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Jimi Hendrix, 47 anos depois

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Segunda-feira última, dia 18, 47 anos da morte de Jimi Hendrix, o maior e mais genial guitarrista de todos os tempos. Não deixou uma lacuna. Hendrix deixou um rombo, um vácuo descomunal, até hoje não preenchido por ninguém.

Pelo mundo milhares de seguidores autodidadas como ele, que tocam guitarra de forma ágil, criativa, desafinando e afinando no meio de um solo, ou de uma introdução (quer coisa mais humana e genial do que isso?) e que se danem as cuequinhas passadas a ferro, lençóis de seda, camarins com jasmim. Ele não tem nada a ver com guitarra bronha, perfeitinha, toda calculadinha, velozinha, bem feitinha, bem desenhadinha, com afinadorzinho digital. Hendrix não tolerava diminutivos. Nem ele, nem, Frak Zappa, nem Duanne Allman, nem Jack White, nem Jimmy Page, nem Eric Clapton, nem Jeff Beck, nem todos gigantes. O homem é imperfeito. A guitarra saturada é o espelho das imperfeições do homem. Logo, que papo é esse de doutorado em universidade para esmerilhar uma Les Paul, uma Strato? Qual é, Ingwies Malmsteens?

Ouçam essa versão de “Hey Joe” no Miami Pop Festival, quando o monstro afina a guitarra (altíssimo volume, como ele gostava), em plena introdução. No apoio dois outros saudosos monumentos, Noel Redding (1945-2003) no baixo e Mitch Mitchell (1947-2008) na bateria. Por favor, aumentem o som:


Hendrix era perfeccionista sim. Chegava a gravar 30 vezes a mesma música e nunca ficou satisfeito. Produtores e engenheiros tinham estafa. Eddie Krammer, o engenheiro de som que melhor gravou seu som, desmaiou varias vezes sobre a mesa de som. Mais: Jimi exigia um produtor porque, com razão, dizia que “só um cara muito egocentrado consegue gravar e saber/ouvir o que está gravando ao mesmo tempo. Eu preciso de um produtor que funcione como grilo falante, que opine, que diga por onde devo ir. Assim, me sinto mais livre.”

Ele não gostava de polêmicas e irritava os politicóides quando dizia que não acreditava em esquerda e direita e sim em homens de bem. Também chutava os racistas que cobravam dele uma atitude “em prol da negritude”. Ele afirmava que “não acredito em negros, brancos e pardos, acredito em gente que presta”. Em 1968 andando na rua em Nova Iorque foi abordado por um militante do grupo radical “Panteras Negras” que distribuía um jornalzinho.

Jimi pegou jornal e seguiu em frente. O cara foi atrás, pediu um tempo e disse que os Panteras estavam precisando de dinheiro e queria muito que Hendrix fizesse um show para arrecadar fundos. Jimi disse “faço sim, desde que na divulgação não apareça nada dizendo que o show será para os Panteras Negras. Não quero me associar a nada, absolutamente nada, que não seja a música. E assim foi feito. O show rolou, mas no material de divulgação nada foi dito.

Sempre há muito o que falar desses gênio que conheceu o sucesso em 1967, quando tinha 24 anos, e morreu em 1970 com apenas três discos de estúdio gravados. Mas o que ele fez de show, pouca gente conseguiu e consegue. Foram milhares que ao longo desses 47 anos vem alimentando o mercado de discos com o seu som do futuro. Jimi está mil anos a frente.


No mínimo.

The Who enlouquece o Rock in Rio

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Primeira página hoje, domingo, 24 de setembro

                                     Daltrey e Townshend em noite iluminada                                                                       
Zak Starkey e o padrinho Keith Moon

Aos 52 anos de idade a mais importante banda veterana da história do rock em atividade, a inglesa The Who, fez um dos mais espetaculares shows de sua rica biografia no Rock in Rio na noite de ontem, onde 100 mil pessoas (a maioria não conhecia o grupo) acabaram se rendendo a fúria juvenil do líder e guitarrista Pete Townshend (72 nos), do vocalista Roger Daltrey (73 anos) e do baterista herói Zak Starkey (52 anos).

The Who tocou em todos os festivais fundamentais da história do rock: Monterey Pop (1967), Woodstock (1969), Isle of Wight (1970), Live Aid (1985) e muitos outros. Continua tocando sem parar em grandes arenas. Mas chegar num país onde jamais pisou e encarar 100 mil pessoas, das quais, seguramente, 70% não o conheciam foi um grande desafio. Desafio vencido com colossais doses de talento, coragem, volume lancinante da guitarra de Townshend, enfim, um trem bala que enlouqueceu a plateia logo na primeira música, o clássico “I Can’t Explain”. Uma plateia com 50% de mulheres, publico historicamente avesso ao Who.

As pessoas não conhecem The Who porque não tinham e nem tem como. O grupo só teve metade de uma música tocando nas chamadas rádios de sucesso do país, até a chegada da Fluminense FM, em 1982. "Behind Blue Eyes" foi programada por algumas emissoras que ceifavam a parte quando ela acelera. As emissoras tinham ódio de rock e lembro de um colega locutor de ponta numa FM líder nos anos 70 ter sido punido com uma advertência formal e ameaça de demissão por ter tocado "See Me Feel Me", do The Who, em seu horário. Na Fluminense FM The Who tocava normalmente em sua programação e ajudou muito a difundir a banda por aqui. Entre as emissoras alternativas, a grande Rádio Federal AM, que viveu entre 1971 e 1972, tocou muito Who. Atualmente, as FMs do Rio desprezam The Who, preferindo tocar "esculacho music" ou futilidades sonoras. Mas como a decadente FM está no fim de sua vida (está sendo engolida pelas rádios na internet) isso pouco importa. No Brasil há excelentes emissoras online que tocam The Who, especializadas ou não, como a Rádio Cult, Oceânica FM, Rock FM, Vitrola.Net e outras, que apesar de terem FM no nome estão apenas na Web.

Pete Townshend disse, recentemente, que “minhas letras, o som rascante do Who, o alto volume, acabam atraindo mais homens para os concertos. Em geral as primeiras filas são tomadas por homens e aqui e ali há uma ou outra mulher”. Mais um tabu quebrado no Rock in Rio, quando as mulheres acabaram gritando e cantando mesmo sem saber direito, surpreendendo a banda. A maioria das mulheres na faixa de 20 a 30 anos. “I can’t explain”, diria Townshend. Eu, muito menos.

Antes de mais nada, vamos ao setlist da banda na noite de ontem, quando tocou quase duas horas:


Desde o início, The Who toca em volume altíssimo e por isso entrou para o Guiness, o livro dos recordes. Em alguns shows o som quase se equiparava a de um Boeing 777 decolando, como foi o caso de um show em Toonto, no Canadá, em 1977 quando mais uma vez Pete, Roger e John(Entwistle) romperam os tímpanos e foram parar no hospital. Aliás, Pete Townshend sofre com graves problemas no sistema auditivo e já passou por várias cirurgias. Ele usa quatro aparelhos para surdez, dois em cada ouvido. Roger Daltrey, idem. Os saudosos Keith Moon e John Entwistle também estavam surdos. No Rock in Rio, mesmo a mais de 100 metros do palco, muita gente tentou tampar os ouvidos e alguns, experientes em se tratando da banda, levaram protetores de ouvidos para lá. Townshend explica que “o alto volume é parte do nosso processo criativo. O alto volume provoca ondas sonoras diferentes, provoca feedbacks riquíssimos”.

O monumental baterista Zak Starkey tem uma história bem interessante. Filho de Ringo Starr, ele foi afilhado de Keith Moon, o maior baterista de rock de todos os tempos, morto em 1978, aos 31 anos. Quando Zak fez 11 anos, Moon deu a ele uma bateria. O garoto começou a tocar, ensaiar, evoluiu e no ano 2000 foi chamado para tocar no Who. O que notei ontem foi que Zak aprendeu tão bem a lição do mestre Moon que está chegando muito perto dele com o seu jeito implacável e livre de tocar. Pete Townshend disse que “acho tanto Moon como Zak gênios, cada um no seu estilo”. Quem viu o show ontem (de preferência lá no Rock in Rio), pode confirmar o extraordinário talento do músico, que faz parte do grupo que não teme ousar, não gosta de “bateria econômica” e muito menos de vassourinhas.

Na segunda guitarra está Simon Townshend, irmão 15 anos mais novo de Pete. Nos anos 80 ele tentou carreira solo gravando alguns discos, mas só se firmou em 2006 quando foi convidado para produzir o álbum “Endless Wire”, último álbum de inéditas da banda e começou a tocar no Who.

Pete Townshend postou quarta-feira o Facebook que pretende entrar num período sabático para criar “algo realmente novo, revolucionário, que eu não sei bem o que é ainda.” No entanto, em sua mensagem, não fica claro se The Who vai parar ou vai prosseguir em sua turnê mundial que já dura alguns anos. Quem sabe, voltar ao Brasil em 2018. O importante é que o Rio e o Brasil, pela TV, ficaram conhecendo a fúria criativa e genial do The Who, o que repercutiu imediatamente nas redes sociais onde a banda virou assunto da noite de ontem.

Sei que muita gente está arrependida de não ter ido assistir no Rock in Rio, alegando, com razão, o desconforto da operação gigante que significa ir ao festival. De fato é extremamente cansativo, mas, para mim e outras milhares de pessoas, valeu a pena. Claro, ver pela TV também tem suas vantagens mas o som que como raios e trovoes invade as nossas almas e nos leva a um estado emocional absolutamente inexplicável, só ao vivo.

Valeu!

P.S. - Agradecimento comovido a essas pessoas muito especiais que compartilharam este momento único comigo: meu irmão Fernando Mello, meu amigo-irmão André Valle e a amiga eterna e muito querida Liliane Yusin.


A vingança do bastardo

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                                                 Capa da primeira edição
Saudade de livro é sempre boa. Por isso tenho procurado, inutilmente, em minha estante (onde tudo é uma enorme desordem alfabética) uma edição relativamente recente do melhor, absurdo, esculachado, politicamente incorreto e saudável livro dos anos 80. O clássico “A Vingança do Bastardo”, escrito pelo espírito de uma talEleonora V. Vorskyque baixou sobre o Alexandre Machado, escritor, roteirista e, na época, louco.

Na apresentação do livro, uma auto referência debochando da crítica:  "terrível, escatológico, nojento, nauseabundo, emocionante, divertidíssimo, acachapante, lírico, poético, medonho, esporrante de rir, abominável, cáustico, polêmico, essencial, virulento, dramático, meio mais ou menos, magnífico, detestável, erótico, perturbador, ingênuo, niilista, grandiloqüente, bacaninha, porreta, desavergonhado, pai d'égua, supercalifragilisticespialidoso!"

Texto de contracapa:

Ingredientes:

Os personagens da aventura:

- Levi: Herói ou covarde? Homem ou mulherzinha? Casado, solteiro ou tico-tico no fubá?

- Prima Roshana: Sua sede de sexo só era comparável à sua vontade de dar.

- Bel, a sereia: A beleza de seu corpo deixava os seres do fundo do mar todos molhadinhos.

- A jeba de Kowalsky: Para alguns, um monstruoso erro da natureza; para outros, uma dádiva dos céus.

As resenhas mais comportadinhas descrevem:

Publicada originalmente entre 1984 1987 no tablóide mensal “O Planeta Diário”, a obra foi editada em livro duas vezes.A “Vingança do Bastardo”conta as desventuras de Levy, o narrador, que é envolvido involuntariamente numa tempestuosa sequencia de eventos ao redor do mundo na companhia de sua prima Roshana, ninfomaníaca, zoófila, pedófila e espiã sedenta de sexo com qualquer mamífero disponível. O casal ainda teria a companhia de Bel, a Sereiae de Kowalsky, que se tornam personagens regulares na metade final da história, quando prima Roshana confessa que é escrava sexual do bastardo Levy. E gosta.

Além desses, entram e (geralmente de forma trágica) saem personalidades reais e fictícios como Simon Wiesenthal, Mike Nelson, Aarão Steinbruch, Henry Kissinger, Thomas Green Morton, Tutty Vasques, National Kide os Detetives-Mirins, Anuar Kadhafi(grafado desta forma) e Kurt Waldheim.

Impiedosa parodiados clichês da pulp fiction, com "açãoespionagemromancesexoficção-científicacatástrofehisteriapânico, correria, pisoteamento, massacre", o folhetim se tornou uma das maiores atrações do jornal e alçou Vorsky e sua personagem Prima Roshana a uma espécie de status de cult.

A revista Bula o elegeu um dos 10 livros mais engraçados da literatura brasileira. Leia: A cela era de um escuro úmido e umbroso. O nome do escuro era Waltencir”. Assim começa a saga de vingança de Levy, sacaneado por todo mundo, mas especialmente por sua prima Roshana, que dá pra todo mundo, menos pra ele. Nada faz sentido na noveleta, mas você gargalha feito uma besta. “A Vingança do Bastardo” foi publicado originalmente em forma de folhetim no jornal “O Planeta Diário”. Eleonora V. Vorsky também atende por Alexandre Machado, que junto com a mulher, Fernanda Young, criou a série de TV “Os Normais”.

Li e reli várias vezes e como prima Roshana não quero parar, já que nos tempos de hoje que fedem a pijama e naftalina é impossível encontrar uma obra tão espetacularassim. Há vários exemplares a venda em www.estantevirtual.com.br, lançamento de 2007 (já esgotado) da Editora Desiderata. Se não achar o meu no meio nesse ninho de lontra que é a minha estante, vou comprar, reler e perder de novo.









A crianças estão bem

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Decidi opinar porque está havendo muita injustiça e preconceito com as novas gerações, que alguns chamam de alienadas, vazias, fúteis, cabeças de vento, acomodadas.

Não é verdade.

Todo mundo já passou pela adolescência. E o que é a adolescência? Um HD vazio, com infinitos gigabytes, registrando tudo que está à sua volta. Tudo! O bom, o mau e o feio. A adolescência e a pós-adolescência são uma fase experimental imposta pela natureza para que os filhotes atravessem a transição criança-adulto querendo saber. Há muito deslumbramento, decepção, dor e, lógico, radicalismo e oposição. O adolescente obediente “bovino” e cordato não está bem. Posso falar? Não é um adolescente normal. Adolescente tem que dar trabalho, tem que provocar, tem que irritar, tirar do sério.

Ele acha que tem (e tem mesmo) o direito de levar a vida que acha certa. Cabe aos adultos, adultos cujo diploma existencial só irão receber quando aquela senhora com uma foice na mão e capote na cabeça vai tocar a sua campainha para buscá-los, insistentemente tentar conversar com o adolescente.

Os adolescentes de hoje estão vivendo uma das eras mais tumultuadas de todos os tempos. A tecnologia transformou a revolução do pós II Guerra em fichinha. A fartura tecnológica está substituindo tudo. Os jornais de papel, a música, a literatura, os telefones de Graham Bell, os táxis, os discos, os vídeos, a TV, o Rádio, a medicina, a veterinária, a engenharia e...as famílias. Nada hoje é igual ao que era 15 anos atrás.

Ontem eu me peguei colocando meu “livro” para carregar na tomada. Meu Kindle, leitor digital de livros sem papel que precisa de carga como os celulares. No olho dessa gigantesca revolução, que está acabando até com os carros com o motorista, estão os adolescentes.

Eles aprendem com o novo mundo que podem dormir com namoradas e namorados em casa, que podem passar o fim de semana longe de casa, vivem se falando pelo whatsapp em códigos que só eles entendem, e tem uma consciência dos perigos muito maior do que nós tínhamos quando tínhamos nossos 16 anos. Mais: sua visão de democracia, etnia, diversidade é muito própria. Nossos preconceitos? Sem cerimônias eles atiram pela janela.

Estive no show do The Who, no Rock in Rio, num dia com 100 mil pessoas, e vi bandos e mais bandos de garotos e garotas de 16, 17, 20, 25, 30 anos. Não houve uma briga, uma bebedeira, nem sombra de qualquer confusão. Estavam lá ouvindo o que gostam de ouvir, curtir e assistir o que acham interessante e ponto. Lembrei de uma música do próprio Who, de 1965, chamada “The Kids are Alright” (“As crianças estão bem”), cujo autor, o genial Pete Townshend, tinha 17 anos quando compôs. Um adolescente falando com seus pares:

Eu não me importo
Se outros caras que dançam com minha garota
Isso é bom
Eu conheço todos eles muito bem
(...)
As crianças estão bem 

As vezes
Eu sinto que tenho que fugir
Eu sei que tenho que fugir
Vou sair da minha cabeça
As crianças estão bem

Eu não sei se seria melhor para ela
Eu planejava as coisas, mas os caras não a deixavam

Eu não me importo
Se outros caras que dançam com minha garota
Isso é bom
Eu conheço todos eles muito bem

Por mais que ocorram as revoluções, os filhotes tem os pais e similares como referências. Se os pais de uma criança de três anos ouvem funk vagabundo, é lógico que futuramente essa informação vai entrar no HD do adolescente. E isso vale para tudo. Pais que quase se beijam com frequência, ou se estapeiam, pais que jogam lixo na rua, jogam em lixeiras, fumam, não fumam, bebem, não bebem, são preconceituosos, são liberais, se drogam, não se drogam. Tudo isso é referência para o filhote até a puberdade quando surge no horizonte furacão da rebeldia e ele vai adquirir novos hábitos. Mas inconscientemente não apagará as referências de mãe, pai e similares. Os submissos, os que não questionam a sua primeira autoridade (a família) provavelmente terão que se contentar com a mesmice existencial e, quem sabe, cantar “Como Nossos Pais” no futuro.

Mas a rebeldia, o estado de "ser do contra" o confronto dura poucos anos pois, em breve, a maioria deles se torna amigo de pais, mães e similares. E os papéis quase se invertem. Jovens adultos, os ex-adolescentes se tornam o ponto avançado, a figura que puxa ensinamentos do futuro e repassa para os pais, que já não tem mais saco para saber navegar na Deep Web, decodificar gírias, conhecer os ritmos do momento.

Em suma, a fonte ainda é a base de tudo. E a base se manifesta pela contemplação dos garotos e garotas e não pelas nossas supostas ordens, pelo autoritarismo. Enfim, é um tema vasto, complexo, que pretendo continuar abordando num outro dia.


The Kids Are Alright!

Rock progressivo se consagra no Teatro Municipal de Niterói

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O grupo italiano de rock progressivo Locanda Delle Fate só vai tocar no dia 10 de novembro, mas a venda antecipada de ingressos já ultrapassou 50% da lotação do Teatro Municipal de Niterói. Depois do show do inglês Renaissance (lotação esgotada) e do holandês Focus (lotação esgotada) a diretora do teatro, Marilda Ormy, anunciou que em 2018 haverá datas fixas para o progressivo no teatro e que novas bandas de renome já estão negociando. Maravilha!

Quem quiser assistir o Locanda Delle Fate, os ingressos estão a venda neste link:https://ingressorapido.com.br/venda/?id=1893#!/tickets . Ou na bilheteria do teatro. Informações pelo telefone (21) 2620-1624. Quem não conhece o grupo pode ouvir o lendário primeiro álbum “Forse le lucciole non si amano più” (1977) clicando neste link: https://www.youtube.com/watch?v=HUPh7eGQcvw

Apesar da crise que praticamente dizimou boa parte dos grandes nomes do rock progressivo purista no início dos anos 1970, muitos seguiram ou retomaram a estrada depois. É um gênero musical único egrandioso, com experiências fantásticas que misturam a música clássica, o folk, o jazz, o barroco, tudo isso ancorado no rock. O público é gigantesco em todo o planeta e não para de se renovar; por isso esse estrondoso sucesso no Municipal de Niterói.

O progressivo tem várias facções. Os ingleses dominaram a cena com o Yes, Genesis, Emerson, Lake and Palmer, Pink Floyd, Gentle Giant e muitos outros. A eletrônica radical foi sempre muito bem representada pelos alemães do Neu, Can, Amon Dull, Faust, Tangerine Dream, o Kraftwerk que revolucionou com o álbum Autobhan, de 1974. As bandas mais suaves e líricas são da itália. Nomes como Premiata Forneria Marconi, Le Orme, Il Balletto di Bronzo, Banco Banco del Mutuo Soccorso e muios outros, entre eles, é lógico, Locanda Delle Fate. No Brasil, vários. Em atividade o veterano O Terço, Violeta de Outono, o niteroiense Spin (está gravando um novo álbum) entre muitos outros.

Ao decidir abrir um espaço fixo para o progressivo, o Teatro Municipal de Niterói homenageia este público enorme, de extremo bom gosto e participante que sentia muita falta de iniciativas como essa.

Valeu!



Com uma pequena ajuda dos amigos

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                              Ringo Starr gravando o vocal de "With a Little Help from my Friends"                                                                                                 
                                                   Joe Cocker no Festival de Woodstock, 1969
Assistindo à TV, há tempos vi o comercial de uma montadora de automóveis que inseriu na trilha sonora uma versão bem suave de With a Little Help From My Friends, um clássico dos Beatles de 1967.  A canção veio ao mundo no lendário álbum Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band, e rapidamente estourou em todo o planeta. Há quem não saiba, mas quem canta na versão original é Ringo Starr.

A música ganhou diversas versões, sendo a mais brilhante delas, na minha opinião, a original dos Beatles (cantada por Ringo Starr) e depois a qversão com o saudoso giga cantor Joe Cocker, que explodiu no festival de Woodstock, em 1969. Certa vez, numa entrevista, Cocker atribuiu o sucesso de sua versão de With a Little Help... não à música em si, mas à necessidade que as pessoas têm dessa figura sagrada chamada amigo. A música cultua a "pequena ajuda dos amigos", capaz de nos erguer, nos fortalecer, enfim, Lennon & McCartney deixaram claro que "sem amigos não dá". No comercial de TV a imagem mostra diversas formigas trabalhando em uma árvore, simbolizando a união que faz a força, que nos aproxima da perfeição. Alguém lembra desse comercial?

Quem nunca precisou de "uma pequena ajuda dos amigos"? William Shakespeare escreveu: "Perguntei a um sábio a diferença que havia entre amor e amizade, ele me disse essa verdade... O amor é mais sensível, a amizade mais segura. O amor nos dá asas, a amizade o chão. No amor há mais carinho, na amizade, compreensão. O amor é plantado e com carinho cultivado, a amizade vem faceira, e com troca de alegria e tristeza, torna-se uma grande e querida companheira. Mas quando o amor é sincero ele vem com um grande amigo, e quando a amizade é concreta, ela é cheia de amor e carinho. Quando se tem um amigo ou uma grande paixão, ambos sentimentos coexistem dentro do seu coração."

Enquanto escrevo ouço uma versão antiga de With a Little Help From my Friends com o Deep Purple, arrepiante. Aliás, não conheço uma versão dessa canção que não abra os portais da minha emoção. Certamente num momento pessoal de muita comoção, Albert Einstein escreveu: "Pode ser que um dia deixemos de nos falar.../Mas, enquanto houver amizade/Faremos as pazes de novo./ Pode ser que um dia o tempo passe.../ 

Mas, se a amizade permanecer, / Um de outro há de se lembrar. /Pode ser que um dia nos afastemos.../ Mas, se formos amigos de verdade/ A amizade nos reaproximará./ Pode ser que um dia não mais existamos.../ Mas, se ainda sobrar amizade,/ Nasceremos de novo, um para o outro. / Pode ser que um dia tudo acabe.../ Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,/ Cada vez de forma diferente. / Sendo único e inesquecível cada momento /Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre./ 
Há duas formas para viver a sua vida: / Uma é acreditar que não existe milagre./ A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre./ Especialmente os amigos."

De vez em quando inventam um Dia do Amigo. Segundo a Wikipédia, pelo mundo ele acontece dias 20 de julho, 27 de abril, e 30 de julho, mas já me disseram que é 14 de fevereiro. Muita gente ridiculariza a data, acha que dia do amigo é todo dia, enfim, aquela balela. Mas, a meu ver, nesse corre-corre em que vivemos a data se tornou importante porque, no mínimo, leva muita gente a lembrar que os amigos existem. Afinal, não foi à toa que os Beatles fizeram With a Little Help From My Friends. Paul McCartney diz que durante a gravação de Sgt. Pepper’s, precisou, sim, de uma enorme ajuda dos amigos.












A boa música

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As músicas que estão nos primeiros lugares nas paradas de todo o mundo (sem exceção) são ruins É lógico que respeito o direito das pessoas consumirem Luan Santana, Anita, Ludmila, Gustavo Lima e dezenas e mais dezenas de outros que navegam nos turbulentos mares do esculacho musical, desde que eles respeitem o meu direito de golfar.

Sempre foi assim. Historiadores dizem que desde que “inventaram” a música popular, as mais cultuadas pelos povos são de péssimo gosto. Aqui no Brasil, em geral primeiros lugares sempre foram ocupados por músicas de gosto duvidoso, ou obtuso. Fazer o que? Nada? Que isso? Vamos buscar as opções no chamado mercado alternativo que está sempre cheio de coisas valiosas. No mainstream, vulgo esquemão, escapam, felizmente, Caetano, Gil, Chico e muito mais do que uma meia dúzia de todas as gerações.

Para se ouvir boa música no rádio, antes da invenção do streaming na internet, era uma luta. Hoje, você acessa www.spotify.com , em um minuto baixa um aplicativo, faz o cadastro e pronto: milhões e milhões de discos de todos os gêneros (inclusive o estrume), do clássico ao punk, a sua disposição. Quer ouvir rádios afinadas com o seu gosto? Vá até www.radios.com.br e escolha uma entre milhares que são oferecidas no maior cardápio de opções radiofônicas do mundo. Radios.com.br é sensacional e fica na cidade de Varginha (MG), terra dos E.T.s. Tem radio de bossa nova, rock, blues, jazz, samba, chorinho, notícias, efeitos especiais, tudo da melhor qualidade. É só dar um clique.
Destaque para a Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (http://radiobatuta.com.br/ que traz o melhor da tradição da MPB e ainda a Radio Vitrola (www.radiovitrola.net) com a nata de tudo que é bom em vários universos e para quem gosta de flash backs a Radio Good Times (www.radiogoodtimes.com.br) arrebenta, assim como a Cult FM, em www.radiocultfm.comtoca rock do bom.

As cidades estão cheias de shows em circuitos alternativos que estão revelando ótimos artistas. Vale conferir e saber quem é quem frequentando os sites mais antenados com o melhor do alternativo. Ou seja, da mesma forma que a música ruim, chula, de baixa qualidade impera no chamado esquemão, a música boa, limpa, gostosa, de todos os gêneros e estilos sempre arrebentou e vai continuar arrebentando nos circuitos e mídias periféricas.

Cabe a nós correr atrás.


A volta dos genocidas aos presídios do Rio

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Hoje de manhã ouvi o desgovernador do Estado do Rio, que atende pela alcunha de Pezão, braço direito e esquerdo de Sérgio Cabral, proferir numa FM de notícias que o sistema penitenciário fluminense tem condições técnicas seguras e eficazes para receber os 55 líderes genocidas que estão detidos em unidades federais que, alardeia o governo, são de segurança máxima. Entre os sicários que devem retornar a cidade “desmaravilhosa” estão Fernandinho Beira – Bar, Elias Maluco e Nem da Rocinha, entre outros. O que será levado o desgovernador a relinchar tamanha boçalidade? O que terá levado? Hein?

Os genocidas deverão voltar porque assim quer a Defensoria Pública da União que justifica assim sua decisão: “A permanência de presos por prazo superior a 720 dias não atende ao princípio da ressocialização da pena, porque causa a degeneração da saúde mental dos detentos e não atende aos princípios constitucionais que asseguram ao preso integridade do seu direito à vida e à saúde”, disse o defensor público federal Anginaldo Oliveira Vieira.”

Em que planeta vivem esses mamíferos? Não só os que desejam piorar (no Rio, o fundo do poço tem subsolo) a situação da segurança pública fluminense. Em se tratando de genocidas, escroques, assassinos, traficantes, estupradores, gente condenada até 150 anos, chamar à tona justificativa como “princípio da ressocialização da pena, porque causa degeneração da saúde mental dos detentos” e que os princípios constitucionais “asseguram ao preso integridade do seu direito a vida e à saúde” é deboche? É sacanagem? É piadinha? É cusparada na nossa cara? Sim, é tudo isso, ressaltando a cusparada na nossa cara já que estamos falando de sociopatas, já degenerados mentalmente em cujo cotidiano estão atos “humanísticos” como incendiar pessoas dentro de pneus para não deixar pistas, ritual que nasceu na Colômbia de Escobar.

Se a Defensoria tomou essa famigerada atitude para aparecer, apareceu. Mais eficiente do que pendurar porco no pescoço ou meter abacaxi invertido no reto. O mais curioso é o silêncio dos parlamentares fluminenses. Cadê o PT, o PSOL, o PC do B, a Rede, cujos representantes parecem ter enfiado a língua no sul? Será que defender genocidas arranca votos dos politicamente corretos, prioridades máxima desses partidos?

Todo mundo sabe que nos presídios e penitenciárias de Bangu (que já hospedou o chefe de Pezão e esposa), presos “não degenerados mentalmente” usam celulares para aterrorizar famílias, sequestrar, encomendar assassinatos, traficar e a pergunta que não cala é: por que o governo não corta o sinal de telefonia celular para aquela área, o que é tecnicamente muito simples; basta apertar o botão de “desliga” das antenas. Políticos alegam que “isso prejudica a população que mora lá”. Mais do que o pânico a população do Brasil todo, senhores parlamentares? Mais: até nos presídios de segurança máxima (hahahahahahah) celulares estão ligados, presos armados mandam e desmandam lá dentro, por que será? ($$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$).

Por que será que querem devolver os sicários chefes para o Estado do Rio?




Diálogo interno

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Consciente – Gozado, tempos atrás escrevi um artigo apoiando aquela revista francesa quando publicou a charge debochando de Maomé. Lembra? Pois é, publiquei e quase ninguém leu.

Inconsciente – Isso é assim mesmo. Quem tem sul tem medo. O pavor das pessoas é justificável.

C – Lá vem você com essas conversas, como se Jung, Freud e Lacan não tivessem feito o seu rastreamento. Só falta agora arrancar de uma frase solta e sem nexo a máxima “toda a vez que andei na linha o trem matou” e colocar no título do artigo.

I – Será que vale à pena não arriscar e continuar cinicamente submetido a seu comando? E se eu te induzir a colocar essa máxima, que tem zaralhadas de explicações e análises, no título do texto, o que você vai fazer?

C – Alguns riscos valem sim. Eu arriscaria clicar num blog para ler uma opinião favorável a revista francesa e a charge sobre Maomé.

I – Você está diferente hoje. Meio nublado, quase mormaço. Esquisito pra cacete.

C – Ando tão a flor da pele que até beijo de novela me faz chorar.

I – Que gracinha. Só rindo, diria aquele personagem de Rubem Fonseca.

C – Gracinha coisa nenhuma. Se um dia eu conseguir chorar vou te interfonar.

I – Nada que o tempo não resolva.

C – O tempo e o vento. O importante é que continuo no timão de meu destino.

I – Ninguém regula o destino. Nem eu. Ou você deixou de acreditar em inconsciente coletivo?

C – Isso começou a virar papo de intelectualoide inútil. Nós dois já combinamos, tempos atrás, não cair mais nessa cilada imbecil. Mas estar no timão já dá uma força. Esse negócio de “deixa a vida me levar” é conversa de pagodeiro.

I – Provavelmente por isso você não publicou o artigo sobre a revista francesa. Acendeu a luz amarela.

C – Publiquei, sim! Ainda pus uma fogueira da Inquisição ilustrando. Já que você insiste na máxima de que toda a vez que se anda na linha o trem mata, assuma logo a irresponsabilidade irrestrita e vá viver como os existencialistas.

I – Seu livro está quase pronto, né?

C –Vai sair ano que vem. Deixei você falar a vontade. Até agora não sei direito se vai ser bom ou não. Volta e meia eu te xingo de caixa de gordura de minha essência.

I –  Acho bonitinho quando você pensa assim.

C – Aliás, as pessoas deveriam conversar mais com seus inconscientes.

I – Somos muito incômodos porque guardamos verdades ácidas. Por isso preferem nos apagar, ou, como dizem atualmente, deletar.

C – Como assim?

I – Passarinho quando anda com morcego acaba dormindo de cabeça para baixo. Estamos dentro de vocês e continuamos falando. Uma canção do Pink Floyd chamada “Comfortably Numb” descreve exatamente essa situação.

C – The Wall é uma obra prima.

I – Muros. Quando submetidos a traumas muito violentos nos tornamos muros.

C – Que todo mundo tenta derrubar para se libertar. Estou tentando falar fácil para não espantar os leitores.

I – Todo mundo não. Há os que preferem viver em bares todos os dias, o dia todo, tomando cerveja e conhaque, assistindo TV, fumando. Essas pessoas acham que estão nos dando uma rasteira. Só rindo, diria o tal personagem de Rubem Fonseca.

C – Aprendi muito conhecendo um pouco de você ao longo da vida.

I – Obrigado, você também é gente boa e, se tudo der certo, vai pro céu. Pelo menos luta para se livrar das culpas; quase meio caminho andado.

C – E, no mais?

I – Siga. O sinal está verde. Não vê?



Um Onassis na Baía de Guanabara

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As barcas não são mais as mesmas. Nem o Rio, nem Niterói, nem o país, o mundo, muito menos nós, mas o fim da barca Rio-Niterói de madrugada deixou muita gente com saudade. Gente que estudava no Rio, ou trabalhava em compensação de cheques, telemarketing, enfim, a barca “do sereno” era um celeiro de casos. Muitos casos que renderam crônicas, artigos, contos.

Um grande amigo era um quase hippie, gente boa pra caramba e naquele final dos anos 70 vivia uma grande paixão. Um dia teve uma idéia. Afoito, corajoso, tocou a ideia em frente e, as 23 horas e 45 minutos de um sábado de meia lua, estavam ele, a paixão (que já alcançara a condição de namorada), duas garrafas de vinho branco, um edredon, travesseiros, taças de cristal e velas.

Ele conhecia um marinheiro, daqueles que acordavam os passageiros batendo com um jornal no encosto dos bancos de madeira quando a barca chegava. Meu amigo pagou a passagem, fez um sinal para o marinheiro amigo, entrou na barca, subiu e foi lá para a popa.

Assim que a barca saiu, ele fez pepé para a namorada e em seguida subiu no teto da embarcação. Esticaram o edredon, abriram o vinho, acenderam as velas, deitaram e passaram a noite ali, no teto da barca, sob o manto da meia lua, céu banhado de estrelas, brisa do mar, enfim, parecia Onassis com Jaqueline singrando no mar grego num mega iate. Rio, Niterói, Rio, Niterói, incontáveis vezes. Fizeram amor, deram gargalhadas, sem que os passageiros suspeitassem o que estava acontecendo lá em cima.

Quando o sol ameaçou surgir em Niterói, o casal desceu. O marinheiro amigo já não estava mais – certamente seu horário havia acabado. Deixaram a embarcação e ele, meu amigo, tirou uma única foto da proa de seu provisório ninho de amor. Foto que não mostra a ninguém. Em Niterói, foram a padaria extinta “Pão Quente”, tomaram café num copo só, juras de amor trocadas entre pequenos goles e fatias de queijo e presunto.

Terminava assim mais uma viagem da “barca do sereno”. Uma de muitas, muitíssimas, cujo segredo o mar, mesmo poluído, consegue guardar até hoje.




Ascensão e queda do carro a álcool

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O carro a álcool teve como finalidade libertar o Brasil na máfia internacional do petróleo, comandada pela Opep. Com o sucesso do Pró Álcool o país resistiu a todas as pressões internacionais, mas caiu de joelhos diante da ganância histórica dos usineiros de cana de açúcar, os coronéis que mandam e desmandam na nação desde 1808, quando D. João VI trouxe a Corte para o Rio, fugindo de Napoleão Bonaparte. Os coronéis mantem ($$$) uma histórica bancada no Congresso Nacional.

Aliás, para entender tudo, absolutamente tudo o que acontece no Brasil basta ler “1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil” do brilhante Laurentino Gomes, dono de um texto leve, bem-humorado, baseado em monumentais pesquisas que ele fez aqui, em Portugal e nos Estados Unidos.

Temendo queda em seu lucro brutal (a mão de obra escrava em muitos casos dá uma “forcinha”) com a diminuição do preço do petróleo, os coronéis do álcool exigiram ($$$) que os governos autorizassem o aumento cavalar do preço do álcool. Mais, determinaram ($$$) que os governos adicionassem 25% de seu álcool na gasolina para faturarem mais, e continuam cada vez mais ricos debochando da nossa cara de otários crônicos.

Vamos a História. Em novembro de 1975 o general presidente Ernesto Geisel criou o Pró Álcool, sendo os engenheiros Lamartine Navarro Júnior e Cícero Junqueira Franco considerados os pais do programa. Programa que substituiu por álcool etílico a gasolina e que gerou 10 milhões de automóveis a gasolina a menos rodando no Brasil, diminuindo a dependência do país ao petróleo importado.

A produção de álcool no Brasil no período de 1975-76 foi de 600 milhões de litros; no período de 1979-80 foi de 3,4 bilhões e de 1986-87 chegou ao auge, com 12,3 bilhões de litros.

O primeiro automóvel produzido em série, equipado com motor a álcool, foi o Fiat 147 lançado em 1979. O programa começou a ruir à medida que o preço internacional do petróleo baixava, tornando o álcool combustível pouco vantajoso tanto para o consumidor quanto para o produtor. Para agravar o problema, o preço do açúcar começou a aumentar no mercado internacional na mesma época em que o preço do petróleo baixava, fazendo com que fosse muito mais vantajoso ($$$) para os usineiros produzir açúcar no lugar do álcool.

Os coronéis usineiros passaram a sabotar o produto, chantageando os governos visando aumentar o preço, mesmo com o petróleo mais barato. Começou a faltar regularmente álcool combustível nos postos, deixando os donos dos carros sem opções. Essas sucessivas crises de desabastecimento, aliadas ao maior consumo do carro a álcool e o menor preço da gasolina, levaram o Pró Álcool a descrença geral por parte dos consumidores e das montadoras de automóveis. A produção de álcool combustível e de carros movidos a esse combustível entraram em um declínio que parecia não ter fim, chegando ao ponto de a maioria das montadoras não oferecerem mais modelos novos.

Apesar do pioneirismo brasileiro no ramo do álcool combustível, a "volta" do carro a álcool foi possível por causa de uma tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos, tecnologia essa que conhecemos hoje por bicombustíveis, ou somente "flex".

Essa tecnologia surgiu no final da década de 1980 por causa da crescente pressão do estado americano da Califórnia por carros menos poluentes, e junto com essa pressão, eram oferecidos vantajosos descontos em impostos para os carros que poluíssem menos o ambiente, foi quando as montadoras dos EUA apontaram para o etanol.

Mas como a demanda por veículos lá é muito maior que no Brasil, e a cadeia produtiva de álcool ainda não estava (e ainda não está) preparada para suprir tal demanda, as montadoras não poderiam simplesmente passar a vender modelos movidos a álcool, pois os consumidores não teriam como abastece-los. 

Foi quando em 1993 surgiram os primeiros carros bicombustíveis norte americanos, ou seja, aptos para rodar tanto com álcool quanto com gasolina, e com a mistura em qualquer proporção desses dois combustíveis.
Porém, nesse meio tempo as montadoras conseguiram reduzir a emissão de poluentes de seus modelos movidos a gasolina, e pelo fato de mais uma vez o preço do petróleo estar baixo a ponto de não valer a pena produzir álcool, esses modelos caíram no esquecimento.

Segundo o caderno “Carro, Etc” do Globo, em sua edição de hoje, no Estado do Rio apenas 5,9% dos veículos utilizam o metanol.



Relógio Biológico

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Duas e 14 da madrugada. Acordo mansamente, sem sobressaltos, apesar do pesadelo. Desde a adolescência só tenho pesadelos. Sonho bom? Raro. Bom, acordo as 2 e 14 como se fosse seis da manhã para um triatleta.

Rondo pela casa, ligo a TV e compro um travesseiro num programa de vendas pelo telefone. Segundo o comercial, o tal travesseiro é um néctar de penas de ganso capaz de corrigir todos os problemas de coluna. O locutor diz que com esse travesseiro temos um sono “reparador”. Só não prometeu que acordamos ao som de canários belgas porque a empresa fica aqui no Brasil, onde a natureza está em rápida extinção. Garantiu que quem não ficasse satisfeito com o travesseiro teria seu dinheiro de volta. Os caras são craques. Duas e 14 de um dia de semana é o momento ideal para veicular um anúncio de travesseiro. Liguei, passei o número do cartão de crédito.

Tem gente que fica muito angustiada quando acorda no chamado “meio da noite”. Como para mim é rotina, não sinto nada. Apenas uma certa impaciência, apesar da calma da madrugada, telefones mudos, celular calado, o famigerado whatsapp quieto. Tanto que já escrevi até aqui se interrupção.

Já li e ouvi muito sobre o chamado relógio biológico. Aparentemente durmo mal, mas uma vez li numa revista de ante sala que o tipo de sono que tenho se chama “flash”. Durmo e acordo várias vezes. De fato não é tão bom quanto o sono sem escalas, aquele que você deita a meia noite e acorda as oito na mesma posição, que nem me lembro mais como é. Mas o fato das comunicações estarem a minha disposição de madrugada me trouxe esse vício. Posso dar um giro pela internet sem ser importunado, sapatear nos satélites, conversar com o Congo. De madrugada tenho a sensação de que posso fazer tudo porque tudo funciona.

Meu relógio biológico é oportunista e prático. Em geral durmo cedo sexta e sábado para, quem sabe, atravessar o dia seguinte na praia. E praia vou o ano inteiro porque concluí que não existem praias feias com chuva, com tempo nublado ou em plena tempestade. 

As praias são lindas de qualquer jeito. Em Itaipu quando chove e o vento traz aquela bruma branca ela parece com a costa da Escócia, que conheço via cinema. Nos dias frios, de céu azul profundo, lembra a Indonésia. Já sob densa tempestade lembra a capa de “Love Over Gold”, um dos grandes discos do Dire Straits. É por isso que tenho certeza de que Itaipu é a mais gostosa das filhas de Ryan.

Não sei se o fato de trabalhar 13 horas por dia interfere no meu relógio biológico. Há quem diga que isso é estresse. Só que eu nunca estou estressado, eu sou estressado. Já me chamaram de masoquista, que despendo muita energia, etc. Anos atrás experimentei ficar sem fazer nada durante três meses. Larguei tudo. Em menos de 20 dias estava de volta ao jornal, de joelhos, pedindo perdão. Nunca me senti tão mal na vida. Dormia o dia inteiro, comia pouco, tinha sonhos melancólicos, porra que depressão! Isso sim é masoquismo. No dia em que levantei para voltar ao jornal, fui fazer a barba e vi, no espelho, que estava com aquele semblante típico dos “à toas”. O suor cheira a naftalina, cobertor das Casas Pernambucanas.

É evidente que não pretendo fazer apologia do sono “flash”, da popular e temida insônia. José Maria Monteiro de Barros (saudade desse meu amigo) me fez observar com calma as aves e mamíferos. Fora as criaturas da noite, todos se recolhem no crepúsculo e se levantam na alvorada. Leio na Wikipédia que os primeiros homens dormiam cedo e acordavam cedo. O que me assustou no texto foi a média de vida deles: 17 anos.

Essa lenda de relógio biológico só deve ser terrível para as pessoas que não gostam de dormir de dia ou sofrem amargamente com a solidão. Quem vira uma noite tem que se habituar com dois sons altamente depressivos: 1) Caminhão de leite; 2) Canto dos pardais e bentevis. Já quem convive mal com o dia e ama a noite é obrigado a engolir outros dois sons, também tristíssimos, de fim de tarde: 1) Canto de cigarra; 2) Sirene de obra informando que o acabou o expediente. É horrível

Já tentei acertar meu relógio biológico para ficar mais próximo da lânguida rotina da humanidade. De 1974 a 1976 trabalhei no horário das 5 da manhã ao meio dia. Jornalismo tem dessas coisas. Uma ótima oportunidade para acertar o tal relógio. Não deu. 

Chegava em casa, tomava um banho, almoçava e dormia até as seis da tarde. A noite caia na gandaia, ou para a faculdade, que eram mais ou menos a mesma coisa. Mas pouca coisa foi pior do que uma noite em que acordei as 3 horas da madrugada numa pousada na serra da Bocaina, sem luz, sem livros (ler à luz de velas é terrível) e, ainda por cima, chovendo. Confesso que sofri. Sofri mais ainda com o barulho de um rio que me deixou alucinado, com uma estúpida vontade de desligá-lo. 

Relógio biológico não é atômico e muito menos um Rolex automático. O meu é um paraguaio, desses de camelô. E com licença que já são quatro da matina e preciso rever “Apocalypse Now Redux”, no DVD.


Manual do Orgasmo

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                                                             Óleo sobre tela. Robert  Lenkiewicz
No tempo que existia chuva aqui no sertão fluminense, estava numa livraria dando um tempo. Chovia pra cacete lá fora e o trânsito lembrava um enorme jacaré bêbado. Livraria vazia. Entra um casal. Ele calmo, jeitão de economista, óculos com lentes fundo de garrafa, meio mal humorado. Ela, agitada, colorida, enterrada numa calça legging rosa arrochada; mulher bonita, brincalhona, aparentemente fogosa.

O aguaceiro engordou na rua. Não gosto de andar na chuva porque toda hora enfiam um umbrella na minha cara. Umbrella é guarda-chuva em inglês...só pra contrariar. Brasileiro, apesar de tropical, convive muito mal com as tempestades, mas como até chuva roubaram aqui no sertão fluminense, tudo bem para eles.

Voltando ao casal, ia tudo muito bem até ela pedir um livro, subindo o tom da voz. “O senhor tem o Manual do Orgasmo?”. Até eu fiquei sem saber o que fazer. Quem estava embrulhando parou de embrulhar, quem estava empilhando livros parou de empilhar e eu que estava lendo orelhas parei de ler. Como todos prevíamos, o tal homem sereno virou um mamute enfurecido. Verde de ódio o sujeito levou a mulher para um canto e, tentando falar baixo, vociferou: “Precisava me humilhar? Vamos embora! Chega! Eu não aguento mais!”. E saíram no toró mesmo, soltando mísseis.

Não precisava ser daquela maneira. Muito se fala de alma feminina, dos cuidados que temos que ter com a mulher, com os desejos da mulher, com a liberdade da mulher, com a sensibilidade da mulher. Mas que fim levou a alma masculina?

Uma mulher que entra numa livraria com um marido daqueles e pede, vociferando, o “Manual do Orgasmo” está querendo barraco. Ou então pedindo. Alguém dirá “quem sabe, era meio burrinha”. Não! Não existe mulher burra. Se aquele mulheraço estivesse a fim de comprar o tal manual para usufruir teria ido sozinha, ou com amigas, irmãs, com o cachorro, tudo, menos com o marido. Uma sutil (?) maneira de dizer “benzinho, você está precisando afogar melhor o seu gansinho”. E o tal livro (acabei dando uma olhada) parece manual de funcionamento de freezer. A tomada é aqui, você liga ali, tem um botãozinho que faz isso, uma carrapeta que faz aquilo. Pior: sem garantia, sem Procon.

Por mais que as revoluções sociais, conceituais e etc e tal ensinem, o homem (pensando calado, nos inconfessáveis confins da madrugada) precisa ser enganado. Precisa achar que é o princípio, meio e fim na vida de uma mulher. Precisa ser herói, único, indispensável, insubstituível, eterno. O homem sabe que é mentira, mas essa mentira é sua fonte de sobrevivência. Em outras palavras, o homem é um imbecil. Numa boa, sem ofensas. Ah, mas as coisas mudaram, dirão alguns.  Mudaram coisa nenhuma. O homem ainda é o mesmo primata das cavernas, macho, guerreiro, predador de lobos. E pobre da mulher que cair no conto da evolução.

Um dos maiores confrontos do homem é o mistério que ronda o orgasmo da mulher, descoberta recentíssima, anos 1950/60. Está provado que a maioria dos homens vai para a cama muito mais interessados em fazer um belo workshop do que em sentir prazer. Cama é uma espécie de showroom desse tipo que, diz a lenda, estaria em extinção. Um leitor, certa vez, confidenciou num bar na estação das barcas: “Olha, não existe nada mais importante do que uma mulher derrubada, com aquela cara de bagaço, esgotada. É quando me sinto Hércules, Sansão, Homem Aranha”. Perguntei sobre a sua satisfação pessoal. O cara ri, bate com o copo de Genebra na mesa e arremessa: “Prazer eu sinto vendo o prazer dela”.

O homem é um golfinho de Miami sexual. Vai para a cama para ser aplaudido de pé, ou de joelhos. Condenada estará a mulher que, estonteada pela hipnose liberalista que de vez em quando bate em alguns, confessa que ele é mais um. Ele sabe. Todos sabem. Mas o homem que ser o único, the best, The Beatles naquele palco. Dentro dessa conjuntura imagine o que o tal sujeito da livraria sentiu quando a mulher, ao pedir o Manual do Orgasmo, declarou publicamente que seu macho falha, pifa, dá tilt, é mosca de padaria. Segundo o que ele achou. É aquela história de Bentinho que Machado de assis criou em “Dom Casmurro”. Toda a cornofobia que o livro passa é narrada pelo próprio Bentinho, mais ninguém.

Um conhecido separou-se da mulher há uns anos. Vivia reclamando que a vida estava ruim, que não a amava mais. Conversaram, muita choradeira e ponto final. Três meses após a separação ele me contou que tinha dormido na casa dela. “Saudade é fogo”, comentei. Mas ele rebateu: “Saudade nada. Soube que ela já estava saindo com outro sujeito, me bateu paranoia e eu fui lá. Consegui melar tudo”.

O pior é que, até hoje, quando a ex-mulher começa a roçar em outro ele vai lá e molesta só para não perder o lugar que ele mesmo não quis. E ainda diz que ´ex-mulher não existe`. Alma masculina é chumbo grosso.
Homem liberal só existe em anúncios de uísque. Machos, seres rudimentares e inferiores, nascem com várias escrituras de propriedade imaginárias na cabeça, e apesar da psicanálise, da cromoterapia, da neurolinguística, dos florais de Bach, da homeopatia, enfim, de toda a modernidade ainda somos os mesmos... e (por que não?) vivemos como nossos pais, como cantou Belchior nos anos 1970.

Haverá cura para o homem na sociedade contemporânea? Vai chegar o dia em que ele conseguirá viver sem honra ou mérito, ou sem honra, ou sem mérito? Será que um dia a mulher poderá comprar o Manual dos Orgasmo ao lado do marido como se estivesse comprando alpiste para o canário? Viveremos momentos onde ex-mulheres imediatas (segundo a literatura, a mulher se livra definitivamente de um homem num prazo que corresponde a 20% ao da convivência. Exemplo: conviveu 20 anos levará quatro para se livrar) poderão namorar livremente por aí? Não. Até segunda desordem o maior drama do homem não é viver sem mulher, é viver sem urras, elogios, “obrigado meu amo”.



Meu afeto não se encerra

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Passei os dias recentes envolvido com o afeto profundo. Muito profundo, abissal. A cada lugar que fui, lembranças, muitas lembranças e um sentimento bem mais poderoso do que a saudade. É quando sentimos falta, muita falta, de pessoas e momentos que se eternizam no afeto profundo, lá embaixo, no abissal e mistérios inconsciente.

Óbvio, ninguém é igual. O ser humano é diferente até dele mesmo já que a coerência radical, prima bem próxima da teimosia, é eventualmente burra. Por isso, por essa livre e saudável ausência de isonomia afetiva, cada humano tem com o afeto uma relação distinta. Com o afeto profundo, essas diferenças se abrem como grandes abismos e muita gente não consegue lidar com ausências.

Acham que o choro é fraqueza, que o lamento é covardia dispensável, que o “estado blues” que nos acomete tem que ser massacrado, assassinado, deletado, arquivado, atirado no lixo, em nome de uma suposta superioridade existencial. Dizem que os ocidentais, em especial os pequeno-burgueses (também chamados de “coxinhas”), preferem ignorar o afeto profundo. É mais fácil? Não. É como um cheque pré-datado, daqueles que batem na conta lá na frente, com juros e correção.

Minhas noites na orla do Gragoatá foram especiais porque mergulhei no afeto profundo. Nó na garganta quando o cheiro do mar misturado ao de óleo combustível dos navios de guerra e dos zepelins que um dia surgiram na Boa Viagem me bateram na alma. Foi bom. Foi bom homenagear quem eu queria que fosse homenageado, através de lembranças, poemas, vento do litoral, o azul petróleo da noite.

O meu afeto não se encerra. Prefere transmutar como as auroras boreais. Nunca as mesmas. Sempre as mesmas. Assim é. Assim será.

Sempre.


Zak Starkey: baterista do The Who é muito mais do que “o filho de Ringo Starr”

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                                                        Aos 11 anos, com o padrinho Keith Moon, o "tio Keith"
                                                      Tocando no The Who
                                                      Com o pai (1)
                                                    Com o pai (2)
                                                      Com o pai (3)
                                                       Tocando no calçadão de Ipanema
O monumental show do The Who no Rock in Rio ainda ecoa em mim e, com certeza, nas almas de meu irmão Fernando Cesar e dos amigos André Valle e Liliane Yusim. Foi demais ver e ouvir ao vivo a banda que me capturou quando eu tinha uns 12 ou 13 anos. Eternizei aqueles momentos de emoção que quase viraram lágrimas num DVD que consegui, altíssima qualidade e que assistirei sempre.

Esse show confirmou a genialidade de Pete Townhend (guitarras, voz, teclados etc.) como o maior compositor/intelectual/pensador da humanidade contemporânea, lado a lado com Bob Dylan, opinião do amigo Maurício Valladares, que compartilho. Parte da história desse gigante, um garoto de 72 anos está aqui: https://www.allmusic.com/artist/pete-townshend-mn0000842351. A íntegra de sua biografia, que ele mesmo escreveu, mora aqui: https://www.estantevirtual.com.br/b/pete-townshend/pete-townshend-a-autobiografia/751281022?q=Pete+Townshend

Todo mundo (???) sabe que o baterista do Who, Zak Starkey, é filho de Ringo Starr. Só que muito mais do que isso, Zak é hoje um dos melhores bateristas de rock do mundo, uma história que começou graças a seu padrinho, o fulminante e muito saudoso Keith Moon (o maior batera do universo). Fisguei esse pedaço de biografia:

Zak Richard Starkey (nascido em 13 de setembro de 1965) é baterista há mais de 30 anos. Ele toca e grava com a banda inglesa The Who desde 1996. Foi também do Oasis, e trabalhou com Johnny MarrPaul Weller, The Icicle WorksThe Waterboys , ASAPThe Lightning Seeds e John Entwistle (ex-baixista do Who, morto em 2002) . 

Nasceu em Londres, filho do baterista dos BeatlesRingo Starr e Maureen Starkey Tigrett , primeira esposa de Starr.  Aos oito anos Zak se interessou pela música quando o baterista Keith Moon, do The Who, que chamava de “tio Keith” lhe deu um kit de bateria Premier. Moon foi um dos amigos mais próximos de Ringo Starr e o padrinho de Starkey, e apesar de "nunca se sentarem juntos em um kit de bateria", ele disse que tocava com ele como menino, cada um na sua bateria. O kit de bateria dado por Moon foi mais tarde vendido na Sotheby's por doze mil libras e até hoje Zak se arrepende de ter vendido. 

Aos 10 anos decidiu aprender a tocar a bateria. Seu pai lhe deu apenas uma lição, mas depois o desencorajou. Não queria ver o filho envolvido com música. O garoto continuou tocando sozinho, acompanhando discos do The Who tentando aprender com o padrinho Keith Moon. Tinha 13 anos quando Moon morreu aos 31, de overdose, em seu apartamento em Londres. Zak não toca no assunto mas disse uma vez que “foi o dia mais triste de minha vida”.

Embora Ringo, hoje, elogie as habilidades de seu filho, diz que queria que o filho fosse advogado ou médico, da mesma maneira que Keith Richards quis que seu filho Marlon fosse contador ou advogado quando este insinuou que queria ser músico; Richards conta essa história em sua biografia “Vida”.

Não teve jeito e Ringo teve que entubar. Com 12 anos, Zak Starkey já estava se apresentando em pubs e depois foi membro de uma banda de garagem chamada "The Next".  Ele frequentou Highgate School até 1981, quando chutou o balde.

No início dos anos 1980 ele tocou no grupo Spencer Davis. Casou em 85 com Sarah Menikides. Sua filha Tatia tem 32 anos. Gravou uma versão musical de Wind in the Willows com Eddie Hardin . No mesmo ano (vejam vocês!) ele se juntou ao pai em Sun City por Artists United Against Apartheid . Ele substituiu Chris Sharrock como baterista no Icicle Works em 1989, deixando a banda um ano depois. Em 1989, tocou no álbum Silver and Gold , um trabalho solo lançado pelo guitarrista de Iron MaidenAdrian Smith .

Na década de 1990, Starkey trabalhou com Ringo Starr e His All-Starr Band e com o álbum solo baixista do Who, John Entwistle, chamado The Rock . Em 94 se juntou a Entwistle e outro membro do Who, Roger Daltrey , em uma turnê intitulada Daltrey Sings Townshend . Em 1996, Starkey deixou sua banda, Face, para trabalhar com o Who na turnê Quadrophenia . Ele foi louvado pela imprensa musical por seu talento, sem tentar imitar Keith Moon. Tanto Pete Townshend quanto Roger Daltrey dizem que Starkey é o melhor para a banda desde Keith Moon .

Hoje, Zak Starkey banha o planeta com o seu talento e humildade. Fala com qualquer um na rua e chegou a tocar no calçadão de Ipanema com os cariocas da Beach Combers, no dia seguinte ao show do Who.






Hoje John Lennon faria 77 anos

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Trailer
Hoje, 9 de outubro de 2017, John Lennon faria 77 anos. Não tenho ideia do que estaria fazendo. Será que alguém teria noção? Arrisco palpitar que ele ainda estaria na música porque a música sempre esteve nele.
Para lembrar Lennon (creio que ninguém esquece. Ou poucos esquecem dele) sugiro dois filmes que estão na Netflix. “O garoto de Liverpool” foi dirigido por Sam Taylor-Wood e mostra a a vida do músico antes dos Beatles.

Aborda a sua infância conturbada na casa de sua possesiva tia Mimi, até restabelecer o convívio com sua mãe Julia durante sua adolescência rebelde (Julia lutou muito para resgatar o filho), e conhecer seu grande amigo e parceiro de banda Paul McCartney e, também, George Harrison.

Foi a mãe que deu a ele o primeiro violão (chata pra cacete, coitada, a tia Mimi não queria deixá-lo tocar) que ele aprendeu a tocar com Paul e, assim, formaram The Quarrymen, banda de skiffle do colégio onde estudavam.

Acho o filme excelente, sem apelações, sem fricotes, sem estardalhaço. Os atores são o grande destaque: Aaron Johnson (John Lennon), Thomas Sangster (Paul McCartney) e Kristin Scott Thomas (Tia Mimi).   
                                                                                   
Steve Tilston e a carta de Lennon
Outro que merece ser visto é "Não Olhe para Trás". O cantor popular Steve Tilston é fanático por John Lennon. Em 1971, no começo da carreira, ele deu uma entrevista e o repórter perguntou se caso ele ficasse trilhardário o dinheiro mudaria a sua vida. Ele respondeu que sim. John Lennon leu a entrevista e escreveu uma carta para o cantor e pediu para o repórter entregar. Por várias razões, Steve Tilston só soube da carta 40 anos depois, quando a leu.

No filme "Não Olhe para Trás" (que está na Netflix) Tilston foi batizado de Danny Collins, magnificamente vivido por Al Pacino. A história é sobre o impacto da carta na vida do cantor, bilionário e só, 40 anos depois, cantando o que não queria cantar, escravo do sucesso formatado do mercado, vulgo esquemão, mainstream.

A carta de Lennon existiu, Danny Collins existe (Steve Tilston está com 66 anos) e a história inventada pelo diretor Dan Fogelman a partir dos fatos reais toca, sim. Especialmente porque acho (presumo, chuto) que a maioria das pessoas iria agir como ele a partir da descoberta do profundo toque que John Lennon dá.

Quando "No. 9 Dream" de Lennon começa a tocar senti uma erupção na garganta porque é uma dessas canções que me laça e atira num emaranhado de situações fortes, lúdicas, líricas, mas não atemporais. Mas o tema aqui é o filme, leve, profundo, musical, totalmente Lennon.

Filmaços.

                               

Eternas Capitanias Hereditárias

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Meritocracia. Bela palavra. Presença obrigatória em comícios, entrevistas, aparições na TV de qualquer político em campanha. Meritocracia significa vencer na vida pelo mérito pessoal, pelo talento, criatividade, ética. Mais nada.
Nesse início do século 21 podemos observar que nunca (ou quase nunca) o nepotismo, os pistolões, a ação entre amigos esteve tão presente como hoje, especialmente em setores como a música, jornalismo e, naturalmente, a política. Isso sem falarmos do noves fora, da corrupção galopante.

Na música chega a ser engraçado. Entramos na internet, abrimos os jornais ou ligamos a TV e o que mais vemos é a “descoberta de talentos” de filhos, netos, sobrinhos, maridos de medalhões. Cardumes e mais cardumes de piranhas. As Capitanias Hereditárias do velho Império tiveram seu conceito eternizado e transplantado para outros setores.

É comum lermos que “Fulano de Tal, que toca o instrumento X é filho do lendário Beltrano”. Toca bem? Não informam. Toca mal? Não informam. A matéria, em geral escrita por amebas da Capitania, só se interessa em dizer que o filho ou a filha do medalhão está em cena. Ponto. Para ele, é o suficiente e o leitor que se dane.

No jornalismo (como em toda a área de Comunicação) é tão melancólico quanto. A enxurrada de sobrenomes iguais (é muita cara de pau) denuncia o nepotismo. Não haveria problema (ninguém aqui é moralista) se o filho do Pluto, digamos assim, tivesse o mesmo talento do pai. Mas em geral não é o que acontece. Filho de barrigada mal dada, ao contrário do pai (ou do avô, tio, primo e similares) apura mal, escreve mal e tem a cara de pau de partir para o abraço assinando a matéria, aplaudida pela horda ignara.

Como a avaliação do talento na arte, cultura e mídia é bastante subjetiva, a coisa fica no zero a zero. No caso, por exemplo, de um neurocirurgião (e de muitas outras profissões que exigem notório saber) a situação é completamente diferente. Exemplo: se Paulo Niemeyer Filho não tivesse tanto ou mais talento do que o pai, muita gente teria morrido na sua mão e ele, certamente, seria rifado do mapa. Mas por ser muito bom e, também, ser filho do grande Paulo Niemeyer, ele atingiu alto grau de reconhecimento de seus colegas médicos e da chamada opinião pública.

Enquanto isso, nas Capitanias Hereditárias da mídia, li tempos atrás uma “reportagem” entre aspas assinada por um venal, falando de músicos medíocres, numa festa realizada num questionável e decadente "ponto da moda", lançando um disco vulgar, com a presença do famoso pai e avô dos músicos, mais mãe e avó e uma montanha de artistas famosos. O venal "jornalista" entre aspas, que também se acha diretor de cinema, faz clipes para a tal banda. Ah, sim, o pai do tal repórter é amiguinho do pai dos músicos. 

Resumindo: músicos filhos de pai e avós famosos, ganham reportagem escrita por um amiguinho que é também diretor de seus videoclipes e filhinhoo de um amigão do pai da banda.

Dizem que é sinal dos tempos. Não sei. Só sei que é fácil acusar a internet pelo fim do disco, dos jornais, das revistas. Até que ponto a tal maioria silenciosa perdeu a paciência com esse lixo produzido e cultuado pelas Capitanias Hereditárias? Ou o nepotismo acha que ninguém está notando, que ele é blindado, à prova de mérito?

Seria melancólico e não fosse escroto.


O avanço da máfia do fundamentalismo religioso no Brasil

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12 de outubro de 1995
12 de outubro de 1995
A máfia do fundamentalismo religioso, que se diz evangélico, tomou conta de todas as mídias. Incontáveis emissoras de rádios e TVs alugadas para igrejas que vendem milagres e arrastam a massa para o beija mão de seus políticos. Máfia tão poderosa que passa por cima da lei.

Concessões de canais de rádios e TVs não podem ser alugadas, mas a farra tomou conta. O aluguel de uma FM custa, para o dono da concessão (Rio e São Paulo) algo em torno de 500 mil reais por mês. O proprietário não gasta nada, não contrata ninguém, ele apenas aluga uma concessão pública e ouve o tilintar da grana caindo em sua conta bancária todo mês. Algo como se alguém alugasse praças, túneis, viadutos para terceiros.

Daria para acabar com a baderna, mas o Congresso Nacional também come na mão dos bispos com b minúsculo e similares, e a chamada “bancada evangélica” não para de crescer e avançar com uma absurda e desmedida fome de poder. Não há ética, não há fé genuína, não há honestidade. Há negociata, jogatina, tráfico de influência. As igrejas sérias (claro que elas existem e são muitas) acabam pagando uma conta que não é delas.

Uma amostra do poder dessa máfia foi a eleição de vários prefeitos em dezenas de cidades brasileiras, culminando com o escárnio que foi a vitória do bispo licenciado da igreja universal, Marcelo Crivella, que assumiu a Prefeitura do Rio. Um fenômeno que mostra o poder da universal, que reúne milhões de fies que são comandados pela bisparada como manada de descerebrados.

É impressionante a capacidade de organização da máfia do fundamentalismo religioso, em especial da igreja universal. A empresa aluga vários canais de TV e rádio com programas que fazem lavagem cerebral dia e a noite, além de ser dona da poderosa rede Record. A catequese do mal chega em todos os confins do país através de pastores que além do dízimo cobram votos.

Essa malta não quer pouco. Quer fabricar um presidente da república já que para eles o céu, além de não ser o limite, é a principal mercadoria do comércio. Adestrando pessoas, uma massa incalculável, fazem campanhas eleitorais em seus cultos visando apenas seus intere$$ses. Claro, o governo do Estado do Rio é o próximo golpe já que a eleição de Crivella abriu o caminho para a tigrada entrar.

Qual será o limite?

                                                                               

Santa infância

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                                                                           Nove anos                                                                           
                                               Com Catherine, praia de Itaipu, 2005
Muita gente postando fotos dos tempos de criança no Facebook em homenagem a 12 de outubro. Não sei explicar (será que não sei?), mas não conseguia me mobilizar, correr atrás de fotos minhas quando era pequeno para colocar lá também. Mas hoje decidi postar. Uma foto minha e outra de 2005 com minha sobrinha Catherine (então com cinco anos) na abençoada praia de Itaipu.

Cuidei e cuido mal de minha história pessoal, que está espalhada por aí e, sinceramente, nessas horas gostaria de ser mais cartesiano, mais “marcha soldado”, mais organizado, ter livros, cadernos com toda a minha história, meus milhares de textos publicados, mas não. O que vejo é uma zona, uma baderna, um emaranhado de coisas espalhadas, perdidas, sumidas.

Minha infância. Lembro muito bem dela porque é na infância que a felicidade plena, absoluta, deixa suas pegadas tatuadas em nossa alma, já que a infância é uma fantasia concreta. Acho que só na infância temos acesso temporário a felicidade plena porque vivíamos nadando no lúdico, nos sonhos, na ingenuidade, na alienação natural e sem o adestramento que vem mais tarde.

Minha infância foi em Angra dos Reis. Meu pai era oficial de Marinha e saímos daqui para morar na vila do Colégio Naval quando eu tinha uns três ou quatro anos. E lá vivi até quase nove.

Meu primeiro colégio ficava no centro de Angra e se chamava “Santa Infância”. Até recentemente tinha o diploma emoldurado em minha mesa de trabalho, mas ele também sumiu. Minha infância está guardada em minhas memórias e envolvem muitos passarinhos, em especial coleirinhos, tiês-sangue, sabiás, muito mar, pedras, siris, caranguejos e ele, o céu.

Ficava horas e mais horas deitado numa pedra de barriga para cima olhando o céu, vendo os jatos passarem muito alto riscando linhas retas e brancas naquele azul profundo. A noite, os jatos davam lugar aos satélites, que como estrelas minúsculas cruzavam o céu. Numa dessas sessões de contemplação lembro bem do meu primeiro, digamos, questionamento filosófico. Em pensamento perguntei para mim mesmo “será que sou feliz?”. Muitos anos depois, entregue a psicanálise (viva ela!), essa frase foi trabalhada exaustivamente. Trabalhada, trabalhada, trabalhada. Em resumo, minha infância foi tão feliz que custei a me desapegar.

Um dia, no final de uma sessão, disse para a minha querida analista “minha infância ficou em Angra. Mora lá, perambula por lá.” Foi no dia de um amanhecer de verão quando minha família deixou o Colégio Naval rumo a chamada civilização. Mudamos para Niterói. Lembro que quando saíamos de carro o “meu” coleirinho predileto cantava forte no alto de um ingazeiro enquanto o sol dava sinais de sua presença. Foi a última imagem de minha infância: o sol nascendo, o ingazeiro e o coleirinho. Minha santa infância acabava ali.

O lado B do disco da vida começou a tocar quando entrei em Niterói e tive que entender o que era um apartamento, sem mar, sem cipós, sem árvores, coleirinhos, ônibus, caminhões. Tive que engolir a insegurança pública, ir a colégio sendo levado por alguém, enfim, fui do Cosmos ao caos em poucos dias e fui apresentado a neurose.

Sofri muito, mas com o passar do tempo, dos ventos, dos amigos, grandes analistas e terapeutas e almas gêmeas como o meu pai (fiel e paciente depositário de minhas angústias), segui em frente e consegui guardar minha infância num precioso cofre sem chave, onde todos tem acesso porque não gosto de levar a vida cercado de senhas. O problema é que na sintomática balbúrdia da minha casa não sei onde o cofre foi parar.


Mas isso é outro assunto, para outras infâncias, para outros dias da criança de todos os tempos, céus, praias, serras e cantos de coleiros e sabiás.

Pimenta no lombo dos outros é Fanta Uva

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Quando chega outubro a inclemência acende o maçarico anunciando o apogeu da primavera que traz no bojo o bafo quente na nuca, cupins de lâmpada, tanajuras, o canto deprimente das cigarras, arrastões nas praias.

Para alegria do governo e seus comparsas (empresas de energia elétrica) é hora de bandeira vermelha na conta de luz, mais uma realização do governo Dilma. É nessa soleira que boa parte dos brasileiros em sua crônica bovinização contemplativa liga ventilador e ar condicionado para conseguir dormir, viver e morrer numa grana quando a conta de luz chegar. Estou escrevendo num ônibus com ar condicionado que cruza boa parte de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde o trânsito começa a se transformar na lenta lacraia do final do dia.

O motorista mantém a temperatura em 20 graus (que delicia) apesar de alguns passageiros (masoquistas) pedirem mais calor. “Não posso, são ordens da empresa” e como hoje acordei meio enviesado me meti na conversa e acrescentei “a temperatura está ótima; o senhor deveria ter escolhido um ônibus sem ar ou então trazer um casaco”. O cara olhou para mim, ia falar qualquer coisa, mas desistiu.

Lá fora de cada 10 carros que vejo, nove tem ar condicionado. Lembro do amigo Reginaldo que ano passado trocou um carro sem ar com zaralhadas de cavalos de potência por um 1.0 com ar. Ele me disse que “cansei de padecer, fingir que esse flagelo do calor é oba-oba, chuva suor e cerveja”.

Com o desmatamento generalizado a temperatura subiu ainda mais e tornou-se insuportável para muitos. Exceção para a indústria da cerveja, filtro solar, e de babaquices em geral. Já notei que a maioria das pessoas que cultua o calor é babaca, mas isso é um critério totalmente subjetivo e pessoal. Quer dizer, mais ou menos. 

Lembro que quando fui fazer vestibular (que por si só já era uma merda), acordei as 6 e meia da manhã e encarei um calor demolidor para chegar ao local da prova, que não tinha ar condicionado. Acordar cedo já é um suplício, com calor vira humilhação e com vestibular é fim do mundo.

Leio que no Rio somente 30% da frota de ônibus tem ar condicionado. Como assim? Imagine ônibus sem calefação em Moscou, Londres, Paris, em pleno inverno? Morreria todo mundo. Aí vão dizer, “mas aqui não morre”. Não morre é o cacete. O calor traz dengue, zika, giárdia, febre maculosa, malária, conjuntivite, febre amarela, dengue, chikungunya, etc. Ou seja, morre gente pra cacete. Especialmente nos últimos anos, quando o país foi atirado no esgoto.

Essa transição chamada primavera (na verdade um verão travestido de floricultura) gera aporrinhações extras. Por exemplo, os comerciantes espertos ligam o ar condicionado no mínimo. Os modelos split indicam a temperatura desejada e não a temperatura ambiente.   

Chegamos num restaurante e o ar marca 23 graus, mas o calor é forte, suamos em bicas, reclamamos com o garçom que logo aponta para os 23 graus. Não chega a rolar bate boca, mas ele sabe que está errado e quando insistimos ele baixa a temperatura.

Já decepcionistas e atendentes de consultórios e escritórios, quase todas, sei lá porque são friorentas. Passam o dia sentadas ali, segundo elas “na ponta do iceberg” e quando chegamos está um forno. Pedimos para baixar a temperatura e elas, sempre de má vontade, resistem com o mesmo argumento: “poxa, mas está marcando 24 graus”. Fazer o que?

Pimenta no lombo dos outros é chica bom.


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