveram em Porto Alegre e São Paulo, dando uma geral na cena rock de lá. Logo, elas irão para Belo Horizonte mostrando o quanto é rica a história do rock aqui no Brasil.

Uma história que começou em 1955 quando a cantora de samba canção Nora Ney gravou “Rock Around The Clock” e, um ano e pouco depois, Cauby Peixoto gravou o primeiro rock em português, composto por Miguel Gustavo, e que se chamou “Rock and Roll em Copacabana”.

Muita história, muita emoção e a certeza de que a série está sendo feita com muito profissionalismo, determinação e, é logico, rock and roll.

Equipe B2 Filmes:

Direção: Darcy Bürger

Assistência de Direção: Isabela Saboia

Argumento/roteiro: Luiz Antonio Mello

Produção: Danielle Immendorff

Assistente de produção: Fernanda Flores

Direção de Fotografia: Rodrigo Sampaio

Operador de Câmera: Rudá Capriles 

Assistente de câmera: Ricardo Canário

Som Direto: Guilherme Lage

Still: Juliana Torres






O Canecão está fechado há 5 anos e ninguém faz nada para reabri-lo

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    Entregue as traças, o Canecão apodrece. Foto de Marcelo Piu, O Globo
    Infiltrações, abandono, foco de dengue. O antigo tempo da música virou isso. Foto de Marcelo Piu,    O Globo
Nem as ratazanas estão satisfeitas com o abandono do Canecão, célebre casa noturna carioca que depois de um longo processo judicial foi devolvida a sua dona a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela mesma, a mesma que não consegue manter dignamente o Hospital do Fundão, onde profissionais de saúde padecem para conseguirem trabalhar.

A UFRJ devia tirar a máscara, a cara de pau e devolver o Canecão para quem sabe trabalhar com entretenimento e não ficar sentada em cima enquanto o prédio apodrece. Em 2013, O Globo publicou  reportagem de Luiz Fernando Vianna, intitulada “Fechado há 15 meses e nas trevas, Canecão procura nova luz” que dizia: “Só há três focos de luz no Canecão: dois sobre o palco e um à esquerda de quem entra naquela que, até ser fechada, em outubro de 2010, era a mais famosa casa de shows do país. O desligamento quase completo da energia é necessário, pois as infiltrações tornam o espaço vulnerável a curtos-circuitos — como já aconteceu. Chuvas fortes provocaram a queda de telhas, molharam o célebre salão e vêm derrubando o revestimento acústico de polipropileno, origem do forte cheiro de mofo.” (...)

“Proprietária do terreno, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguiu reavê-lo em 2010, após longa briga judicial com o empresário Mario Priolli, que fundou o Canecão em 1967 e era inquilino da instituição. Mas ainda não superou dois empecilhos à reabertura: os problemas judiciais de Priolli e as divergências internas quanto a como geri-la.

Quando a Justiça determinou a reintegração de posse, o empresário paulistano, neto de italianos, foi embora e deixou para trás mesas, cadeiras, o sistema de ar-condicionado e outros bens (depauperados, mas bens). Eles foram penhorados como garantia, já que são muitas as dívidas de Priolli. Enquanto as pendengas não forem resolvidas, a UFRJ não pode usar os equipamentos nem se desfazer deles.”

“A Associação dos Docentes da UFRJ (Adufrj), cuja diretoria tem filiados a partidos como PCB, PSTU e PSOL, é contra a parceria com setores privados e pede um "projeto cultural para a cidade com cara própria, inovadora", segundo seu presidente, Mauro Iasi. Mas muitos professores, como representantes de Letras, da Casa da Ciência e da Editora da UFRJ, aprovam a entrada de recursos externos, embora a gestão deva ser pública.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ — cujo leque partidário inclui PT, PDT e PSB — está afinado com a Adufrj e diz que basta "vontade política" para dinheiro federal ser injetado no Canecão.

Dentre os alunos, o GLOBO ouviu representantes do Diretório Central dos Estudantes e da Associação de Pós-Graduandos. Há quem considere saudável a abertura nos fins de semana para eventos comerciais, mas todos defendem controle público, para que eventuais receitas externas fiquem na UFRJ.”

Papo aqui, papo ali, muita enrolação, e o Canecão jaz apagado, largado, chutado para escanteiro. O bom senso informa que seria melhor mesmo que a UFRJ arrendasse o prédio e fosse salvar sua própria pele, simbolizada pelos escombros do Hospital Universitário Clementino Fraga (Hospital do Fundão) que já foi referência nacional e hoje é uma vergonha.

O que a UFRJ ganha com o Canecão abandonado? Não é à toa que crescem os boatos que no local poderá subir mais um espigão.


Dar referências ficou perigoso. Melhor acessar www.reclameaqui.com.br

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    Menor emoção e mais bom senso na hora de exigir os seus direitos
    A melhor invenção. Respostas imediatas
Desde 1.500 vivemos momentos de crise nos serviços - praticamente todos eles - no Brasil. Isso atinge tanto as pessoas jurídicas como as físicas. Há tempos, uma senhora (leitora aqui da Coluna) perguntou qual é a minha TV por assinatura. Respondi. Ele emendou com uma segunda pergunta do tipo “você acha boa, recomentaria?”. Respondi, francamente, que não recomendo serviços a ninguém porque não quero queimar meu filme por causa dessas empresas.

Ela compreendeu mas ficou meio encafifada, por isso insisti para que não pensasse, em momento algum, que eu estava de má vontade. Mais: sugeri (como sugiro aos leitores) que ela acessasse o site www.reclameaqui.com.brque concentra boa parte das reclamações sobre empresas de todos os gêneros, de smartphones a lambanças de prefeituras, passando por supermercados, farmácias, TVs por assinstura, internet. Quem me deu essa dica, há um bom tempo, foi meu irmão, advogado (ele e minha cunhada Milena, vastíssima experiência, atuam muito bem em Direito do Consumidor), conselheiro da OAB-Niteroi, Fernando de Farias Mello, site www.fariasmelloberanger.com.br.

No ano passado, um vizinho perguntou qual é a minha internet em banda larga. Disse qual é mas também não recomendei porque está cada vez mais difícil darmos referências numa terra onde a qualidade dos serviços oscila como montanha russa. Além disso, não estou satisfeito com a empresa e só não saí para não trocar seis por meia dúzia.

A coisa chegou num ponto que não recomendo, sequer, colegas para emprego porque o último que indiquei, recém-formado, que trabalhou como trainee numa empresa onde eu era sênior, e que eu julgava exemplar, foi para a companhia que indiquei e começou a faltar, chegar atrasado, vacilar no texto, sei lá o que deu no cara.

Esse caos nos serviços gerou uma situação incomoda, chata. Temos vontade de ajudar, indicar, mas depois corremos o risco de estarmos atrapalhando muito mais do que ajudando. Portanto, o negócio é ser franco e bater o pé: não indico, não nego.



A incômoda tolerância a intolerância

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Muita gente tornou-se tolerante a intolerância, talvez pela crítica situação do Brasil. Sempre que há recessão e inflação, os sonhos, objetivos, planos, projetos de milhões de pessoas são engavetados, as contas do mês ficam mais difíceis de fechar, a insegurança atinge níveis quase insuportáveis, a esperança, a velha, boa, necessária esperança, parece querer bater asas e querer partir.

A tolerância a intolerância é intolerável, mas está presente até para quem não pode ou não quer ver. Nas ansiosas filas dos bancos, nos ônibus, aviões, na caminhada solitária das pessoas rumo ao trabalho, a escola, a consulta médica. Rumo ao nada, muitas vezes.

Exercitar a tolerância é mais do que fundamental, ensinam a filosofia (parceira invisível e milenar de todos nós), a psicologia, o bom senso. Um exercício difícil, espécie de musculação existencial, vital, fundamental para que as pessoas possam conviver minimamente bem com elas mesmas e a partir daí com a sociedade.

A intolerância está presente nas ruas, no ambiente de trabalho, no supermercado, nas redes sociais na internet, na política partidária. Nesse momento de crise, o radicalismo parece se impor ao bom senso e assistimos a um banho de sangue entre aspas entre pessoas que atiram até amizades de décadas no lixo em nome de convicções políticas dos outros, dos políticos profissionais.

A sensação de “vão-se os dedos, ficam os anéis” em redes sociais como o Facebook e Twitter, onde todo mundo bate em todo mundo defendendo políticos, políticas, governos, desgovernos, incha mais os bolsos deles, dos políticos e esvazia a esperança de uma nação mais equilibrada, mais generosa e até mais engraçada. Afinal, sem humor nada é possível.

Dizem que essa onda de tolerância a intolerância é passageira. Até concordo, mas não nego que ela me preocupa e até ocupa meus pensamentos em plena hora da vadiagem, dos devaneios. Afinal, se brigar por nós exige limites, brigar por quem não merece parece ridículo.

Ou não?


Tudo Blues Festival no Teatro da UFF

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O TUDO BLUES FESTIVAL tem a proposta de mostrar vários estilos do blues, além de referências do jazz e do rock, gêneros que surgiram do blues.
O Teatro da UFF traz ao público, durante oito dias, músicos e bandas nacionais que diretamente representam o blues aqui no Brasil ou tem no seu repertório influências do blues.

O Blues tem origem nas raízes musicais e na memória oral dos griots – contadores de histórias – dos cantos e danças dos povos da África. Um gênero marcado na história do sul dos Estados Unidos (do final do século XIX) e combinado com a música europeia-americana, que se traduz num canto melancólico e na poesia simples dos escravos das plantações de algodão que usavam para embalar suas jornadas de trabalho. Em temas populares – como religião, amor, sexo, traição e trabalho – eles expressavam seus sofrimentos, angústias e tristezas.

O blues, ao longo do tempo, foi se fragmentando em tendências e sonoridades de seus intérpretes, ora mantendo as tradições acústicas, ora conduzido para território jazzy.

O som eletrônico produziu novos e diferentes estilos, como o Delta Blues, o Jump Blues, o Texas Blues, o Rhythm and Blues e o Country Blues, entre outros.

Na programação do TUDO BLUES FESTIVAL estão:

16 de abril – Quinta-feira | 21h

GLAUCUS LINX & ANCESTRAIS FUTUROS– Convidado: Altay Veloso

17 de abril – Sexta-feira | 21h

MAURÍCIO SAHADY

18 de abril – Sábado | 21h

BIG GILSON

19 de abril – Domingo | 20h

VICTOR BIGLIONE

23 de abril – Quinta-feira | 21h

CRISTIANO CROCHEMORE & BLUES GROOVERS

24 de abril – Sexta-feira | 21h

SOULSHINE JAM BAND

25 de abril – Sábado | 21h

BIG JOE MANFRA

26 de abril – Domingo | 20h

BLOODY MARY & THE MUNSTERS

  
Serviço:

16, 17, 18, 19, 11, 23, 24, 26 e 26 de abril

Quinta a sábado 21h / Domingo 20h

Ingresso: R$ 30,00 (inteira) R$15,00 (estudantes, maiores de 60 anos, menores de 21 anos e pessoas com deficiência)

Censura: Livre

Teatro da UFF – Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói, RJ – Tel.: 3674-7511
Informações: (21) 3674-7512

A exposição “Maldita 3.0, o universo da Rádio Fluminense" no Centro Cultural dos Correios em Niterói

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Nesta quarta-feira fui a exposição “Maldita 3.0, o universo da Rádio Fluminense” onde participei de um painel sobre o nascimento da Maldita, em 1 de março de 1982. Comigo estavam o amigo Amaury (também fundador da rádio) e Monika Venerabille (locutora do primeiro time). A exposição foi idealizada e realizada por Alessandro ALR.

Não deu para visitar com calma todo o trabalho, por isso voltarei lá. A exposição é belíssima (extremo bom gosto!) e ocupa vários espaços naquele belo prédio dos Correios, totalmente restaurado, situado no epicentro de Niterói. Claro que me emocionei quando vi o gigantesco painel com fotos dos queridos e sempre muito saudosos Alex Mariano, Samuel Wainer Filho e Carlos Lacombe. Sobre Alex e Samuca, estão lá textos meus e sobre o Lacombe, Serginho escreveu brilhantemente.

Nosso painel foi ótimo. Leve, engraçado, técnico mas não tecnocrata. Impressionante como as novas gerações tem fome de informação, de saber como as coisas aconteceram, acontecem e vão acontecer. Amaury mandou muito bem, Monikinha também e eu falei das nossas vivências lá entre 1981 e 1985.

Bem legal! Vale à pena visitar a bela exposição. Aqui, uma reprodução da matéria do jornal O Fluminense do último dia 10:


Maldita faz exposição no Espaço Cultural dos Correios

O Espaço Cultural dos Correios, no Centro de Niterói, inaugurou a exposição “Maldita 3.0, o universo da Rádio Fluminense”, em comemoração aos 33 anos da Rádio Maldita FM. Lá, os visitantes podem acompanhar um acervo com mais de 80 capas de discos das bandas que fizeram sucesso na década de 80, além de salas temáticas do universo do rock e fotos que marcaram a importância da rádio em Niterói.

No primeiro andar do espaço, amantes do rock se deparam com capas de bandas nacionais e internacionais. Fones de ouvido ficam disponíveis para quem quiser relembrar os sucessos. Além disso, monitores ficam posicionados nos dois andares disponíveis para visitação com o objetivo de orientar e explicar o que cada ambiente representa.

“Pode ter certeza que isso aqui é um ouro dado de presente para os ouvintes do rock e, principalmente, da Maldita”, disse Miriam Costa, que visitou a exposição.
Um dos responsáveis e curador da exposição, Alessandro Alr, disse que é uma realização pessoal poder fazer a exposição. A Maldita, que hoje funciona na web (www.maldita30.com), é para ele um dos instrumentos mais importantes para a propagação do rock nacional.

“Eu sou privilegiado por poder realizar esse trabalho e por poder mostrar aos amantes do rock a evolução da música. No segundo andar do salão, por exemplo, nós temos uma linha do tempo que mostra desde o início da rádio, no prédio do jornal O FLUMINENSE, até os dias de hoje. Além disso, as fotos e materiais foram cedidos por amigos, fãs e um acervo raro da história da Maldita”, disse Alessandro.

Calendário – Os visitantes também poderão participar de debates e assistir documentários que serão exibidos ao longo da exposição. De acordo com Alessandro, a ideia é reunir os maiores nomes de especialistas no assunto, além de mostrar as novas tendências do mundo da música em suas multiplataformas.
“Queremos trazer personalidades que possam acrescentar informações para quem vier aqui. As pessoas poderão assistir aos filmes, documentários, as novas plataformas da música, novas mídias, imprensa e todas as relações com o mundo da música, sem pagar nada”, revelou.

Ainda de acordo com Alessandro, a visitação não tem limite de idade e atrai tanto adultos quanto crianças. Foi o caso de três estudantes de 17 anos que estiveram na exposição e vibraram quando perceberam que tocava a banda Led Zeppelin no alto-falante.

“Eu não nasci nessa época, infelizmente, mas o bom gosto para música é de família. Vou aproveitar para trazer meu pai aqui e também outros amigos que eu sei que curtem rock”, disse um deles.

A exposição acontece de segunda a sábado, das 10h às 19h (exceto feriados).
Além disso, a Maldita 3.0 vai até o dia 11 de julho. Para mais informações, o endereço é: www.facebook.com/malditaweb.


Brasília e os brasilienses não tem nada a ver com as lambanças do poder

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A galeria dos anti-heróis que habitaram (e habitam) Brasília desde a fundação
    Juscelino
                           Jânio
    Goulart
    Castello Branco
    Costa e Silva
    Médici
    Geisel
                            Figueiredo
    Sarney
                            Collor
    Itamar
    FHC
    Lula
    Dilma
São comuns nas redes socais comentários do tipo “Brasília, uma prisão sem grades, onde os verdadeiros ladrões decidem o futuro do nosso país”, ou como disse o falecido músico Chorão “os bandidos de verdade tão em Brasília e tudo solto”.

A cada dia, a cada roubalheira que é descoberta, mais se acirra o preconceito contra Brasília e os brasilienses, o que é profundamente lamentável. Afinal, ninguém tem culpa se a loucura federal, em nome da tal “interiorização do país” autorizou um presidente a remover a capital federal da nação do Rio de Janeiro para o árido, deserto, tosco planalto central, uma operação que custou (e ainda custa) bilhões de reais. Brasília nasceu de uma sandice que começou a brotar em meados do século 19.

Inaugurada em 21 de abril de 1960 (fará 55 anos semana que vem), a nova capital obrigou (repito, obrigou!) milhares de funcionários públicos a se mudarem para lá. Família inteiras, ao longo dos anos 1960, 70 e 80, tiveram que acatar a ordem de morar no planalto central. Não conheço (pode ser que exista) famílias que tenham trocado suas cidades natais pelo novo Distrito Federal por vontade, desejo, prazer. Todo mundo foi a força.

Já estive diversas vezes em Brasília, sempre a trabalho. Não, uma vez fui passar a Semana Santa lá em casa de amigos e gostei da cidade, mas confesso que no terceiro dia já estava sentindo um certo mal estar, um inexplicável vazio, uma sensação de isolamento que todos os meus amigos que saíram do Rio e São Paulo para morar lá também perceberam no começo.

A população de Brasília (incluindo a região metropolitana) é hoje de 3 milhões 716 mil habitantes, segundo o IBGE, ou seja, repete o inchaço urbano das grandes metrópoles, miséria que habita as chamadas “cidades satélites”, vulgo periferia.

O brasiliense não é ladrão, não é safado, não é moleque. A maioria absoluta trabalha muito, estuda, corre atrás e condena roubalheiras históricas que acompanham a triste história dos poderes desde 1960.

Hoje, por causa da imundice moral e ética que volta a boiar no país, atiraram de novo em Brasília e nos brasilienses que, como nós, também estão indignados, enfurecidos e, é claro, envergonhados pois a cada passo dado por operações como a Lava Jato o nome da cidade se vincula mais ainda a corrupção.

Sou, serei e sempre fui contra a transferência da capital do país para lá. Os que protestaram na época não foram ouvidos e, com a remoção dos três poderes para longe, bem longe do grito do povo, deu no que deu.

Antes de Brasília, Executivo, Legislativo e Judiciário temiam o povo nas ruas porque era tudo logo ali, no Centro do Rio. Os jornais eram muitos, dezenas, fortes, alguns com até três edições por dia, a discussão política era acalorada e não foram poucas as vezes que deputados federais e senadores foram abordados na rua por eleitores indignados com algum fato.

Em nome da tal “interiorização do Brasil” arrancaram a capital dos chamados “braços do povo” e atiraram no meio do nada. Como consequência veio o esvaziamento político e econômico do Rio, a impunidade generalizada dos três poderes e o surgimento do crime perfeito. Ou quase perfeito.

No entanto, repito, se há culpados (é claro que eles existem) não são Brasília e muito menos os brasilienses.




Renato Russo, o trovador solitário segundo a nobreza existencial de Arthur Dapieve

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  Arthur Dapieve
O que era uma conjectura tornou-se, para mim, uma verdade quase absoluta: Renato Russo morreu de Aids, mas em decorrência direta da solidão, aguda solidão, que o torturou no início, meio e fim de sua fulminante trajetória por este planeta. Graças a um livro extraordinário chamado “O Trovador Solitário”, escrito pelo colega Arthur Dapieve, tive acesso a vida, a obra, ao caos afetivo de um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros, que teve a sua biografia escrita sob o signo da nobreza existencial rara do Dapieve, um grande jornalista, escritor, um grande sujeito.

“O Trovador Solitário” foi lançado no ano 2000, já ganhou várias edições e a que o Dapieve me presenteou, autografada, é a mais atual. Esperava um livro dark, já que a biografia do Renato (pelo menos ao pouco que eu tive acesso) que nos foi passada é dura, seca, cheia de contornos mórbidos, mas o autor conseguiu estabelecer vários pontos de equilíbrio na lamentavelmente curtíssima linha do tempo do Renato.

Fui apresentado a ele formalmente nos tempos de Rádio Fluminense FM. Troquei meia dúzia de palavras com aquele cara sério, muito sério, roupas simples e que não conversava com qualquer um. Amigos meus que conviveram com ele também o descrevem como um homem sério, triste, olhar muito atento, de poucas palavras. Daí o valor deste livro, já que o autor é a pessoa que conheço que mais se aproximou da vida real de Renato Russo.

Arthur Dapieve em nenhum momento bota panos quentes em “O Trovador Solitário”, mas o tempo todo mantém conectada a relação causa/efeito mantendo vivo o diálogo caos-Cosmos em todas as páginas do livro, passando para o leitor a certeza de que nada foi à toa na vida do criador e líder da Legião Urbana. Nada. Foi tudo caos. Foi tudo Cosmos. Foi tudo.

O livro revela, por exemplo, que a disciplina do Renato com o trabalho era radicalmente cartesiana, alemã, um perfeccionismo muitas vezes atroz. Quando ele inseriu o verso “Disciplina é liberdade”, na canção “Há Tempos”, falava de si, de seu cotidiano. O Renato que eu imaginava meio bicho solto, chegado a um improviso, simplesmente não existiu. Dapieve fala de ensaios diários de horas e mais horas de duração até que tudo ficasse como Renato exigia. Mais: ele chegava e todos os músicos (em especial os músicos convidados) tinham que ter todas as canções perfeitamente prontas para o ensaio. Uma nota fora e Renato caia de esporro.

O Renato que virava noites ao telefone com os amigos, falando de música, de discos, de livros, de angústia, de depressão, amores não correspondidos convivia com o marechal dos estúdios. Era o Renato só, completamente só, que escancarava essa solidão publicamente e cujo dia a dia chegou a mostrar em algumas canções. “Feche a porta do seu quarto/Porque se toca o telefone/Pode ser alguém/Com quem você quer falar/ Por horas e horas e horas (“Eu Sei”).

O trovador solitário soube que estava com Aids no Natal de 1990, quando internado numa clínica em Botafogo, Rio, onde decidiu fazer uma desintoxicação. Uma atitude espontânea. Lá, recebeu o resultado que estava com a doença. Lá decidiu não comentar com ninguém, fora os amigos da Legião, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá a amiga Denise Bandeira, e outros pouquíssimos. Na clínica mesmo tomou uma série de decisões, principalmente profissionais e se empenhou mais ainda na Legião e deslanchou em sua carreira-solo.

Ao longo dos seus seis últimos anos de vida, Renato Russo compôs como nunca, gravou como nunca, comprou discos (especialmente de música clássica) como nunca, se drogou e bebeu como nunca. Nas crises de desespero, solitário em casa, recorria ao telefone para falar com amigos. Tempos depois, parou com o álcool e as drogas, teve recaídas, mas o trabalho com certeza prolongou sua existência.

A viagem à Itália com a querida amiga (dele e minha) Gilda Mattoso, assessora de imprensa de Renato e da Legião. Ele pediu que ela o levasse a Itália para conhecer suas origens (família Manfredini), num tour que durou oito dias, e também para pesquisas sobre música italiana, repertório de seu álbum “Equilíbrio Distante”

Depois...bom o Renato Russo não teve depois. Ainda assim, Arthur Dapieve, muito humano, preserva o seu biografado do dramalhão, do coitadismo e empresta a ele dignidade, força, muita hombridade. Por isso, acho “O Trovador Solitário” leitura obrigatório para quem se interessa por vida.


O surfboard da Itapuca, o LSD de Allen Ginsberg e a falsa solidariedade dos canalhocratas

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Andei procurando esse texto. Bom que achei.

Eu devia ter uns 13 anos quando envolvido pelas ondas do mar da Itapuca (Niterói), onde pegava surf de peito (hoje bodyboard), decidi virar surfista profissional. Enquanto esperava boas ondas, de preferência bem altas e quebrando devagar, fazia meus planos. Faria um curso intensivo e totalmente empírico de surf com o amigo Jiló (um dos melhores do Brasil), terminaria o ensino médio e cairia dentro nos campeonatos, do Brasil e do mundo  para décadas depois aposentar a prancha e ir viver com mulher e filhos em Arembepe, Bahia.

Certo de que surfaria bem (não fazia feio encarando ondas de peito) no futuro rodaria pelo planeta em busca de ondas e de uma situação financeira que pudesse me manter na boa, sem sufoco. Não tinha idéia, naquela manhã meio fria, que um dia o surfboard se tornaria uma indústria milionária, cheia de patrocínios e grandes oportunidades, coaching, informática de ponta.

O plano ficou me martelando aquele ano. De fato eu queria ser um surfista e a única pessoa que sabia disso era meu saudoso tio Evaldo, irmão de minha mãe, com quem eu compartilhava minhas dúvidas, angústias, ansiedades de adolescente. Sentei com ele num bar em São Francisco e expus minhas idéias. Liberal, cabeça boa, democrata, tio Evaldo me deu a maior força mas garantiu que, lamentavelmente, meu plano não daria certo. Por que? Porque surfar era caro, muito caro e eu não teria condições de arranjar bons patrocinadores porque, quisesse ou não, era um principiante.

Nos dias de hoje, meu tio Evaldo seria a pessoa ideal para abrigar meu verbo, minha fala (que anda aflita) minhas angústias que andam me atormentando. Provavelmente iríamos para um bar em São Francisco onde eu me abriria e ele, jeitão super gentil, a certa altura da conversa iria dizer “chore, meu sobrinho, pode chorar...ninguém está olhando”. Ele tinha esse faro. O faro dos generosos, dos solidários, o faro das pessoas que só vivem felizes quando os outros também estão. O faro dos sonhadores que não só acreditam, mas que efetivamente dão duro para que isso aqui fique melhor, menos sonso, menos cínico, menos boçal.

Tio Evaldo não praticava o hediondo marketing do bom mocismo, da falsa solidariedade piegas e micro burguesa dos canalhocratas e mergulhava fundo em busca de soluções para os dramas dos amigos, muitos deles artistas do Tropicalismo, outros altos executivos de multinacionais, alguns boêmios bêbados. Meu tio foi a única pessoa que não se chocou ao ver debaixo de meu braço “O Uivo”, de Allen Ginsberg, me flagrando beatnik (eu queria ser beatnik, com todos os sons, absintos e drogas inclusos), que era sim um movimento anárquico e com fortes inclinações comunistas, num tempo em que a ditadura no Brasil, por achar que comunistas comiam criancinhas, torturaram e matavam os militantes nos porões. Que bobagem. A abertura política mostrou que os comunistas brasileiros são uns merdas, indolentes, larápios mamando nas tetas do poder, vendilhões medíocres, incapazes de saber o que foi “O Uivo”, o que foi “Ginsberg, o que foi meu tio Evaldo.

Voltando ao surfboard concordei com meu tio, banhado de frustração. Tanto que cancelei o curso com Jiló. Melhor não saber surfar do que aprender e não poder me dedicar 24 horas por dia. Agradeci a meu tio por mais aquela demonstração de paciência e fui embora para casa. A pé. Morava em Icaraí (bairro de Niterói), meu tio quis me dar uma carona de carro, mas eu precisava caminhar. E foi o que fiz.
Voltei a estudar. A princípio faria medicina e fui parar no Curso Miguel Couto, Centro do Rio, onde conheci grandes figuras de quem me tornei amigo. Fiz vestibular e, como era de se esperar (não me entendi com a química inorgânica e nem ela comigo) levei bomba. Fiz outro para Comunicação e passei em oitavo lugar. O futuro médico foi estudar jornalismo.

Mas toda a vez que o mar ficava grosso eu ia ver os caras surfarem. Não perdia uma ressaca. Rio, Niterói, Itaúna (Saquarema) eu vivia entre os surfistas sem saber surfar por razões que já expliquei. Na faculdade decidi que seria dono de uma revista de surf, de preferência na Califórnia e cheguei a conversar com um colega que me convidou para fazer uma revista de ciência. Até fizemos e ficou boa. Esse cara me disse que eu só conseguiria fazer uma revista de surf se dominasse completamente o inglês e a área comercial (vender anúncios). Como eu não me garantia nessas áreas, decidi virar platéia eterna do surfboard e partir para uma vida profissional viável, concreta, como, graças a Deus, consegui e consigo.

Pus essa bela foto aqui na Coluna porque é tipo do trabalho que sei fazer. Ligar câmeras, enquadrar pranchas e ondas e depois editar com uma grande trilha sonora. É o que pretendo fazer, um projeto para 2016, um grande vídeo de surf cheio de músicas maravilhosas e dedicar a meu Tio Evaldo. É a tal lei das compensações.


Como seria a nossa vida sem a internet?

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Conheci a internet na casa de meu irmão, em 1995, por aí. Fiquei bestificado quando enviei o primeiro e-mail e mais embasbacado ainda quando recebi a resposta. No ano seguinte, o mestre Darcy Ribeiro (1922-1997) disse que “depois da fala e da escrita a internet é a maior invenção do ser humano”. Verdade, grande Darcy! Pura verdade!

Hoje não sei como seria minha vida sem a Web. Não sei mesmo. Em algumas semanas chego a enviar 15 textos pela rede, mais não sei quantos giga de áudio e vídeo, sem precisar me deslocar fisicamente. Usando a rede pago contas, compro livros, discos, eletrodomésticos, ingressos para cinema, teatro, shows, uma solução já que detesto entrar em lojas, encarar filas e tudo mais.

O mais importante é que graças a Web reencontrei amigos de adolescência, criei novas amizades, enfim, a Web também colabora (e muito) para o estreitamento das relações humanas. Não tenho o menor constrangimento em afirmar que sem a internet minha vida seria bem mais complicada.

Especialistas dizem que o embrião da internet surgiu no início dos anos 1960, auge da guerra fria. No entanto, o novo e acachapante meio de comunicação só chegou ao público em 1992.

A partir de 1997, iniciou-se uma nova fase na internet brasileira. O aumento de acessos a rede e a necessidade de uma infraestrutura mais veloz e segura levaram a investimentos em novas tecnologias.

Devido a crônica falta de uma infraestrutura de fibra óptica que cobrisse todo o território nacional, primeiramente optou-se pela criação de redes locais de alta velocidade, aproveitando a estrutura de algumas regiões metropolitanas.


Atualmente, a infraestrutura continua anêmica, mas menos caótica do que há 20 anos atrás. Poderíamos estar navegando com mil vezes mais velocidade (como no Japão, Coréia do Sul,) e os smartphones também estariam voando baixo. Mesmo assim, empurrando a mula empacada morro acima, já dependemos na internet para quase tudo.

Como vai ser o filme “A Onda Maldita”

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    Cacá Duegues e Renata de Almeida Magalhães
    L.G. Bayão com Erasmo Carlos
    Tomás Portella
                     Bruno Wainer
Depois da nota que saiu ontem na coluna Gente Boa do Globo, e também na versão do site do jornal sobre o filme “A Onda Maldita”, assinada pelo Guilherme Scarpa, minha página no Facebook, mais WhatsApp, e-mail e o escambal entraram em polvorosa. Ainda bem! A Rádio Fluminense FM desperta paixões, muitas paixões. Mensagens do Rio, São Paulo e de todo o Brasil, todo mundo querendo saber do filme. Pessoas que ouviam a rádio, ou ouviram falar da rádio e a maioria que nem era nascida quando ela entrou no ar em 1 de março de 1982. Ontem foi um dia maravilhosamente alucinado para mim.

Por isso é preciso deixar bem claro como será este filme. O longa metragem não será um documentário. Quando fui procurado pela Renata de Almeida Magalhães, dona da Luz Mágica Filmes, que adquiriu os direitos de meu livro “A Onda Maldita – como nasceu a Fluminense FM” para transformar em filme, a ideia é fazer uma ficção em cima da história que contem.

Quem leu o livro em suas três edições sabe que a minha narrativa é apaixonada, na primeira pessoa e traz a minha visão (versão) sobre essa incrível rádio que mudou a vida de tanta gente. Por isso, indiquei e a Renata aprovou o L.G. Bayão como roteirista porque ele já estava trabalhando numa ideia parecida. Foi ele quem fez a adaptação do livro para o filme e há tempos estou com uma primeira versão do roteiro comigo.

Isso tudo foi em 2012. Ano retrasado tivemos uma reunião na Luz Mágica: Renata, Cacá Diegues (também dono da produtora) eu, Bayão e o diretor Tomás Portella, extremamente talentoso e totalmente afinado com o projeto. Depois, nova reunião no Bar Lagoa com o Bruno Wainer (irmão do querido e saudoso Samuca, CEO da Downtown Filmes – distribuição), Renata, Bayão e eu.

Ou seja, o filme não vai só contar a história da Rádio Fluminense FM. Vai além. Vai tratar de rock autêntico, de sonhos, paixões, delírios, tendo como eixo e alma a rádio que mexeu (e mexe) com corações e mentes em todo o país.

Com relação a produção musical, prometo não decepcionar. Sim, trabalho com base em minha memória e como amo aquela rádio não foi difícil listar 300 músicas que fizeram história na Maldita, nacionais internacionais. Dessas 300 devem ficar umas 20 no corte final, numa triagem final que estou fazendo.

Aos que perguntam se falar da rádio me cansa a resposta é: não, não me cansa. A Rádio Fluminense FM vive numa área muito nobre de minhas memórias afetivas e profissionais e falar dela, trabalhar por ela é como se a tornasse eterna, como de fato é.

E isso é maravilhoso.

P.S. - Quando fui visitar a exposição sobre a Rádio Fluminense FM no Centro Cultural dos Correios, em Niterói, semana passada, fui abordado por ouvintes que queriam tirar fotos comigo. Sou tímido pra caramba mas é claro que fotografei com eles com o maior prazer.

Toda semana, desde 1982, sou abordado por desconhecidos, ouvintes, quase ouvintes, estudantes, querendo falar da Rádio. E eu falo, com muito prazer. 

Depois dela, 1985 em diante, dirigi os primeiros passos do projeto da Globo FM, fui subeditor do Caderno B do Jornal do Brasil, trabalhei na área de marketing internacional da gravadora PolyGram (hoje Universal Music) lançando álbuns do Dire Straits, Tears For Fears, Jimi Hendrix, plano de marketing para a implantação no Brasil da gravadora Windham Hill, da Califórnia, trazida de lá pelo saudoso Carlos Celles, diretor internacional da companhia.

Dirigi mais de 70 especiais musicais na Rede Manchete onde também escrevia o programa Schock (também na Manchete), criado e dirigido por Dario Menezes e, ao mesmo tempo, escrevia o roteiro do Globo de Ouro da Globo.

Correspondente Cultural do Estadão no Rio, escrevia para o Caderno Dois sobre cultura e depois veio a fase da Cultura em Niterói, os livros, tudo o que fiz e faço.

Mas nada reverberou e reverbera mais do que a Fluminense FM, a quem sou constantemente associado com muita honra e prazer. Lá fiz grandes amigos, conheci música de qualidade e me convenci de que o Brasil ama a ousadia, a inteligência, o trabalho bem feito.







Preciso da opinião de vocês. A mídia deve parar de divulgar as ações do Estado Islâmico?

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    Profisssionais: preocupação estética
    Picapes iguais: preocupação cênica
Anteontem o colega André Luiz Azevedo, da Rede Globo, comentava no Jornal Nacional que está havendo uma discussão entre jornalistas na Europa sobre não divulgar mais as ações do Estado Islâmico e de outros grupos terroristas. Como esses bandos adoram a divulgação, o estrelato mórbido, seria uma maneira de enfraquece-los. Por outro lado, há quem veja nisso censura e que as notícias devem ser publicadas livremente para que a humanidade tome conhecimento.

Sou totalmente a favor do veto ao noticiário sobre esses facínoras baseado em um exemplo muito simples: há anos, a Europa decidiu não veicular mais imagens de brigas de torcidas de futebol, torcedores invadindo gramados, enfim aquela baderna. Não há imagens e nem citações dos narradores. Perceberam? O que aconteceu? As brigas de torcidas caíram a quase zero (mesmo porque quem briga é banido dos estádios) e ninguém sente falta daquelas cenas primitivas.

O Estado Islâmico é assustadoramente bem organizado. Usam as melhores armas, as ações são extremamente bem planejadas, ninguém consegue localizar seus líderes apesar da farta tecnologia e existe toda uma preocupação estética e cênica. As vítimas usam macacões da cor laranja, os carrascos vestem preto, as jaulas dos sequestrados são negras e estão sempre lado a lado, simetricamente colocadas.

Até os carros usados são iguais, todas picapes brancas. Para piorar, quem grava as cenas são profissionais de TV porque a luz é ótima, o enquadramento perfeito, telemetria ótima e até o roteiro é bem elaborado.

Se a mídia parar totalmente de divulgar as ações do E.I. e de outros grupos, eles vão ter 70% de seus objetivos frustrados já que o mais importante para eles é passar suas “ideias revolucionárias” para o resto da humanidade. Mais: muitos adolescentes que se sente atraídos e acabam se “alistando” sem ter acesso as notícias não serão mordidos pela sedução fatal desses grupos.


E vocês, o que acham?

Sim, não, sim, não, sim, não sim, não... necessária incoerência

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Um dia desses me chamaram de incoerente e imediatamente pensei num poste. O poste, coerente, teimoso, que quando venta tomba, ao contrário dos coqueiros que envergam, roçam no chão mas quando passa o vento a maioria permanece de pé.

O Homem só atingirá a plena maturidade quando aprender a conviver com a incoerência. Em muitas situações, incoerência é gol a favor e não contra. Cobrar coerência radical do ser humano é o mesmo que tentar convencer cobra a mugir.

Há tempos, numa farmácia, encontrei um cara que havia me dito, anos antes, que nunca usaria camisinha. Mas estava lá, escolhendo, na dúvida entre lubrificadas, perfumadas, coloridas. Disse a ele que o problema da camisinha não está em quem fabrica, mas em quem coloca. O tal conhecido veio cheio de explicações, como se tivesse cometido um crime ao praticar a incoerência, comprando camisinha depois de anos pregando que jamais iria vestir uma. Tolice.

Quando James Bond disse “nunca diga nunca mais” caminhava mais ou menos pela mesma picada. Todo mundo disse que jamais faria um monte de coisas que acabaram FAZENDO. Recentemente, percebi que sou uma das figuras mais incoerentes que conheço. E daí? Qual é o problema? Em muitas situações, incoerência talvez seja até virtude. Quem sabe? Não significa voltar atrás. 
Representa reavaliação, revisão, enfim, algo ligado ao prefixo re e não ré.

Na última semana do inverno do ano passado (estação que mais gosto) achei que estava assando o saco da humanidade. Andava meio tórrido, meio lancinante e áspero. Fiz vítimas preciosas e, numa segunda-feira, chuvosa e fria, comecei a trabalhar as 7 da manhã e só parei as 2 da madrugada. Dormi, acordei e fiquei na toca. Em seguida cometi outra incoerência: fui ao supermercado fazer compras. Eu que já tinha jurado que nunca mais pisaria naquela masmorra de soja, fubá e cebola, mas estava lá, carrinho na fila do caixa 5.

Apesar de tudo notamos que o povo, mesmo incoerente, cobra coerência. Exemplo: certa vez peguei um táxi, um Santana. O taxista disse, logo que entrei, que estava louco para trocar de carro, que estava achando aquele uma porcaria. Elogiei o conforto, a economia, resistência do bravo Santana. No final da corrida, o taxista não só havia desistido detonar o carro como começou a fazer declarações de amor ao Santana. E finalizou: “hoje estou de cabeça quente”. Incoerência? Sim, mas qual é o problema? O que ele não sabe é que minutos depois de descer do táxi eu refleti constatei que Santana era um péssimo carro. Era porque deixou de ser feito em 2005. Bancos duros, suspensão dura, espaço interno pífio, projeto arcaico e,vejam vocês, eu elogiei.

Na área afetiva as patrulhinas e suas sirenes fazem ronda, marcam em cima. O que mais se ouve é “mas você não disse que o sujeito era um animal, minha filha? Como é que voltou para ele?” Não existe oceano de incoerências mais profundo do que o coração, essa coisa linda que carregamos na carcaça que é um verdadeiro porrete na face estranha e esverdeada da lógica. É o tal ditado: penso, logo pisso, ou penso. Aí alguém diz que não devemos satisfações a ninguém. Mentira. A incoerência, por mais sutil que seja, provoca um mal estar pois, queiramos ou não, vivemos numa tribo. E a tribo cobra satisfações que, mesmo inconscientemente, nos sentimos na obrigação de dar.

Alceu Valença gravou um clássico da música brasileira lá atrás, em 1977, chamado “Agalopado” onde logo na abertura escancara: “pois eu sou o porta-voz da incoerência”. Alceu é sensacional e desde que ouvi essa canção pela primeira vez achei incrível a coragem dessa confissão.

Será que a dinâmica existencial passa pela incoerência? Caso contrário como é ser dinâmico e coerente ao mesmo tempo? A coerência seria, em muitos casos, sinônimo de petrificação, de estagnação, de atraso de vida? Picasso era coerente? Não! Jimi Hendrix era coerente? Não! Einstein, Da Vinci, Vinicius de Moraes, Sartre, Mané Garrincha? Não! A incoerência, a incômoda e perturbadora incoerência foi a mais fiel escudeira desses gênios.

Não é pecado ir e depois dizer que vai voltar. Não é pecado voltar para quem juramos nunca mais ver pintada. Não é pecado desfazer e refazer. Não é pecado praticar, lucidamente ou não, esse bicho estranho e maravilhoso chamado incoerência. Por mais coerente que esse finado texto possa ter parecido.


Originalmente publicado em meu livro “Torpedos de Itaipu”. Editora Artware, 1995, do amigo Alberto Magalhães, o Magá.

Na galeria de hoje, Jimi Hendrix

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                                   Monterey Pop Gestival, 1967
É a segunda vez que publico uma sessão de fotos variadas que busquei na internet, formando uma especie de galeria virtual. A primeira, semanas atrás, foi com Janis Joplin. Hoje, o convidado é Jimi Hendrix.
Por que? Não sei. Saudade do cara. Tenho pensado muito nele ultimamente, passei a semana ouvindo vários discos, enfim, felizmente não há explicação para o que sinto.
                               Hendrix era beatlemaníaco radical. Paul McCartney gosta                           de contar que o lendário álbum Sgt Pepper´s Lonely Hearts Club Band foi lançado numa sexta-feira. Domingo, os quatro Beatles foram assistir Hendrix no teatro Saville, em Londrese Hendrix tocou a faixa título do disco (video acima).                                                              
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                    Com Joan Baez, Los Angeles
Com as "Mamas" dos "The Papas" em San Francisco
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Equipamento básico usado em Woodstock
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Londres
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    Últimas fotos, um dia antes de morrer (1) - Londres
    Últimas fotos (2)- Londres
Últimas fotos (3) - Londres
Hoje não é aniversário de nascimento, nem de morte. Não é nenhuma data especial para Jimi Hendrix, mas como disse lá em cima senti saudade dele ao longo dos últimos dias.
Para quem não sabe (e todo mundo tem o direito de não saber), James Marshall Hendrix nasceu em Seattle (EUA) em 27 de novembro de 1942 e morreu em  Londres em 18 de setembro de 1979. Tinha 27 anos.
Passou a adolescência como um garoto pobre de Seattle, praticando pequenos roubos em lojas mas sempre com a intenção de perturbar a ordem. Foi para o exército, serviu como paraquedista e saiu antes do apogeu da guerra do Vietnã.
Seu pai, Al Hendrix, deu de presente a sua primeira guitarra. Jimi aprendeu a tocar sozinho e saiu de casa aos 19 anos. Não voltou mais. Tocou em botequins, bordeis, pensões, estalagens. Passou fome, mas nunca perdeu o bom humor, a disposição e a esperança. Em 1965 entrou para a banda de Little Richard, onde levou um calote. Trabalhou 12 semanas e não recebeu nada. Foi embora, voltou para os bares, de cidade em cidade, até começar a ganhar uns trocados no "Cafe Whah?" de Nova Iorque, em 1966.
Seu genialidade começou a ganhar fama e o baixista do inglês The Animals, Chas Chandler, foi vê-lo no Cafe. Impressionado convidou Hendrix para se mudar para Londres. O músico topou e entrou num avião com a roupa do corpo. Em Londres, morou num hotel e Chas Chandler começou a procurar músicos para companharem Jimi, que ansiava por uma carreira solo. Não aguentava mais tocar "lá atrás". Testou mais de 50 músicos até selecionar os londrinos Noel Redding (baixo) e Mitch Mitchell (bateria) e formar o Experience.
Jimi Hendrix estourou na Inglaterra e em toda a Europa. Entre seus fãs estava Paul McCartney que ligou para John  Philips do The Mamas & The Papas e produtor do festival de Monterey, sugerindo o nome de Hendrix para participar do festival, em 1967. Hendrix tocou e virou estrela.
 Uma estrela cheia de prestígio e sem dinheiro. Apesar de Chas Chandler se virar (foi um grande amigo de Jimi) um contrato que o músico assinara lá atrás (1965) meio bêbado num balcão de bar o tornou escravo de um sujeito que era juridicamente dono de toda a sua obra.
Ainda assim, conseguiu construir seu sonho. O estúdio Electric Lady que fica na 52 West 8th Street, em Greenwich Village, Nova Iorque. O estúdio é um dos melhores da cidade e continua muito ativo.
Jimi mal chegou a usá-lo. Ao contrário do que muita gente pensa ele não usava heroína. Gostava de LSD e um pouco de bebiba, mas morreu em decorrência de traquilizantes que o fizeram vomitar dormindo. 
É isso aí. Valeu, Jimi!



Reencontrando 1982. A Cultura consegue fazer essa mágica

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The Song is Over 


(Pete Townshend)

The song is over/It's all behind me/I should have known it/She tried to find me/Our love is over/They're all ahead now/I've got to learn it/I've got to sing out/chorus:I'll sing my song to the wide open spaces/I'll sing my heart out to the infinite sea/I'll sing my visions to the sky high mountains/I'll sing my song to the free, to the free/I'll sing my song to the wide open spaces/I'll sing my heart out to the infinite sea/I'll sing my visions to the sky high mountains/I'll sing my song to the free, to the free/When I walked in through the door/Thought it was me I was looking for/She was the first song I ever sang/But it stopped as soon as it began/Our love is over/It's all behind me/They're all ahead now/Can't hope to find me (chorus)/This song is over/I'm left with only tears/I must remember/Even if it takes a million years/The song is over/The song is over/Searchin' for a note, pure and easy/Playing so free, like a breath rippling by/                                       












   Com Alex Mariano 






    Alex Mariano
Tenho surfado ondas gigantes. Gigantes. Mas não chio porque fazem parte da alternância da vida, do caos, do Cosmos, do caos que fez-se Cosmos. 

A dor? Vem, vai, volta, parte, ronda essa montanha russa ensandecida chamada afeto em dias de tempestades, maremotos que exibem o barco à deriva, sem motor; e tudo pode acontecer com um barco à deriva, sem motor, no meio de um maremoto.

O Homem e seus Símbolos – Carl Gustav Jung, de quem já gostei. No passado.

Ontem, um amigo desde a adolescência, o Marcio, me chamou para irmos a exposição Maldita 3.0 sobre a Rádio Fluminense FM, no Espaço Cultural dos Correios, em Niterói. Eu já tinha estado lá há dias e até escrevi aqui a respeito, mas não tinha visto nem um quinto da exposição.

Voltei e mergulhei em 1982, 83, 84, 85. De cabeça, queda livre, com prazer. Vendo as fotos, os vídeos, os áudios, e, o mais importante, os meus amigos que formavam aquele incrível micro-exército de pessoas honradas, ousadas e apaixonadas que fizeram uma revolução na história do rádio. Estão todos lá.

De novo, não deu tempo de ver tudo e retornarei em breve, mas é claro que me emocionei vendo fotos históricas de meus amigos, em especial do Alex Mariano Franco, Samuel Wainer Filho e Carlos Lacombe que nos deixaram precocemente. Por isso entendi o que fez a amiga Claudia Cid se debulhar em lágrimas ontem, quando foi lá na exposição, como ela contou no Facebook. Não chorei porque ando nublado.

Os filhos de todos os amigos precisam ir lá conhecer esse planeta que seus pais construíram em plena ditadura militar (em 1982 a abertura ainda estava sendo desenhada) e porque eles entraram para a história e agora se tornaram mitos.

Agradeço publicamente ao criador curador da exposição, Alessandro ALR, por ter conseguido ir lá no fundo e colher no inconsciente coletivo tanta energia, tanta disposição, tanto amor de todos nós que, um dia, sonhamos em fazer uma boa rádio e, quis o destino (e, modéstia a parte, o nosso talento também) que se tornasse a melhor do Brasil nos anos 1980.

E isso não é pouco.

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