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Carta aberta ao Governador do Estado do Rio de Janeiro

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Senhor Governador,

Sou um cidadão comum que na tarde desta terça-feira foi ao enterro de um grande, profundo amigo desde os tempos de adolescência. Um jornalista, radialista, fotógrafo, cineasta e empresário chamado Alex Mariano Franco, de 59 anos.

No final da tarde de segunda-feira, enquanto o senhor escrevia o regulamento de como Vossa Senhoria vai utilizar os helicópteros adquiridos e mantidos com o nosso dinheiro, Alex Mariano Franco era assassinado no Centro de Niterói.

Senhor Governador, não sei há quanto tempo o senhor não vem a Niterói, uma cidade abandonada pelo Governo do Estado que o senhor representa. Daqui o senhor arranca policiais da PM para colocar em suas UPPs na capital. Para cá vem, diariamente, dezenas, centenas de bandidos expulsos do seu Rio pelas mesmas UPPs.

Como todos nós, Alex Mariano Franco, pai de família morto com um tiro na nuca pouco depois das 5 horas da tarde de segunda-feira na movimenta da rua Visconde de Sepetiba, Centro de Niterói, pagava impostos altíssimos, em especial o seu ICMS, Governador.

Em troca? Uma bala na cabeça disparada por um bandido que, acompanhado de outros dois (sim, Governador, eram três facínoras contra um homem trabalhador) mataram este honrado e querido cidadão na calçada e saíram andando, certos de sua impunidade. Apesar até dos jornais saberem que os crápulas vivem na favela do Sabão, perto da subida da ponte. O senhor, com certeza, nunca ouviu falar de favela alguma já que rebatizou-as de "comunidade".

Governador, eu não o conheço. Nunca votei no senhor, mas graças a tudo o que está acontecendo (?) decidi só votar nulo de agora m diante. Já fui a duas entrevistas coletivas suas e me calei porque, francamente, não costumo fazer perguntas de onde não saem respostas sinceras, honestas. O Alex Mariano também não o conhecia pessoalmente mas me disse, várias vezes, que como eu não gosta e não confia no senhor.

Governador, esta carta aberta é só para solicitar a Vossa Senhoria que num dia de bom humor pergunte a alguém do seu séquito o que é e onde fica a cidade de Niterói. Mais: pergunte a seus baba-ovos de plantão quem somos nós, niteroienses. Se der, por gentileza, pergunte quantos PMs atendem aos quase 500 mil habitantes da cidade. São no máximo 700, Governador. Apenas 700. Por que? Porque centenas deles estão a seu serviço das suas UPPs.

Governador, não vou me alongar porque, ao contrário de Vossa Senhoria, tenho mais o que fazer. Em 1959, Niterói tacou fogo na estação das barcas por causa dos péssimos serviços. Niteroiense, descendente de um índio bravo chamado Araribóia, tem pavio curto. E na terça à tarde, Governador, eu vi os ânimos quentes, muito quentes no enterro do nosso (desculpe, nosso da cidade, não do senhor) Alex Mariano Franco, um batalhador, pai de três filhos que a leniência das (des) autoridades sepultou. Sem dó. Sem piedade.

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