Texto restaurado e reeditado
Joni Mitchell, grande mulher de 70 anos, é uma de minhas cantoras e compositoras prediletas. Joga no time de Joan Baez e foi musa dos festivais de Woodstock (1969) e Ilha de Wight (1970). Um dia desses resolvi rever pela zilionésima vez o documentário sobre Woodstock, que saiu no Brasil em DVD.
São três horas de verdade. Não de tolo delírio. Woodstock existiu mesmo. Três dias de paz, amor e música de fato. Está lá no DVD, tudo documentado. Um filme que gera uma espécie de saudade do amanhã. Aquele happening existencial, cultural, político, não está datado nos calendários, mas em nossos corações e mentes.
Bom, Joni Mitchell compôs uma canção chamada “Woodstock” que encerra magistralmente o filme na voz de Crosby, Stills and Nash. Tanto a gravação da Joni (canta sozinha tocando piano), como a do C,S & N estão disponíveis na internet. Vale à pena baixar a música. A letra de Joni:
Encontrei um anjo/ Ele andava ao longo da estrada e eu perguntei: - Para onde você está indo? /- Estou descendo para fazenda dos Yasgur. Estou indo me juntar a uma banda de rock and roll.
- Estou indo acampar na terra . Estou indo deixar minha alma livre. Nós somos pó de estrelas.
- Nós somos valiosos como ouro. E nos encontramos no jardim./ Então eu posso caminhar ao seu lado
Eu vim até aqui para descortinar a fumaça suja/ E me senti transformada em algo mutante/
Bem, talvez fosse somente uma fase/ Ou talvez seja o tempo real da humanidade/ Eu não sei quem sou/ Mas sei que a vida nos ensina/ Nós somos pó de estrelas/ Nós somos valiosos como ouro/ E precisamos nos encontrar / De volta ao jardim/ Através do tempo nós fomos à Woodstock/ Nós éramos meio milhão de fortalecidos/ E em todo lugar havia canções e celebração/ No meu sonho eu vi bombardeios/ Rasgando o céu com tiros/ E eles se transformaram em borboletas /Sobre nossa nação.
Nós somos pó de estrelas/ Um bilhão de anos de velho carbono (pré-históricos)/ Nós somos valiosos como ouro/ Ficamos na mão do diabo (maldade)/ E precisamos nos encontrar/ De volta para o Jardim.
- Estou indo acampar na terra . Estou indo deixar minha alma livre. Nós somos pó de estrelas.
- Nós somos valiosos como ouro. E nos encontramos no jardim./ Então eu posso caminhar ao seu lado
Eu vim até aqui para descortinar a fumaça suja/ E me senti transformada em algo mutante/
Bem, talvez fosse somente uma fase/ Ou talvez seja o tempo real da humanidade/ Eu não sei quem sou/ Mas sei que a vida nos ensina/ Nós somos pó de estrelas/ Nós somos valiosos como ouro/ E precisamos nos encontrar / De volta ao jardim/ Através do tempo nós fomos à Woodstock/ Nós éramos meio milhão de fortalecidos/ E em todo lugar havia canções e celebração/ No meu sonho eu vi bombardeios/ Rasgando o céu com tiros/ E eles se transformaram em borboletas /Sobre nossa nação.
Nós somos pó de estrelas/ Um bilhão de anos de velho carbono (pré-históricos)/ Nós somos valiosos como ouro/ Ficamos na mão do diabo (maldade)/ E precisamos nos encontrar/ De volta para o Jardim.
Essa canção não tem validade. Essa canção é Woodstock, uma pequena (?) prova de que seres humanos podem conviver em harmonia pelo menos por três dias. Claro, o hoje está aí, com Afeganistão, Iraque, América, mas eu me recuso a chamar Woodstock de sonho. Para mim foi uma decisão coletiva, uma bola de neve, uma lição que procuro alimentar a cada dia. Em 1969 os Estados Unidos estavam atolados no Vietnã. Matando. Morrendo. Em 1969 o homem pisou na lua pela primeira vez. Em 1969 Stanley Kubrick explodiu o Cinema ao lançar “2001 uma Odisséia no Espaço”. Enfim, 1969 parece um marco, um arquétipo, um delírio, mas foi muito mais do que isso.
Pegue o DVD e veja. Veja o que foi e é real. Dispense o banho de sangue televisivo cotidiano por três horas e acredite num movimento divino que rege a nossa paz e sossego.
Veja Joni Mitchell, em 1970: