A matemática e tão ou mais cruel do que a guilhotina. Um mais um é igual a dois, ou 1 + 1 = 2, uma conclusão mais dura, seca e fria do que a lâmina do carrasco que desce a 9,8 m/por segundo.
Ao contrário de São Paulo, os prefeitos do Rio e Niterói não querem admitir que a Covid-19 está totalmente fora de controle. Há dias, Crivella tentou iludir as massas mudando o método de contagem, algo como tornar um verão mais fresco cuspindo nos termômetros.
Diante da gritaria geral, o amarra cachorro de Macedo, o bispo, teve que botar o pescoço para fora e deixar a guilhotina descer. A cidade de Crivella acumula 33.695 de doentes. Por mais que espume, xingue, chute pimenteiras, a verdade fria da matemática enfia na cabeça: 3 3. 6 9 5.
Niterói lembra um pau de enchente, aquele que desce o aguaceiro como um ébrio, batendo numa margem, na outra, afundando, voltando à tona. Apesar do gigantesco esforço da prefeitura de Niterói que gasta milhões em várias ações, infelizmente a guilhotina está lá: 3.447 casos.
Apesar da tragédia que a matemática, fria, confirma, o prefeito Rodrigo Neves rasgou a modéstia. Ontem ele disse que “nenhuma sociedade democrática conseguiu fazer um isolamento social por 60 dias, como fizemos. Com todo o respeito, Niterói foi a única cidade que levou totalmente a sério o isolamento social.”
Sim, prefeito, com todo o respeito, pode ser, mas qual foi o resultado concreto? É apenas uma pergunta, não um xingamento. Nem os políticos são onipotentes a ponto de reconhecerem a derrota de algumas batalhas para um vírus que é dos mais perversos da história do mundo. O premier da Suécia lamentou, da Espanha também, da Itália idem, sabe por que? Porque o vírus não foi criado por eles e nem pelo senhor.
Me parece que o prefeito Bruno Covas, de São Paulo, optou pela realidade, reconhece o poder da guilhotina e da matemática. Acabou de dizer na TV que se os números na cidade derem um reboot, ele volta a fechar tudo porque está preocupado com a situação. Humilde, não se incomoda em dizer que o seu plano não deu certo, que é melhor voltar atrás, rever. Aquela autocrítica que faltou ao PT na Lava Jato.
Contra Rodrigo Neves, Crivella e Covas há um trem vindo em sentindo contrário: a eleição municipal de outubro. Crivella e Covas vão concorrer a reeleição, Neves indicou um candidato.
Os eleitores, sensatos protagonistas da democracia, calejados, PhDs em decepções, vão votar na verdade porque não suportam mais rabo de arraia, chicana, dissimulação, falta de respeito. São a maioria silenciosa, que Nixox e Mussolini negaram mas acabaram connhecendo muito bem. Nixon, expulso da Casa Branca, Mussolini linchado e pendurado num poste de cabeça para baixo.
A verdade que exige a maioria silenciosa vai ser a grande vitoriosa da eleição de outubro.