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Acessos a esta coluna caem 70%

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Prólogo:

O número de acessos a esta Coluna desabou nas últimas semanas, coisa de 70%, segundo a necessária frieza dos números.
Mudei a abordagem e muitos leitores bateram asas. Faz sentido.
Passei a praticar textos abstratos do gênero “eu não entendi nada, por isso parei de ler”, mas nada posso fazer.

Nada posso fazer quando dou sinal verde as mudanças e elas assumem as letras que digito que, de fato, levam a mensagens inconscientes. Mas jamais inconsistentes.

Desejo boa viagem aos 70% que desembarcaram e muito conforto e prazer para quem fica e, também, para quem vai chegar.

Será que vai chegar mais alguém?

                                               @@@@

Perda de tempo é luxúria. No mal sentido. Perda de tempo é cremar vida no incinerador e ver da chaminé a fumaça branca rumar para o mar. Contrariada.

A dor não merece sequer uma quitinete no nosso passado. Dor é dor, que asse no infinito. A perda de tempo, como a dor, fere a constituição existencial de cada um e de outras vítimas que vivem entorno. Entorno de nós e em torno da perda do nosso tempo. Mas nossa perda de tempo é unicista e intransferível, logo, perde tempo no entorno de nossa perda de tempo quem quer.

“Levanta e morre!”, ordena a coragem diante do suor frio, boca seca, rosto pálido, lábios colados do covarde. O covarde sabe que não há outra saída. É levantar e morrer. De tanto viver. Mas finge que não é bem assim, que há uma alternativa pelo acostamento, quem sabe por cima da grama. Esquece o covarde que a vida não é teatro e nem cinema, não tem ensaio, não tem coxia, não tem camarim , muito menos maquiagem. Levanta e anda!

A perda de tempo é crime inafiançável; prisão perpétua. Pijama listrado, naftalina, barba por fazer, melancolia. Não é assim!, grita a vida; não é assim!, grita a morte. Levanta e morre! Levanta e corre! Levanta!
                                     @@@@
Caetano Veloso:

O sol nas bancas de revista/Me enche de alegria e preguiça/Quem lê tanta notícia/Eu vou/Por entre fotos e nomes/Os olhos cheios de cores/O peito cheio de amores Vãos/ Eu vou/Por que não, por que não.

                                      @@@@
Albert Camus:

"Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.

A idade madura é aquela na qual ainda se é jovem, porém com muito mais esforço.

O que mais me atormenta em relação às tolices de minha juventude, não é havê-las cometido...é sim não poder voltar a cometê-las.

Envelhecer é passar da paixão para a compaixão.

Muitas pessoas não chegam aos oitenta porque perdem muito tempo tentando ficar nos quarenta.

Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta reina a razão, aos quarenta o juízo.

O que não é belo aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta, nem sábio aos cinquenta, nunca será nem belo, nem forte, nem rico, nem sábio...

Quando se passa dos sessenta, são poucas as coisas que nos parecem absurdas.

Os jovens pensam que os velhos são bobos; os velhos sabem que os jovens o são.

A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruía quando se era menino.

Nada passa mais depressa que os anos.

Quando era jovem dizia:

“verás quando tiver cinqüenta anos”.

Tenho cinqüenta anos e não estou vendo nada.

Nos olhos dos jovens arde a chama, nos olhos dos velhos brilha a luz.

A iniciativa da juventude vale tanto a experiência dos velhos.

Sempre há um menino em todos os homens.

A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente.

Os jovens andam em grupo, os adultos em pares e os velhos andam sós.

Feliz é quem foi jovem em sua juventude e feliz é quem foi sábio em sua velhice.

Todos desejamos chegar à velhice e todos negamos que tenhamos chegado.

Não entendo isso dos anos: que, todavia, é bom vivê-los, mas não tê-los."

                                      @@@@

A inquietude da falta de tempo incendeia fronteiras. Impossível viver o tempo que nos resta em Nazaré, Santa Mônica, Cornualha, Miami Beach. O tempo que nos resta vai findar. Breve.

Nazaré, Santa Mônica, Cornualha, Miami Beach não permitem validades vencidas, mesmo com pijama lustrado, atenolol e a naftalina das previdências sociais.

O prazer só reconhece viço, exuberância, tesão. O prazer só acata o “levanta e vive!”. O prazer não suporta cansaço, barba branca, saudade do último trem.

Que já se ouve a distância.






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