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A “psiquiatrização” da sociedade, transformada em savana de doidos

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O clássico filme The Good, the Bad and the Ugly insinuava que a sociedade contemporânea dividia a espécie humana entre bons, maus e feios. Hoje, inflada pela má medicina, essa mesma sociedade prefere definir as pessoas utilizando expressões (e achismos) psiquiátricos do tipo “fulano é bipolar” ou “é depressivo” ou “é paranóico”, ou “é psicótico”.

Essa ideia da “psiquiatrização” social é de uma grande amiga que, como eu, já leu nas obras de Freud, Jung e até de Carlos Zéfiro que todo o ser humano tem, teve ou terá em sua vida uma grande depressão sem motivo, ou uma série de pitís, passando por situações meio paranóides, e depois tudo ficará bem, voltando a oscilar. Em outras palavras, podemos dizer que a felicidade reside num pêndulo invisível.

Mas, quem fabrica as bombas da vida quer mais que a “psiquiatrização” se torne uma norma social, uma regra, uma nova ordem mundial para que seus remedinhos vendam como óleo de fígado de bacalhau nos anos 1960 e cocaína nos 80. É a medicina do negócio. Minha amiga e eu, felizmente, conhecemos médicos bons, honrados, éticos, que não acreditam na “psiquiatrização” de coisa alguma, mas também sabemos da existência de outros profissionais que estão afogados até o pescoço em conluios com os laboratórios.

Minha amiga e eu não temos nada contra a evolução da industria farmacêutica, que tem sido crucial no alívio de problemas emocionais. Nossa, que maravilha! Não vai aqui nenhuma crítica a evolução da psicofarmacologia, lembrando que essa evolução se deu, também, a partir do programa espacial que atirou o homem fora de seu planeta onde pôde experimentar sensações inéditas como a mais radical definição de seu micro-tamanho perante o mundo, o Universo. Muitos astronautas, mas muitos mesmos, piraram quando saíram literalmente do planeta.

Uma coisa é chegar na janela, olhar para o céu e pensar “como é grande o Universo” a outra é olhar da escotilha de uma capsula espacial o gigantismo do nosso mundo e, do outro lado, o infinito real. Já imaginaram o que sente um astronauta, vagando pelo espaço amarrado a nave por um fio, sabendo que se aquele vínculo se romper ele voará, voará, voará até acabar o ar, no mais absoluto silêncio já que, sem oxigênio, nem o direito ao grito final ele terá?

Da mesma forma que nunca entendi para que serve o clássico “diga trinta e três” em exames clínicos, não será um mal estar espiritual, um baixo astral, uma crise de ansiedade que me levará a inútil divagação de que poderei ter sido engolido por graves doenças emocionais, muito bem definidas pelo Pink Floyd (“Dark Side Of The Moon”) como “Brain Damage” (assista lá em cima). Aí vem um e diz que “de médico e louco todos temos um pouco”. Eu não, meu camarada.

Está na hora do ser humano descer do balaustre da sua pueril onipotência e reconhecer que o pití existe, é natural, todos passam, passaram ou vão passar por ele em algum momento da existência. Quem assistiu ao sensacional filme “A Guerra do Fogo”* de Jean Jacques Annaud, viu a cena dos primatas que, fugindo de tigres dentes de sabre, subiram em uma árvore onde permaneceram dias e mais dias, a ponto de comerem todas as folhas dos galhos. Achavam que os tigres estavam lá embaixo, quando na verdade os felinos já tinham caído fora há muito tempo. O que Annaud quis dizer é que a tão propalada ansiedade antecipatória já está “instalada” no ser humano desde os primórdios.

A “psiquiatrização” avança pelo mundo, adoecendo que não está doente e tirando a luneta dos verdadeiros sociopatas como os corruptos compulsivos, assassinos em série, pedófilos e outras moléstias sociais. Voltarei ao assunto um dia desses. E viva os bons médicos!

* O filme “A Guerra do Fogo”, de 1981, retrata a nossa origem comum e enfatiza pontos da Teoria de Charles Darwin. Porém, durante todo o filme a pergunta: por que e como somos diferentes dos demais animais se a nossa origem é a mesma? E por que a diferença de comportamento entre os indivíduos e grupos de indivíduos se todos os seres humanos são membros da mesma humanidade?  Essas perguntas são respondidas no decorrer da história do filme, quando vemos diferentes grupos de hominídeos com habilidades diferentes de simbolizar e expressar sensações no meio onde viviam. A resposta estava na cultura.

Quando o primeiro grupo de hominídeos se vira sem o fogo, importante para a culinária e segurança do seu grupo além de proteção contra o imenso frio, já que ainda viviam seminus, três deles partiram para uma aventura, que os levou não somente a trazer de volta o fogo, mas também conhecimentos e tecnologia que contribuíram a evolução do seu grupo, através de contato com outros grupos mais evoluídos. 

Essa diferença entre todos os hominídeos apresentados no filme se mostra quando os protagonistas se deparam com grupos menos evoluídos (canibais) e outro mais evoluído, descobrindo técnicas de artesanato, pintura corporal, lançadores de flecha, cerâmica, ervas medicinais, construção de cabanas e, principalmente, a arte de produzir fogo por atrito. 

Além da linguagem e expressões como o sorriso e o humor, vindos de uma pedrada na cabeça involuntária e até mesmo o amor quando o líder do pequeno grupo se apaixona pela nativa daquela comunidade mais evoluída e com ela aprende a correta forma de se relacionar sexualmente e a respeitar seu semelhante.



O grito do Pink Floyd na pequena rua engolida pelo calor

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                                          Impressionante.                                                                                


Faz algum tempo. Eu andava por uma pequena rua que não conheço, no miolo de um bairro operário provavelmente o mais quente que já pisei, fora Bangu, no Rio. Eram duas da tarde e, penso, a temperatura ali passava dos 37 graus. Não falo da tal sensação térmica, invenção pequeno-burguesa dos neo-meteorologistas, mas de temperatura mesmo.

Não lembro em que pensava, afundando o pé naquela lama asfáltica desesperadora e opaca, doença industrial que ajudou a enterrar o planeta. Ou alguém duvida que o nosso planeta, outrora azul, foi enterrado vivo pela especulação imobiliária, desmatamento, poluição generalizada, desgovernos, desconsiderações generalizadas?

Eu não estava legal, não. Parei numa espécie de bar que vendia bombril, madeira, pastel, lâmpada, quibe, mariola, café, chumbinho e quando pedi uma H2O Limoneto o balconista me olhou com cara de “que porra é essa?”. Tudo bem. Migrei para uma água sem gás e fiquei contemplando a ausência de paisagem daquele lugar, tomado de telhados de amianto. Pensei em não voltar mais lá, mas havia um compromisso. E se eu rompesse o compromisso? Não faz o meu estilo. Ia tomar um café, mas desisti quando vi o estado do coador, jogado num canto da pia. Paguei a água e saí.

Caminhava pela rua sem árvores, calçada cheia de rombos, buracos, fissuras, cachorros deitados em cantos de muro e, de repente, ouvi um grito conhecido. Conhecido, não, muito conhecido. Preocupado, parei embaixo de uma marquise ligeiramente podre e ouvi o final de “Speak To Me”, faixa que abre o genial e eterno álbum The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, 1973. Na sequência, emendada, depois do grito desesperado, aflito, tomado de agonia, o alívio de “Breathe”.

Não quis saber de onde estava vindo aquela música que caiu como luva em meu estado emocional. No meio do calor comocional, mais mormaço existencial e outros acessórios, engolido por dúvidas, pensamentos caóticos e muitas vezes incoerentes, o grito da música no meio daquela inconveniente lareira psíquica foi a trilha sonora perfeita que o destino (meu chapa) escolheu para sonorizar a minha angústia.

Angústia que clamava pela suavidade de “Breath” que, não sei porque, a pessoa que ouvia abaixou o volume logo nos primeiros acordes. Provavelmente também estava encarando uma crise de histeria muda parecida com a minha e queria mais gritos, mais gritos, algum berro, mas, ao contrário de mim, não quis o conforto, o colo, a bruma, a suavidade de “Breath”.

Continuei andando pela rua que, apesar de pequena, suja, estreita, parecia não acabar. Cruzei com pessoas que pareciam zumbis, banhadas de suor, apáticas, lesadas, balas perdidas quase cambaleando sem terem o que falar, ouvir, olhar. Olhar o que naquela paisagem sem vida? Provavelmente eu também devia estar assim, estático, fora da área de cobertura, olhos secos, boca seca, suor, leve desespero e muita angústia.

Pensei “quando chegar num computador vou escrever alguma coisa agradecendo a pessoa que colocou “Speak To Me” e “Breath” justamente na hora que eu estava passando por aquela picada.” E é o que faço agora. Mais do que um desabafo, esse texto pretende agradecer a anônima pessoa que gritou através do Pink Floyd mas que não quis arrefecer, como eu. Sim, com “Breath” arrefeci. Precisava reiniciar o raciocínio lógico pois entraria em uma reunião de trabalho meia hora depois.

Tive que calar. Pior: tive que dissimular, inventar um alívio inexistente porque em 28 minutos teria que estar encenando um outro papel, de brasileiro gente boa que adora o país tropical, o calor, o suor, e abomina crises existenciais que ele, brasileirinho, chama de coisas de baixo intelecto. Sabem como é? É isso aí.



Indonésia, fuzilamento como marketing político

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Joko Widodo, populismo desvairado
 Joko Widodo, qualquer coisa para aparecer
Hitler? Mussolini? Getúlio? Não, é Joko Widodo
O que a Indonésia exporta
O que a Indonésia esconde

Em qualquer lugar do mundo a pena de morte é inadmissível, intolerável, medieval. Corrupta até a medula, a Indonésia acha que vai acabar com o tráfico de drogas fuzilando os traficantes, como bem lembrou Zuenir Ventura em sua coluna no Globo.


Pensando bem, é mais fácil matar todo mundo do que parar de roubar, extorquir, chantagear. A corrupção é o maior e mais incurável dos vícios. Em qualquer lugar, em qualquer época, em qualquer regime. A Indonésia é isso: podridão em seu estado mais bruto. Roubalheira em todos os níveis, todas as horas, todos os dias, que beneficia diretamente os grandes chefões internacionais do narcotráfico que enfiam rios de dinheiro nos bolsos.


De acordo com o jornal gaúcho Zero Hora “uma das heranças do regime autoritário é a corrupção. Em um estudo da Transparência Internacional divulgado no ano passado, 89% dos entrevistados disseram que o parlamento da Indonésia é corrupto ou extremamente corrupto.”


O presidente Joko Widodo (53 anos) tomou posse recentemente, no final de outubro de 2014. Fez a campanha eleitoral prometendo moralizar o governo e acabar com o tráfico de drogas. Ele é o sexto presidente do país e em três meses de governo ainda não veio à tona nenhum escândalo de corrupção.


O que se sabe é que Widodo mandou lotar o corredor da morte para fazer marketing internacional. Bilhões de pessoas em todo o planeta (no Brasil, inclusive) aplaudem o fuzilamento como solução para a criminalidade. Esquecem esses defensores das execuções, que onde há pena de morte há mais juízes corruptos, promotores larápios, governantes venais. Pena de morte, além de insana e desumana, sacia a gula implacável da corrupção.


Na Indonésia são quase 240 milhões de pessoas (a maioria pobre) dopadas pelo fanatismo religioso e também pelas drogas pesadas que são usadas a qualquer hora do dia e da noite nas quase 18 mil ilhas que formam o país. O voto é direto e a lei é a da propina.


Antes da cruzada politiqueira de Joko Widodo, com 50 dólares trocados no bolso ninguém ia preso por lá. Pagando 10 dólares de suborno fumava-se haxixe em frente a qualquer policial. Por isso, uma horda de vagabundos de todo o mundo levava a vida numa boa traficando drogas no país e de fora do país. 

Widodo está em êxtase, popularidade em alta, jaulas cheias. Por isso o brasileiro Marco Archer Moreira foi fuzilado e o outro está a caminho do paredão. Não adianta a diplomacia brasileira se esforçar, implorar. O fuzilamento de traficantes (de preferência estrangeiros) é uma das logomarcas de Joko Widodo, político moralista, estilo que muito lembra aquele hediondo caçador de marajás brasileiro.


Fuzila-se para “vender austeridade” ao público externo, naquele bizarro mercado onde policial se vende, juiz se vende, advogado se vende, jornalista, militar e, principalmente, carcereiros e diretores de presídios dão a cara a tapa em troca de míseras notinhas. Estão entre os que mais faturam.


O niteroiense Rogério Paez, que foi preso lá em 2003 (ficou preso até 2011) carregando apenas três gramas de haxixe, disse a Juliana Dal Piva, do jornal O Dia, que gastou mais de 100 mil dólares com advogados e com a extorsão. 
Trechos da entrevista:


“Em Bali, o pessoal ia fazer visita e cobravam 20 miligramas disso, 30 daquilo. Nesse de segurança máxima (Nusa Kambangan), os chefões davam 50 ou 100 miligramas para o guarda levar para dentro. Dava metade para o cara vender lá dentro e o resto para quem quisesse usar. Mas em Bali, era atacadista, vendia heroína, ecstasy, metanfetamina.”


“O bloco (dos presos) era em um andar só, em formato de octágono. Vinha um guardinha da prisão como se estivesse vendendo sorvete ou biscoito. Ele dizia: ‘tem arak (bebida) e tem putaw (heroína). Quer putaw?’ Tirava a bota e pegava um canudinho assim com heroína. Arak é uma cachaça de terceira”.


“Se você tivesse dinheiro, como vários lá tinham, pegava uma cela do tamanho de metade dessa sala, com laptop, antena parabólica, cara para lavar o chão, fazer comida e droga à vontade. Mais do que do lado de fora”.



Leia a íntegra da entrevista aqui: http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-01-20/brasileiro-conta-como-era-a-vida-em-prisao-na-indonesia.html

Em sua coluna no Globo, nesta quarta-feira, Zuenir Ventura lembrou que “há cinco décadas, em novembro de 1965, o general Suharto deu um golpe de Estado e ordenou a eliminação de cerca de um milhão de pessoas acusadas de serem comunistas. O chamado “Massacre de Jacarta” foi considerado pela própria CIA, que ajudou a planejá-lo, como um dos piores do século XX – e isso num século que teve nazismo e stalinismo em sua trajetória”.


Morte que segue, sob o dourado e dopado sol da Indonésia.







Vitrine: Livros, Vinis, CDs, DVDs

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Estreando hoje sugestões de discos de vinil. Vale conferir.
                    
          Livro: Delta de Vênus: histórias eróticas – Anaïs Nin  
                                                 
Prostitutas que satisfazem os mais estranhos desejos de seus clientes. Mulheres que se aventuram com desconhecidos para descobrir sua própria sexualidade. Triângulos amorosos e orgias. Modelos e artistas que se envolvem num misto de culto ao sexo e à beleza. Aristocratas excêntricos e homens que enlouquecem as mulheres.

Estes são alguns dos personagens que habitam os contos eróticos de "Delta de Vênus", de Anaïs Nin. Escritas no início dadécada de 40 sob a encomenda de um cliente misterioso, essas histórias se passam num mundo europeu-aristocrático decadente, movido por novas experiências sexuais e emocionais.


Discípula das descobertas eróticas radicais, Anaïs Nin aplicou nesses textos a delicadeza de estilo que lhe era característica e a pungência sexual que experimentou na sua própria vida. Mais do que contos eróticos, Delta de Vênus oferece ao leitor histórias de libertação e superação.


Anaïs Nin (21 de fevereiro de 1903, Neuilly, perto de Paris — 14 de janeiro de 1977, Los Angeles) batizada Angela Anaïs Juana Antolina Rosa Edelmira Nin y Culmell, era filha do compositor Joaquin Nin, cubano criado na Espanha e Rosa Culmell y Vigaraud, de origens cubana, francesa e dinamarquesa. Anaïs tornou-se famosa pela publicação de diários pessoais, que medem um período de quarenta anos, começando quando tinha doze. Foi amante de Henry Miller e só permitiu que seus diários fossem publicados após a morte de seu marido Hugh Guiler.


Editora: L&PM Pocket – 302 páginas

       
                    Livro: Operação Brasil - Durval Lourenço Pereira
                                                          

Agosto de 1942: o Brasil declara guerra ao Eixo. O estopim: o ataque a vários navios mercantes e de passageiros brasileiros no litoral do Nordeste por uma ofensiva naval nazista, provocando a morte de centenas de inocentes. Por que os nazistas afundaram navios desarmados de um país até então não envolvido na guerra? Qual era o objetivo do governo comandado por Hitler?

"Operação Brasil" revela a origem dos eventos que culminaram com esse ataque e levaram nosso país a entrar na Segunda Guerra Mundial.


A obra traz aspectos até agora inexplorados da ação militar que não só mudou os destinos do país, mas também alterou os rumos do conflito a favor dos Aliados.


Além de uma narrativa fascinante, que mantém o leitor preso até o final, o livro apresenta documentos importantes, relatos de sobreviventes e testemunhos de civis, militares, funcionários do setor diplomático e do alto escalão do Estado (brasileiros, alemães e norte-americanos).


Editora Contexto – 336 páginas

   Livro: Nomofobia – Dependência do computador, internet, redes sociais? Dependência do telefone celular? –Antonio Egidio Nardi, Adriana Cardoso, Anna Lucia Spear King
                                                    

O impacto das novas tecnologias (computador, internet, redes sociais, telefone celular, entre outras) no comportamento humano. O Grupo DELETE - Desintoxicação de Tecnologi@s, institucionalizado na UFRJ, é o primeiro centro no Brasil especializado exclusivamente no atendimento dos usuários abusivos e dependentes das tecnologias.

Sãos pioneiros em 'detox digital', educação digital, pesquisas científicas no tema, tratamento, informação e orientação para um uso consciente de tecnologias.


Editora Atheneu - 240 páginas
   
               Vinil: – Led Zeppelin III remasterizado por Jimmy Page
                                                          

Os relançamentos de "Led Zeppelin", "Led Zeppelin II" e "Led Zeppelin III" são apenas os primeiros de uma série de relançamentos dos nove álbuns de estúdio em ordem cronológica, todos remasterizados por Jimmy Page. Também serão compartilhadas versões de estúdio e ao-vivo nunca lançadas oficialmente, de músicas relacionadas a cada álbum.

Segundo Page, "o material em cada disco extra é um portal para a época da gravação de cada álbum do Led Zeppelin. É uma seleção do progresso do trabalho com mixagens iniciais, faixas sem áudio, versões alternativas e material inédito gravado na época."

Algumas mudanças foram substanciais, por isso procure ouvir antes de comprar. Na internet existem vários sites onde é possível ouvir.                                                    
                                    Vinil:  Jack White - Lazaretto
                                                        

“Lazaretto” é o segundo álbum de estúdio do músico Jack White, lançado em junho de 2014 através da Third Man Records em associação com os selos XL e Columbia Records.

Sucesso mundial de crítica, “Lazaretto” também vai muito bem nas vendas, estreando em primeiro na lista Billboard 200 ao vender 138 000 cópias em sua primeira semana de vendas nos Estados Unidos. Em vinil vendeu 40 mil unidades no dia do lançamento. Esta foi a maior marca de vendas deste formato de mídia desde 1991.


Jack White tem 39 anos, é compositor, guitarrista, cantor e produtor musical norte-americano. Vive em Nashville onde tem um estúdio. Já ganhou três Grammy Awards.

                                      
                      Vinil: Johnny Winter - Step Back
                                                            

“Step Back” é um álbum de puro blues do guitarrista, compositor e e cantor Johnny Winter. Ele mostra performances primorosas, com vários músicos convidados: Eric Clapton, Doctor John, Billy Gibbons do ZZ Top, Joe Perry do Aerosmith e Brian Setzer do Stray Cats.


O álbum foi lançado depois da morte de Winter em julho do ano passado. Ele tinha terminado de gravar “Step Back” e saiu em turnê pela Europa, onde morreu aos 70 anos. Discaço, ganhou o Grammy de “melhor álbum de blues”.

             
                              CD: Foo Fighters - Sonic Highways
                                                          

A banda está em turnê pelo Brasil lançando seu oitavo álbum de estúdio, “Sonic Highways”. A ideia do trabalho foi fazer um mapa musical dos Estados Unidos, simbolizado pelas “rodovias sonoras” do país.

O disco foi gravado em oito cidades: Chicago, Austin, Nashville, Los Angeles, Seattle, New Orleans, Washington e New York. Paralelamente, o fundador e líder da banda Dave Grohl bancou um documentário "Sound City" que está sendo exibido no canal de TV HBO. Nele, Grohl visita diversos estúdios que abrigaram grandes artistas. Entre os músicos já entrevistados para série, estão Paul Stanley (Kiss), Nancy Wilson (Heart) e Joe Walsh (Eagles).    
                          
                                     CD: Legião Urbana – Perfil
                                                        

Ninguém poderia imaginar que um distrito criado para habitar burocratas pudesse se transformar no maior expoente da rebeldia juvenil da década de 80.

Além de seu caráter eminentemente político, Brasília é lembrada por muitos como a terra do rock. O cerrado de Brasília foi o palco do nascimento de inúmeras bandas, entre elas a Legião Urbana.


O ano era 1982. Renato Russo tinha acabado de romper com sua primeira banda, a Aborto Elétrico, e estava entediado, com uma enorme vontade de abrir o verbo.


Foi quando formou a Legião Urbana. Em 1985, a banda veio ao Rio de Janeiro e, através dos integrantes dos Paralamas do Sucesso, entregaram uma fitinha caseira a Maurício Valladares, produtor e apresentador do programa Rock Alive, que ia ao ar na Radio Fluminense FM, a Maldita. A demotape, com “Será”, estourou na Fluminense e a Legião assinou contrato com a gravadora EMI, gravando o primeiro disco na sequencia. 


Politizado e também com canções que falavam de, o disco foi um sucesso absoluto de público e crítica e colocou a banda no topo. De 1985 a 1996, 13 álbuns foram lançados, somando mais de 20 milhões de discos vendidos. Mesmo com a morte de Renato Russo e o consequente fim do grupo, em 1996, a Legião continua sendo um dos artistas mais vendidos do país.


Diante de todo esse sucesso, a série Perfil resolveu homenagear a banda. O repertório do CD, com 14 canções, foi definido pelos próprios fãs, através de uma votação pelo no site da Legião Urbana. A ideia de montar um repertório interativo veio da frase que Renato Russo costumava dizer durante seus shows: “A gente está aqui no palco, mas a verdadeira Legião Urbana são vocês”. 

                                  
                           CD: BeatleJazz - All You Need
                                                      

 A série BeatleJazz foi criada pelo baterista e percussionista Brian Melvin e pelo pianista David Kikoski. Brian vem adaptando músicas dos Beatles para o jazz há mais de 15 anos. Em 1999 os músicos decidiram gravar um álbum com criativos arranjos de jazz para as músicas mais amadas do século 20, foi aí que tudo começou.

O trio Brian Melvin (baterista), David Kioski (piano) e Charles Fambrough (contrabaixo) são responsáveis pelos 2 primeiros CDs da série. “A bite of the Aplle”, primeiro álbum, sucesso instantâneo nos EUA e logo alcançou o Top 10 das rádios de jazz. O segundo título, “Another Bite of the Aplle”, mais uma vez colocou a série entre os 10 mais executados das rádios.

“With a little help from our friends”, o terceiro CD da série, apresenta os músicos Michael Brecker, John Scofield, Mike Stern, Randy Brecker, Larry Grenadier e Boris Koslov.  Ao adicionar alguns amigos e novas cores ao seu som, o projeto BeatleJazz tornou-se hit internacional e foi aclamado como um dos melhores do ano.


A série foi lançada no Brasil juntamente ao quarto álbum: “All You Need”. O novo e excelente trabalho apresenta Toots Thilemans (harmônica), o celebrado e entusiasmado artista africano Richard Bonn (contrabaixo) e o respeitado Joe Lovano (saxofone) em novos arranjos feitos por Brian e David.


A escolha de todo repertório é excelente e o resultado inovador, cheio de virtuosidade musical, mantendo a essência de cada canção. 

                      DVD Bob Dylan - No Direction Home (Duplo)
                                                        

“No Direction Home” é um genial documentário de Martin Scorsese que traça a vida de Bob Dylan e seu impacto na música popular americana e na cultura do século XX.



Apaixonado por rock blues, depois de produzir a série de filmes The Blues Martin Scorsese mergulhou em Bob Dylan. Com a proposta de desvendar um verdadeiro mito da música norte-americana, o diretor investiga a vida de Dylan, desde suas raízes em Minnesota, suas primeiras aparições até sua tumultuada ascensão ao estrelato em 1966. Depoimentos enriquecem a produção, que traz cenas raras, tanto de apresentações ao vivo quanto de entrevistas.


Martin Scorsese nunca encontrou Bob Dylan, nem discutiu o filme com ele. No entanto, trabalhou exaustivamente com o músico durante as filmagens de “The Last Waltz” (no Brasil, “O Último Concerto de Rock”. Para “No Direction Home” Bob Dylan autorizou que o cineasta tivesse acesso aos seus arquivos pessoais e todo seu material em gravadoras.


O título do documentário vem de um dos versos da canção “Like a Rolling Stone.”

                                                      
DVD: Rock And Roll Hall Of Fame – 25th Anniversary – DVD TRIPLO – Vários Artistas

                                                          

Nas noites de 29 e 30 de outubro de 2009, o Madison Square Garden se tornou palco de um encontro antológico entre grandes nomes do rock/pop

O DVD “The 25th Anniversary Rock And Roll Hall Of Fame Concerts” apresenta grandes artistas reunidos em shows inéditos e que provavelmente jamais serão vistos de novo.


Os artistas: Jerry Lee Lewis; Crosby, Stills, and Nash; Stevie Wonder; Paul Simon; Little Anthony and The Imperials; Aretha Franklin; Metallica; U2; Jeff Beck; Bruce Springsteen & The E Street Band.                                   
            
                             DVD: Albert Collins - Live at Mountreux
                                                        

Gravado um ano antes da morte de Albert Collins aos 61 anos, este show no Montreux Jazz Festival de 1992 traz o guitarrista em ótima forma. Com sua já tradicional guitarra Fender Telecaster e seu estilo único de tocar, apresenta um repertório que vai desde um de seus primeiros sucessos a músicas de seu último disco, “Iceman”. Para completar, clássicos de sua apresentação no Montreux Jazz Festival de 1979 foram incluídos nos extras.


Além de se tornar um dos principais nomes do blues, Albert Collins era apontado como um dos melhores artistas em performances ao vivo. Tocando sem paleta e com afinação em tons menores Collins serviu de inspiração para grandes músicos de diferentes gêneros, como o lendário Jimi Hendrix. O guitarrista fez parcerias com Janis Joplin, Johnny Winter, David Bowie, John Mayall e B.B. King, só para citar alguns.


Ficou conhecido por mesclar as três principais origens do blues: do Texas, do Mississippi e de Chicago. Sua carreira encerrada abruptamente lhe rendeu importantes conquistas, vários prêmios e muitas homenagens.


A orgia das hienas da energia elétrica, ou, um país à Bangu com 37 graus à sombra

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            Dakar, Senegal.                                    
 
 
 
 
                                                                               
                                                     
                        
Antes de escrever acessei a web para ver como está o tempo em Dakar, capital do Senegal. Afinal, é comum ouvirmos “está um calor senegalês” quando dizem que o maçarico anda insuportável. Pois bem, saibam que hoje o céu está claro e a temperatura é de 20 graus em Dakar. Suíça, totalmente Suíça. Ao longo dos próximos dias, temperatura média de 21 graus, céu claro.
Fui ao Hortifruti comprar água de coco em garrafada (pura, 100% pura) e encontrei um sujeito chato pra cacete. Chato, mas uma ótima fonte de notícias. Sempre foi, desde a adolescência. É chato mas é extremamente bem informado, lê tudo, conhece muita gente e apesar de ser médico diz que adoraria ser, também, jornalista.
Ele me contou que empresas distribuidoras de energia elétrica estão festejando loucamente a facada que já estão dando em nossas costas. Por conta de represas vazias, usinas termoelétricas virando 24 horas, incompetência (ou leviandade) do governo em geral e, lógico, aumentos absurdos nas contas de luz, enfeitadas com o marketing das bandeirinhas vermelhas.
Um cliente meu é altop executivo de uma distribuidora e eu o atendo em meu consultório, em Brasília. Estava radiante, parecia uma criança. Ele me disse que a estimativa de lucros das distribuidoras e concessionárias está na casa dos 25%. Isso mesmo, 25% limpinhos nos bolsos. Alegria geral”.
Enfurecido, mas calado, quase arremessei a garrafa de água de coco no teto do Hortifruti, não porque a festa dos urubus fosse uma novidade mas pela confirmação do que eu já suspeitava. É lógico que tem muita gente deitando e rolando nessa crise, a começar pelos bunkers de negociatas em Brasília. Afinal, no Brasil de hoje a podridão é o espelho da nação.
Outra crise que está rendendo bilhões. Essa semana o governo nos deu mais uma calça arriada ao anunciar o pacotão de assaltos, que culminam com o aumento do preço dos combustíveis que é lógico, evidente, só um imbecil não vê, é para cobrir o rombo da corrupção na Petrobras. Ou seja, pagamos para a cambada roubar e agora pagamos de novo para a Petrobrás continuar sendo assaltada. Ou alguém acredita que tudo mudou de repente, tudo azul, todo mundo nu?
Um pouquinho mais de Brasil. Ontem fui a uma agência bancária sacar 60 reais. Das cinco máquinas, três estavam quebradas, ou “em manutenção” como diz o “tecnologismo” de praxe. Fila, é lógico. Calor, idem porque o ar condicionado não dava vazão.
Vinte minutos depois, com os 60 reais no bolso, vi uma confusão na esquina. Uma van fez a curva de mal jeito e a roda de trás passou em cima do pé esquerdo de uma senhora que, graças a seus ululantes atributos físicos, ganhou a ajuda de uma dezena de homens e, evidentemente, do motorista da van que quase apanhou. Ele levou a vítima para um hospital. Movido por péssimas (???) intenções, me ofereci para conduzir a capitosa senhora, mas fui voto vencido. A fila não andou.
Voltei para a minha oca de trabalho e prossegui escrevendo um trabalho apaixonante, ouvindo os novos discos do Beck (“Morning Phase”) e o de Jack White (“Lazaretto”). Quando cheguei na página 39 fiz uma pausa para aporrinhação. Lembrei que precisava comprar um chip para um celular que jazia adormecido numa gaveta.
Deixei o cursor do computador piscando e fui para a rua. Entrei na revenda de uma operadora, tudo moderninho, atendentes com notebooks HP zerados e munidos de total boçalidade e mau humor. O assunto (não aguento mais) era o calor e o ar condicionado que “não está aguentando”, dizia uma carrancuda mocinha, que em TPM poderia trabalhar como touro em Sevilha. O cidadão que me vendia o chip queria empurrar uma linha pós-paga de qualquer maneira, apesar de, calmo, muito calmo, explicar a ele que eu queria um chip pré-pago e ponto final.
Pediu meu CPF. Digitou não sei o que. Não sei porque o antílope estava com a tampa do notebook virada para ele. De repente, testa suando, pediu que fôssemos para uma outra mesa. Percebi que algo errado havia acontecido naquela aflita “tecladagem” dele. Fomos. Plec, plec, plec, digitava o rapaz. Pediu a identidade de novo, em seguida meu endereço com CEP, mais uma vez. Tudo em capítulos, como Albertinho Limonta numa novela chamada “O Direito de Nascer” que assisti quando era pequeno. A novela durou quase um ano e quem não assistiu ou não ouviu falar pode confirmar no Yahoo, Bing, Google e similares.
Tudo certo. Veio o chip num pacotinho muito parecido com aqueles que guardam lencinhos úmidos de avião europeu. Estava lá o número do meu telefone. Ele pediu que eu pegasse o celular e digitasse asterisco e um número. Foi o que fiz. Uma voz gravada informou que em duas horas meu telefone estaria funcionando. Paguei e fui embora. O sinal chegou e, para testar, liguei de um telefone fixo para o de chip novo. Não tocou. Em menos de cinco minutos, o telefone de onde liguei chamou e era um senhor perguntando quem havia ligado para ele. Resumindo: meu chip estava com o número clonado! Voltei a loja. Cafezinho, desculpas (“está muito calor”) e peguei o chip certo.
Antes de retomar o trabalho, verifiquei os e-mails. Um press release estava cheio de erros de concordância. Mandei uma mensagem confidencial e elegante para a colega alertando sobre as calamidades. Ela gostou porque respondeu com um “valeu, LAM!”.
Mais e-mails, uns 30, informando que receberam mensagens dizendo que meu endereço eletrônico havia mudado. Mentira! Comuniquei a lista toda que não mudei de e-mail e quase postei uma nota no Facebook, o que acabei não fazendo para não amplificar ainda mais o problema.
Da cozinha de meu lar ouvi um estrondo. O sujeito que veio trocar o reator da lâmpada fluorescente caiu da escada. Na verdade a escada (que não era minha), vagabunda, abriu no meio. O cara não se machucou, mas, ainda assim, pedi desculpas.
E assim cavalga esse alegre Brasil, que na tarde de ontem fez 33 graus em Friburgo, 34 em Teresópolis e 35 em Petrópolis. Brasil de orgias de empresários canalhas, que alaga até com sereno, não adia o carnaval nem com calamidade pública e vai fazer Olimpíadas ano que vem no auge da recessão, sem chip de telefone, van passando em cima dos outros e é isso aí. Sôda-se, diria Fócrates.
P.S. - Algum parlamentar se habilita a fazer uma auditoria nas contas das Olimpíadas? Nada demais, só prevenção. Que tal? A sugestão é do amigo que encontrei no Hortifruti.
P.S. 2 – Chico Alencar para presidente da Câmara dos Deputados!


“Jimi Hendrix foi quase um Garrincha do rock and roll” (Caíque Fellows)

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Fundamental assistir a este curto vídeo antes de ler o artigo. Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=BXfUeYyj9Lc

                                            Caíque Fellows                                                                                   
                                                                             
                                                                                  
                                                                      
                                          Experience: Noel Redding, Mitch Mitchell, Jimi Hendrix
                                          Com Janis Joplin
                                          Com Jonnhy Winter
                                           Com Linda Eastman, mais tarde McCartney
                                           Com Mick Jagger
                                           Com The Who                                        
                                                                               
                                            Com Brian Jones                                                                                     
     Monterey Pop Festival - 1967                                                                          
    Último sonho realizado: o Electric Lady Studios                                   
                                                                         
                                                    Gravando                                                                                 
                Exaustão                                                                                 
 

Encarte do álbum Electric Ladyland. Censurado em vários países, Brasil inclusive
Jimi Hendrix, Mitch Mitchel e Noel Redding. Experience
Em casa
Na bateria
                                          Billy Cox, Hendrix e Buddy Miles                                                                  
            Com a última namorada, a alemã Monika Dannemann                                                                                
                      O hotel onde Jimi Hendrix morreu. Londres
Mausoléu em Seattle, Washington, Estados Unidos

Estou na metade de um grande livro: “Jimi Hendrix por ele mesmo”, organizado por Alan Douglas e Peter Neal, com brilhante tradução de Ivan Weisz Kuck. Foi lançado no Brasil pela Editora Zahar e, felizmente, é um best seller nas melhores livrarias. Um livro que as pessoas que gostam de música precisam ler.
O livro foi feito a partir de cartas, bilhetes, trechos de depoimentos em filmes, gravações de entrevistas, enfim, centenas de horas, milhares de documentos que Jimi Hendrix deixou. Não foi pouca coisa.

Peter Neil explica no prefácio que a ideia surgiu quando ele e Alan Douglas (competente ex-produtor de Hendrix, mas visto por muitos como um larápio) estavam reunindo material para fazerem um documentário para o cinema. Diante da fartura de falas, observações, desabafos, decidiram editar tudo e transformar neste livro narrado pela primeira pessoa por Jimi Hendrix. Considero uma autobiografia de um dos maiores e mais importantes músicos de todos os tempos.

Jimi deixou devaneios falando desde o dia em que nasceu, 27 de novembro de 1942, Seattle, Washington, EUA, até as vésperas da morte, 18 de setembro de 1970, Notting Hill, Londres, Reino Unido. Esse material foi trabalhado e transformado nessa obra magistral, que mostra o verdadeiro Jimi Hendrix, sem exageros, adjetivos, vitimologia. Já li três biografias dele e a irritante vitimologia, que só falta chama-lo de coitadinho, é uma constante.

O que Hendrix mais queria era ser orgulho de seu pai, James Al Hendrix, herói confesso nessa autobiografia (vou chamar assim) e que, em contrapartida, também se orgulhava muito do filho. Quando foi para o exército servir como paraquedista, mandava cartas para o pai (muitas estão no livro) falando de saudade da família, do objetivo de ser o melhor paraquedista para “honrar o sobrenome Hendrix”, mas ao mesmo tempo não escondia que detestava a vida militar.

No quartel já tocava guitarra (fez até uma banda com o baixista Billy Cox), que aprendeu sozinho ouvindo discos de Muddy Waters e outros que o pai dava. Apaixonou-se pelo instrumento e quando deixou a farda (“dei sorte de não pegar o Vietnã”) foi direto para os clubes, bares, muquifos em geral para tentar a vida como músico. Passou fome, frio, dormiu atrás de palcos, mas sempre escrevia para o pai muito otimista, afirmando que tudo iria mudar.

Dos artistas de rock que conheci em biografias, três foram os mais ligados a família: Pete Townshend, Neil Young e Jimi Hendrix. Hendrix confessa que chorava de saudade do pai e dos irmãos, já que sua mãe (índia cherokee) tinha morrido (álcool) quando ele tinha 16 anos. Ela já estava divorciada do pai do músico.

Mal sabia que, fora o pai (James Al Hendrix morreu em 2002, aos 82 anos), sua família ia virar um bando de urubus. Uma horda de vagabundos que vive mamando do bom e do melhor graças a herança milionária de Jimi Hendrix, fora as incontáveis horas de shows que ele deixou gravadas e que continuam virando discos.

Voltando, o que mais provocava indignação em Hendrix não era a fome, mas a falta de oportunidade. “Quando começava um trabalho era sempre para tocar atrás de alguém, nunca na frente”, ele conta.

Em 1965, envolvido pela baba sedutora de um estelionatário chamado Ed Chaplin, Hendrix assinou um inacreditável contrato onde concordou receber apenas um por centro (isso mesmo, um!) dos direitos autorais e de gravação. Esse contrato causou problemas sérios ao músico durante toda a sua vida.

Mas nada tirava o guitarrista de sua obsessão de vencer fazendo música não comercial em volume estupidamente alto. Foi tocar com Little Richard, que o roubou também. Hendrix viajou de ônibus tocando com Richard pelos Estados Unidos e depois de cinco semanas sem receber foi cobrar. O afetado roqueiro, na maior cara de pau, disparou uma espécie de “ou dá ou desce”. Jimi desceu e foi embora, junto com os outros músicos que também não foram pagos.

O melhor emprego que conseguiu foi no “Cafe Wha?” de Nova Iorque. Lá ele conheceu um cara que iria lhe apresentar ao pedal "wah-wah", um gênio chamado Frank Zappa. Boquiaberto ao assistir Hendrix tocar, depois do show Zappa foi lá atrás e deu o seu pedal "wah-wah" de presente para Jimi que, em pouco tempo, tornou-se um mestre dos efeitos com o equipamento.

Uma noite, o então baixista do The Animals, o inglês Chas Chandler, foi vê-lo e depois do show o convidou para ir para Londres. Jimi não pensou duas vezes. Com a roupa do corpo (literalmente) voou para a Inglaterra.

Ele conta que foi reconhecido por músicos como Paul McCartney, Eric Clapton, Brian Jones. Chas Chandler (com certeza o melhor amigo de toda a vida de Hendrix) providenciou tudo o que músico queria. Seu sonho era fazer um trio: ele na guitarra, um baixista e um baterista. Chandler providenciou anúncios e apareceram mais de 70 candidatos. Jimi testou 32 bateristas até aprovar Mitch Mitchell. Na leva dos baixistas, partiu de uma ideia sua de que “os melhores baixistas são os que sabem tocar guitarra”. Noel Redding, guitarrista de primeira linha, aceitou pegar o baixo que (como podemos ouvir) em muitos momentos serve de segunda guitarra para Hendrix.

Felicidade plena. Ele escreve que a Inglaterra o recebeu de cabeça aberta e, só em 1967, ele Noel e Mitch fizeram quase 100 shows pela Europa. Também em 1967 gravaram o primeiro disco, que imediatamente estourou na parada britânica e também Suécia e França. No livro, Jimi diz que pretendia viver eternamente no Reino Unido.

Conta que graças a Paul McCartney (ele era e é fã de Jimi) que ligou para John Phillips (ex-Mamas & Papas, organizador do festival Monterey Pop) falando de Hendrix, o guitarrista foi tocar no festival onde fez o melhor show. Disparado. No livro ele diz que tacou fogo na guitarra no final porque estava muito feliz com a receptividade da plateia, a extraordinária performance da banda (Mitch Mitchell e Noel Redding deram tudo) e por isso “sacrifiquei a guitarra num gesto de amor e ela”.

A repercussão de sua participação no festival foi tamanha que ele correu todos os Estados Unidos numa turnê, mas os reacionários que o achavam pornográfico no palco continuavam a persegui-lo. Muitas meninas não podiam ir aos seus shows porque os pais achavam Jimi Hendrix um pervertido sexual. Ele até que era, mas não nesse aspecto. Aliás, acima da música e da guitarra, sua maior paixão era a mulher, ou melhor, as mulheres. Ele não confirma mas também não desmente que fazia orgias diárias com, pelo menos, cinco mulheres.

A primeira turnê americana de Jimi (vejam vocês) foi abrindo para os Monkees, que no livro Hendrix chama de “Beatles de plástico”. Ele foi teria sido expulso da turnê devido a reclamações de que sua conduta no palco chamada de "lasciva e indecente" pela organização conservadora de mulheres Daughters of the American Revolution. No livro, Hendrix dá a entender que essas mulheres não podiam conviver com “desejo” que sua banda acendia, mas a história oficial diz que não foi bem assim.

A expulsão foi falsa. A fofoca foi inventada pela jornalista (???) australiana Lillian Roxon, que acompanhava a turnê junto com o namorado e cantor Lynne Randell. O mais incrível é que a calúnia foi publicada na famosa Rock Encyclopedia de Lillian Roxton em 1969. Mais tarde ela confessou que inventou tudo.

Bem de vida com o que conseguiu ganhar em Londres (escreveu para o pai “cheguei em Londres com a roupa do corpo, mas volto para a América com as melhores roupas de Oxford Street”) ele começou a estourar nos Estados Unidos. 

Aos trancos e barrancos, tocando 360 dias por ano (para alimentar o estelionatário do contrato de 1% lá em 1965), Jimi conseguiu realizar um grande sonho, construir seu estúdio em Nova Iorque, o cultuado Electric Lady Studios, na 52 West 8th Street, no bairro de Greenwich Village.

Foi inaugurado três semanas antes dele morrer e segundo David Fricke, da edição norte-americana da revista Rolling Stone, Jimi havia supervisionado pessoalmente muitos de seus detalhes psicodélicos, como o mural de uma mulher diabólica no console de uma nave espacial. Nessa noite de 26 de agosto de 1970 houve a festa oficial de inauguração. Convidados como o guitarrista Johnny Winter, Yoko Ono e Mick Fleetwood (baterista do Fleetwood Mac) comeram pratos japoneses no Estúdio A, onde Hendrix normalmente tinha pilhas de amplificadores.

Fricke conta que “Hendrix evitou a badalação. Um dos artistas mais extravagantes do rock - mas um homem reservado e incrivelmente tímido fora dos palcos -, ele estava distante e triste, passando boa parte da festa sentado em uma cadeira de barbeiro, em um canto, quieto. Seria sua última noite no Electric Lady. Hendrix morreu três semanas depois, em Londres, aos 27 anos.

O estúdio que deveria ter sido o santuário de Hendrix também era uma fonte de estresse e frustração. Apesar das vendas recordes, o músico lutava por dinheiro para custear a construção do Electric Lady, mudava as formações da banda e brigava com seu empresário. Mas, mesmo durante a maré baixa, ele olhava para a frente, como afirmou em uma música da época, "Straight Ahead".”

Leio no Wikipédia sobre o ano de 1968. Por volta dessa época, desavenças pessoais com o baixista Noel Redding, combinadas com a influência das drogas, álcool e fadiga, conduziram a uma problemática confusão na Escandinávia. Em 4 de janeiro de 1968, Hendrix foi preso pela polícia de Estocolmo, após ter destruído completamente um quarto de hotel num ataque de fúria devido à bebedeira.

O terceiro disco do trio, o álbum duplo Electric Ladyland, de 1968, era mais eclético e experimental, incluindo uma longa sessão de blues ("Voodoo Child"), a "jazzística""Rainy Day, Dream Away"/"Still Raining, Still Dreaming" e aquela que é provavelmente a versão mais conhecida da música de Bob Dylan "All Along the Watchtower".

O trabalho antes disciplinado de Hendrix tornou-se uma baderna. Suas intermináveis sessões de gravação repletas de aproveitadores, baba-ovos e vadios no estúdio finalmente levaram Chas Chandler a pedir demissão em 1 de dezembro de 1968. Chandler posteriormente se queixou da insistência de Hendrix em repetir tomadas de gravação a cada música (a música “Gypsy Eyes” teve 43 tomadas, e ainda assim Hendrix não ficou satisfeito com o resultado) combinado com o que Chas viu com uma incoerência causada por drogas, fez com que ele vendesse sua parte no negócio a seu parceiro Michael Jeffery.

O perfeccionismo de Hendrix no estúdio era uma marca - comenta-se que ele fez o guitarrista Dave Mason tocar 20 vezes o acompanhamento de guitarra de “All Along The Watchtower” - e ainda assim ele sempre estava inseguro quanto a sua voz, e muitas vezes gravava seus vocais escondido no estúdio.

Comenta-se que Jeffery (que foi anteriormente empresário da banda The Animals) desviou boa parte do dinheiro que Hendrix ganhou durante a vida, depositando secretamente em contas no exterior. Jeffery tinha fortes ligações com os serviços de inteligência (ele se dizia agente secreto) e com a máfia.

Apesar das dificuldades na sua gravação, muitas das faixas do álbum mostram a visão de Hendrix se expandindo para além do trio original (o disco teria inspirado o som de Miles Davis em “Bitches Brew”) e convidando um grupo de artistas ainda desconhecidos, incluindo Dave Mason, Chris Wood e Steve Winwood (da banda Traffic), ou o baterista Buddy Miles e o ex-organista de Bob Dylan, Al Kooper.

Ainda no Wikipédia, a pesquisa aponta que a expansão dos horizontes musicais de Jimi Hendrix foi acompanhada de uma deterioração no seu relacionamento com os colegas de banda (particularmente com Noel Redding), e o Experience se desfez durante 1969.

Sua péssima relação com o público também veio à tona quando em 4 de janeiro de 1969 ele foi acusado por produtores de televisão de ser arrogante, após tocar uma versão improvisada e desleixada de "Sunshine of your Love" durante sua participação remunerada no show da BBC1, “Happening for Lulu”.

Em 3 de maio Hendrix foi preso no Aeroporto Internacional de Toronto após uma quantidade de heroína ter sido descoberta em sua bagagem. Ele foi mais tarde posto em liberdade depois de pagar uma fiança de 10 mil dólares. Quando o caso foi a julgamento Hendrix foi absolvido, afirmando com sucesso que as drogas foram postas em sua bolsa por um fã sem o seu conhecimento.

Em 29 de junho, Noel Redding formalmente anunciou à mídia que havia deixado o Jimi Hendrix Experience, embora ele efetivamente já tivesse deixado de trabalhar com Hendrix durante a maioria das gravações de Eletric Ladyland.
Em agosto de 1969, no entanto, Hendrix formou uma nova banda chamada Gypsy Suns and Rainbows, para tocar no Festival de Woodstock. Ela tinha Hendrix na guitarra, Billy Cox no baixo, Mitch Mitchell na bateria, Larry Lee na guitarra base e Jerry Velez e Juma Sultan na bateria e percussão. O show, apesar de notoriamente sem ensaio e desigual na performance (Hendrix estava, dizem, sob o efeito de uma dose potente de LSD tomada pouco antes de subir ao palco) e tocado para uma plateia que esvaziava lentamente, mostra a extraordinária versão instrumental improvisada do hino nacional norte-americano, The Star-Spangled Banner.

O Gypsy Suns and Rainbows teve vida curta e Hendrix formou um novo trio com velhos amigos, o Band of Gypsys, com seu antigo companheiro de exército, Billy Cox, no baixo e Buddy Miles na bateria, para quatro memoráveis concertos na véspera do Ano Novo de 1969/1970. Felizmente os concertos foram gravados, capturando várias peças memoráveis, incluindo o que muitos acham ser uma das maiores performances ao vivo de Hendrix, uma explosiva execução de 12 minutos do seu épico antiguerra 'Machine Gun'.

Em 28 de janeiro de 1970 acontecia no Madison Square Garden, em Nova Iorque, um dos maiores concertos já organizados em prol da paz no Vietnã, o Festival do Inverno para a Paz. Foram sete horas e meia de duração. O baterista, Mitch Mitchell e o baixista Noel Redding, estavam no backstage porque participariam do fim do show fazendo uma jam com a Band of Gypsys.

Michael Jeffrey, empresário de Hendrix, deu-lhe um ácido, pensando que isso levantaria o astral de Jimi e faria com que o show saísse melhor. Mas o resultado foi o contrário e Jimi terá ficado fora de si em pleno palco, dizendo para uma garota na plateia que “você está menstruada? Eu posso ver através das suas bermudas”. Aí Hendrix se tocou. Em seguida, ainda no palco, balbuciou “eu não estou bem” e abandonou o palco no meio da segunda música. Hendrix foi o mais ovacionado apesar do curto set.

Em agosto de 1970 ele tocou no Festival da Ilha de Wight com Mitchell e Cox, irritado porque os fãs queriam ouvir seus antigos sucessos, em lugar de suas novas ideias, mesmo tendo momentos memoráveis. Em 6 de setembro, durante sua última turnê europeia, Hendrix foi recebido com vaias e insultos dos fãs, quanto se apresentou no Festival de Fehmarn, na Alemanha, em meio a uma atmosfera de baderna. O baixista Billy Cox deixou a turnê e retornou aos Estados Unidos depois de supostamente ter utilizado fenilciclidina, uma substância analgésica.

Antes da morte, mais tarde no mesmo ano, Hendrix iria começar um novo projeto, junto com o guitarrista e baixista Greg Lake (na época no grupo King Crimson) e o tecladista Keith Emerson. Greg, que acabava de deixar o King Crimson e Keith procuravam por um baterista e percussionista, e chegaram a conversar com Mitch Mitchell. O ex-baterista do Jimi Hendrix Experience recusou, mas passou a ideia para Hendrix, que aceitou. A banda, que iria então ser formada pelos três, iria incorporar também Carl Palmer, como baterista, e se chamaria HELP (Hendrix, Emerson, Lake & Palmer).

Infelizmente, Jimi morreu, mas o projeto seguiu, formando a banda de rock progressivo Emerson, Lake & Palmer, que produziu grandes sucessos.
Jimi Hendrix morreu em Londres nas primeiras horas de 18 de setembro de 1970, em circunstâncias que nunca foram completamente explicadas. Jimi havia passado parte da noite anterior em uma festa, de onde seguiu juntamente com a sua namorada alemã Monika Dannemann para o Hotel Samarkand, no número 22 da Lansdowne Crescent, em Notting Hill. Investigações indicam que ele teria morrido pouco tempo depois.

Dannemann alegou em seu depoimento original que Hendrix teria tomado sem que ela soubesse, na noite anterior, nove comprimidos de um remédio para dormir que ela utilizava. De acordo com o médico que o atendeu inicialmente, Hendrix tinha se asfixiado (literalmente afogado) em seu próprio vômito, composto principalmente de vinho tinto.

Por anos Dannemann alegou publicamente que Hendrix ainda estava vivo quando o colocaram na ambulância; seus comentários sobre aquela manhã, no entanto, foram frequentemente contraditórios, e variaram de entrevista para entrevista. Declarações de policiais e paramédicos revelam que não havia ninguém além de Hendrix no apartamento e que não apenas ele já estava morto quando chegaram à cena, mas também estava totalmente vestido.

As letras de uma canção composta por Jimi e encontradas no apartamento levaram Eric Burdon a fazer um anúncio precipitado no programa 24 Hours, da BBC, de que Hendrix teria cometido suicídio. Depois de um processo por difamação movido em 1996 pela namorada inglesa de Hendrix por anos, Kathy Etchingham, Monika Dannemann cometeu suicídio - embora seu último amante, o guitarrista Uli Jon Roth(ex-Scorpions), tenha feito acusações de que ela teria sido assassinada.

John Bannister, médico que atendeu Jimi Hendrix na noite de sua morte, disse que é plausível que o guitarrista tenha sido assassinado. As informações são da revista New Musical Express. Bannister se refere às declarações publicadas por James "Tappy" Wright, ex-roadie de Hendrix, em seu livro "Rock Roadie". Segundo Wright, o empresário do guitarrista, Mike Jeffrey, confessou que contratou um grupo que teria invadido o quarto de hotel e forçado Jimi Hendrix a tomar vinho e soníferos.

Bannister disse que é possível que isso tenha acontecido por causa da quantidade de vinho encontrada nos pulmões e no corpo do guitarrista. De acordo com o médico, ele estava "realmente afogado em uma enorme quantidade de vinho tinto".

Wright afirma que Mike Jeffrey confessou tudo em 1971, um ano após a morte de Hendrix. O empresário, que tinha uma apólice de seguro no nome do guitarrista no valor de US$ 2 milhões, morreu em 1973 em um acidente de avião.

Sobre o caráter do produtor Alan Douglas, consultei o arquiteto, fotógrafo e pesquisador de música Caíque Fellows (profundo conhecedor de Jimi Hendrix). 

Sua resposta:

Na verdade não dá pra chamar o cara de safado, não. O Jimi é que na verdade não tinha o controle sobre o próprio trabalho, era praticamente "funcionário" do Ed Chaplin, que assinou um contrato leonino com ele, antes dele ser "achado" pelo Chas Chandler, dos Animals e conseguia manter ativo este contrato através de um batalhão de advogados de primeira linha.

O cara sacou que ali tinha grana. Aliás, nem o Chas aguentou a porrada de moscas de padaria que viviam em volta do cara. E viviam, por conta de TUDO que envolvia ele, ser movido a grana, até a oportunidade de estar perto do astro... O Jimi Hendrix foi quase o Garrincha do rock'n'roll. Só não era alcoólatra, como o tristemente genial Mané.

Um dia o saco encheu e o cara - sempre cismado com o número 9 - pegou uma caixa de Vesperex daquela maluca da Monika (a caixa vinha com dez comprimidos), tomou nove e derrubou uma garrafa de vinho tinto. Passou mal pra cacete (claro!) e a maluca não chamou uma ambulância "com medo da repercussão". 

Resultado: o Jimi se foi.”




Capitanias hereditárias estão mais vivas do que nunca

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Meritocracia. Bela palavra. Presença obrigatória em comícios, entrevistas, aparições na TV de qualquer político em campanha. Meritocracia significa vencer na vida pelo mérito pessoal, pelo talento, criatividade, ética. Mais nada.

Nesse início do século 21 podemos observar que nunca (ou quase nunca) o nepotismo, os pistolões, a ação entre amigos esteve tão presente como hoje, especialmente em setores como a música, jornalismo e, naturalmente, a política.

Na música, chega a ser engraçado. Entramos na internet, abrimos os jornais ou ligamos a TV e o que mais vemos é a “descoberta de talentos” de filhos, netos, sobrinhos, maridos de medalhões. Cardumes e mais cardumes de piranhas. As Capitanias Hereditárias do velho Império tiveram seu conceito eternizado e transplantado para outros setores.

É comum lermos que “Fulano de Tal, que toca o instrumento X é filho do lendário Beltrano”. Toca bem?  Não informam. Toca mal? Não informam. A matéria, em geral escrita por cupinchas  da Capitania, só se interessa em dizer que o filho ou a filha do medalhão está em cena. Ponto. Para ele, é o suficiente e o leitor que se dane.

No jornalismo (como em toda a área de Comunicação) é tão melancólico quanto. A enxurrada de sobrenomes iguais (é muita cara de pau) denuncia o nepotismo. Não haveria problema (ninguém aqui é moralista) se o filho do Pluto, digamos assim, tivesse o mesmo talento do pai. Em geral, não é o que acontece. Filho de barrigada mal dada, ao contrário do pai (ou do avô, tio, primo e similares) apura mal, escreve mal e tem a cara de pau de partir para o abraço assinando a matéria, aplaudida pela horda ignara.

Como a avaliação do talento na arte, cultura e mídia é bastante subjetiva, a coisa fica no zero a zero. No caso, por exemplo, de um neurocirurgião (e de muitas outras profissões que exigem notório saber) a situação é completamente diferente. Exemplo: se Paulo Niemeyer Filho não tivesse tanto ou mais talento do que o pai, muita gente teria morrido na sua mão e ele, certamente, seria rifado do mapa. Mas por ser muito bom e, também, ser filho do grande Paulo Niemeyer, ele atingiu alto grau de reconhecimento de seus colegas médicos e da chamada opinião pública.

Enquanto isso, nas Capitanias Hereditárias da mídia, li semanas atrás uma “reportagem” entre aspas assinada por um venal, falando de músicos medíocres, numa festa realizada num questionável e decadente "ponto da moda", lançando um disco vulgar, com a presença do famoso pai e avô dos músicos, mais mãe e avó e uma montanha de artistas famosos. O venal "jornalista" entre aspas, que também se acha diretor de cinema, faz clipes para a tal banda. Ah, sim, o pai do tal repórter é amiguinho do pai dos músicos. Resumindo: músicos filhos de pai e avós famosos, ganham reportagem escrita por um amiguinho que é também diretor de seus videoclipes e filho de um amigão do pai da banda. Que coisa.

Dizem que é sinal dos tempos. Não sei. Só sei que é fácil acusar a internet pelo fim do disco, dos jornais, das revistas. Até que ponto a tal maioria silenciosa perdeu a paciência com esse lixo produzido e cultuado pelas Capitanias Hereditárias? Ou o nepotismo acha que ninguém está notando, que ele é blindado, à prova de mérito?

É melancólico.





Acho o Facebook sensacional

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Estou no Facebook desde 2012. Lá reencontrei muitos amigos que vagam pelo planeta, colegas de jornalismo, produção musical, literatura e até parentes que não vejo há décadas, além de muitos leitores, ouvintes, telespectadores. Só por isso, já valeu à pena.

Via Facebook, fui e vou a reuniões de amigos e colegas que estavam dispersos, sem contato, no deserto e hoje voltaram a frequentar minha agenda. Dezenas de ouvintes, telespectadores, leitores dos anos 1970, 80, 90, 2000 e hoje de minha Coluna do LAM (essa aqui), além de viciados em rock, blues, jazz, progressivo, new age etc. etc. etc. Todo mundo no Facebook.

Os contatos profissionais que faço tem resultado em muitos e ótimos trabalhos, já que desde o ano 2006 decidi militar radicalmente na guerrilha dos freelancers. Enfim, não tenho o que reclamar do Facebook que, sabendo usar, não aporrinha ninguém.

Vejo lá algumas pessoas chiando, se queixando, talvez por não terem notado ou se tocado que o Facebook é uma mídia extremamente poderosa e abrangente. Tudo o que publicamos (até o que consideramos insignificante), gera reações e até baixarias. Logo, como escreveu Caetano Veloso, é preciso estar atento e forte porque se pisamos na bola o Facebook vira carcará; pega, mata e come.
Mantenho o número de contatos na faixa de 4.900 já que o limite é de 5 mil. 

Não conheço mais de 70% das pessoas que chegam até a minha página em consequência do meu trabalho ao longo de quatro décadas dedicadas a Comunicação. É extremamente gratificante esse retorno.

Como nunca me aporrinhei no Facebook (talvez pelo fato de tratá-lo como poderosa mídia e não diário pessoal), gosto muito de bater papo, postar vídeos, fotos, divulgar minhas colunas, livros, discos. Mas, o mais importante é o contato permanente com amigos e colegas ( mais leitores, ouvintes), sem o que mídia social alguma faria o menor sentido.

Assisti ao filme “A Rede Social” na estreia, em 2010, mas acabei revendo anteontem quando passou na TV. É sobre a criação e fundação do Facebook e seus desdobramentos. O filme foi dirigido por David Fincher.

O roteiro de Aaron Sorkin é uma adaptação do livro “The Accidental Billionaires” de Ben Mezrich. Nenhum funcionário Facebook, ou seu fundador Mark Zuckerberg, se envolveu na produção, embora o brasileiro Eduardo Saverin (33 anos, co-fundador da rede; suas ações bateram os 4 bilhões de dólares ano passado) tenha funcionado como consultor para o livro de Mezrich.

Após vender metade dos 5% das ações do Facebook que tinha, detém 2,5% das ações da rede social. Nasceu em São Paulo, indo estudar em Harvard na pós-adolescência onde conheceu Mark Zuckenberg.

Sobre o Facebook, diz a Wikipédia: Em 2003, na Universidade de Harvard, o estudante nerd Mark Zuckerberg teve a ideia de criar um website para medir a beleza das estudantes de Harvard após levar um pé na bunda da namorada Erica Albright.

Mark invadiu as bases de dados de vários alojamentos, baixou as fotos e os nomes das estudantes e, em algumas horas, usando um algoritmo fornecido por seu melhor amigo, o brasileiro Eduardo Saverin, ele criou o "FaceMash", onde os estudantes homens escolhiam quais das estudantes apresentadas eram mais bonitas e/ou gostosas.

Mark foi punido com seis meses de suspensão depois que as visitas ao site derrubaram os servidores de Harvard. Ele se tornou uma espécie de "vilão" para a comunidade feminina de universidade.

No entanto, a popularidade do "FaceMash" que ele criou completamente bêbado chamou a atenção dos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, da equipe de remo, e seu parceiro Divya Narendra.

Mark começou a trabalhar para os Winklevoss como programador do site "Harvard Connection". Pouco tempo depois, ele falou com Eduardo sobre sua ideia para o site "Thefacebook", uma rede social exclusiva dos estudantes de Harvard. Explicou que isso iria permitir que as pessoas compartilhassem suas informações pessoais e sociais em segurança.

Eduardo concordou em ajudar Mark dando a ele mil dólares para iniciar o site. Eles distribuíram o link para as conexões de Eduardo no Phoenix S-K Club, e rapidamente se transformou em sucesso entre os estudantes. Quando os Winklevoss e Narendra descobriram sobre o Thefacebook, acharam que Zuckerberg havia roubado suas ideias.

Tyler e Divya queriam processar Mark por roubo de propriedade intelectual, mas Cameron os convenceu que eles podiam resolver o assunto como "Cavalheiros de Harvard", sem precisar recorrer ao tribunal.

Após uma palestra de Bill Gates, a também estudante de Harvard Christy Lee se apresentou, com sua amiga Alice, para Eduardo e Mark. Ela pede aos garotos que "nos adicionem no Facebook"; a frase impressiona os dois. Christy os convida para irem ao bar, onde ela e Eduardo acabam transando loucamente no banheiro. Mark depois encontrou sua ex-namorada, que não conhecia o Facebook por não ser uma estudante de Harvard. Por isso ele decidiu expandir o site para outras escolas.

Por intermédio de Christy Lee, agora namorada de Eduardo, eles conseguiram marcar um encontro com Sean Parker, co-fundador do Napster. Quando Christy, Eduardo e Mark encontraram com Parker, o brasileiro desconfia dele, questionando sua personalidade problemática e sua história profissional. Christy notou que Eduardo estava com inveja de Parker e tentou acalmá-lo para evitar um constrangimento.

Mark, entretanto, ficou impressionado com Parker por sua visão parecida com a dele. Apesar de nenhum acordo feito, Parker sugeriu que eles tirassem o "The" de "Thefacebook" e deixassem o nome do site apenas como "Facebook". Eduardo mais tarde reconheceu que essa foi a única contribuição de Parker para o projeto.

Seguindo uma sugestão de Parker, Mark mudou a sede da companhia para Palo Alto (Califórnia) enquanto Eduardo permaneceu em Nova York para procurar anunciantes. Quando Eduardo os visitou ficou louco de raiva encontrar Sean Parker vivendo na casa que eles alugaram e decidindo sobre os negócios do Facebook. Depois de discutir com Mark Zuckerberg, Eduardo congelou a conta bancária da companhia e voltou para Nova York. Quando chegou a NYC, Christy brigou com ele por causa do seu perfil no Facebook, onde aparece como "solteiro".

Quando ela perguntou o por que dele não ter alterado seu perfil, Eduardo disse que não sabia como fazer. Christy achou que ele estava mentindo e disse que ele a estava traindo com uma mulher do Vale do Silício. Tacou fogo no cachecol que tinha ganho dele como presente e enquanto Eduardo tentava apagar o fogo, Mark revelava pelo telefone que eles haviam recebido uma nota preta de um investidor através dos contatos de Parker.

Enquanto isso, na Inglaterra, enquanto competiam em uma regata em Henley, os irmãos Winklevoss descobriram que o Facebook se expandiu para três universidades de lá. Decidiram finalmente processar Mark. Ao mesmo tempo, Eduardo descobriu que o acordo que ele havia assinado com os investidores de Parker lhes permitiu diluir a sua parte na empresa de 34% para 0,03%, enquanto mantinha a parte de todos os outros. Uma tentativa de golpe? Faltou sinceridade e sobrou cinismo em Mark Zuckerberg? Não sei. O filme deixa as conclusões em nossas mãos.

Eduardo Saverin peitou Zuckenberg e disse que iria processá-lo. Mais tarde, ainda naquela noite durante a festa comemorando um milhão de membros do Facebook, Sean Parker e algumas estagiárias do Facebook foram presos por porte de cocaína.

O filme mostra Mark Zuckerberg respondendo a dois processos: um dos irmãos Winklevoss e outro por Eduardo Saverin. Na última cena, uma das advogadas de Mark o aconselha a fazer um acordo com Eduardo, já que os detalhes da fundação do Facebook e a personalidade de Mark fariam o júri ficar contrário a ele.

Segundo ela, Mark perderia a ação nos primeiros cinco minutos de audiência. O acordo feito com os Winklevoss foi de 65 milhões de dólares. Outro acordo de valor desconhecido foi feito com o brasileiro Eduardo.

O filme termina com Mark Zuckenberg mandando um pedido de amizade para sua antiga namorada, Erica Albright, via Facebook, atualizando a página à espera de uma resposta.

Falta luz, falta água, falta vergonha na cara dos governantes e do povo

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De tanto mentir e roubaro fascista Benito Mussolini (ex-primeiro ministro da Itália), foi justiçado pelo em povo 25 de abril de 1945. Da esquerda para a direita, os corpos de Nicola Bombacci, Benito Mussolini, sua amante Clara Petacci, Alessandro Pavolini e Achille Starace, expostos na Piazzale Loreto, Mezzegra, Itália.

Desde o ano passado todo mundo diz que os governos iam fazer racionamento de água pela mais simples das razões: a água acabou. Os governos, levianos, visando as eleições, desmentiam o racionamento categoricamente, as vezes com indignação e cara de choro, como foi o caso do governador de São Paulo.

A verdade boiou ontem. Se a seca continuar, dos sete dias da semana, São Paulo vai ficar cinco sem água. Racionamento. Mais: ontem o governador do Rio, que é saco e ovo com a presidente, descartou racionamento em terras fluminenses, onde vários reservatórios estão secos. Uma afirmação dessas é piada, cinismo e leviandade ampla, geral e irrestrita.

É óbvio que vem aí o racionamento de luz porque os governos não investiram o que tinham que investir em construção de hidrelétricas, reservatórios, ou deixaram que sumissem com o dinheiro da famigerada infraestrutura que o Brasil não tem.

O governo preferiu o populacho, e injeta mais grana no bolsa-família que drena 24 bilhões de reais por ano (e vai aumentar neste 2015), bolsa isso, bolsa aquilo. E já que impera o populismo, por que não criar o bolsa-idoso, para atender a pessoas com mais de 70 anos, que vivem em estado de penúria já que a maioria não conseguiu contribuir para o INSS ao longo da vida? Por que o populismo brasileiro só pensa em criança?

O governador do Estado do Rio preferiu dar R$ 50 milhões, uma espécie de bolsa-chuva, para produtores rurais em vez de ter feito obras preventivas antes. Era o vice-governador de Sergio Cabral desde 1 de janeiro de 2007, e assumiu o poder em 3 de abril de 2014 e, como todo o país, também sabia que a água ia acabar. Nada fez durante sete longos anos, quando mandava muito no Estado do Rio.

Poucas vezes mentiu-se tanto no Brasil como agora, o que confirma a velha rasteira, o estelionato político a luz do dia, rabo-de-arraia, sem que a sociedade civil reaja. A presidente “desdisse” tudo o que prometeu na campanha para a reeleição; o juro do cheque especial bateu calamitosos 200,6% ao ano e ainda vai sumir mais.

A taxa Selic subiu mais 0,5% (bateu 12,5%), combustíveis vão aumentar ainda mais (ao contrário do resto do planeta onde o preço desaba), o preço da energia elétrica suga a jugular do eleitor que, de novo, nada fez, nada chia, não reage, mesmo sabendo que está sendo estuprado pelo governo que tem que arranjar dinheiro para bancar a corrupção na Petrobrás e em outras estatais que não estão na berlinda. Aliás, quando irão abrir as caixas pretas de todas as estatais? Nunca? Pode ser.

A leviandade não tem cara, partido, credo. A leviandade é leviana e fim de papo. Continuam roubando na saúde, na educação, nos transportes e os governos mentem, mentem, mentem dizendo que tudo está sendo apurado com o maior rigor. 

Rigor mortis? Só pode ser.

P.S. - A propósito, uma frase de Benito Mussolini, aquele senhor que está pendurado de cabeça para baixo na foto:

          "Eu sempre achei mais fácil convencer uma grande massa do que uma só pessoa." (B. Mussolini).





Morre Antonio Quintella; calam-se as guitarras

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    Capa do CD "Araribóia Blues". Óleo sobre tela de Claudio Valério Teixeira  
Serei breve. No início da tarde de ontem entrei no Facebook e fiquei sabendo da morte do querido, muito querido amigo Antonio Quintella. Me explicaram que na noite de quarta-feira ele se sentiu mal em sua casa em Maricá e foi levado para uma Unidade de Pronto Atendimento, UPA. Foi examinado e foi liberado pois nada grave foi constatado. Antonio chegou em casa e morreu.
Ao longo do dia de ontem e de hoje também, a emoção de dezenas e dezenas de pessoas na internet, lamentando profundamente a partida deste grande homem, pai, marido, amigo, cantor, músico. Eu tenho muitas historias para lembrar do nosso Antonio, mas, como as guitarras, optei pelo silêncio.
Mas não poderia deixar de falar do orgulho e da honra que tive em produzir seu primeiro disco, o CD Arariboia Blues, lançado pelo selo Niterói Discos em 1994. 
Ao longo de três meses, seis horas por dia, convivi com ele no Castelo Estudio, de Fabio Motta, na Estrada Fróes, em Niteroi. Com Antonio, com Zelly Mansur (engenharia de som) com músicos sensacionais e com o próprio Fábio Motta, nosso amigo. 
Minuto a minuto, musica por musica, instrumento por instrumento, Antonio me privilegiou com a sua absoluta confianca. Antes de começarmos a gravar ele me disse "Toni, faca o que quiser". E fiz. Logo, todos os acertos e erros do disco são de minha total responsabilidade e o talento, a ousadia, o desprendimento, o brilho, são e sempre serão do maior bluesman brasileiro que conheço: Antonio Quintella.
Obrigado, me amigo. Fique com Deus. Sempre.
Na sequência, uma Coluna do LAM que publiquei ano passado:

Antonio Quintella: Araribóia Blues e Sincronicidade:

Um dos discos que mais gostei (e me orgulhei) de produzir foi “Araribóia Blues” do cantor e compositor Antonio Quintella, pelo selo Niterói Discos, nos anos 90. Tempos atrás, por pura saudade, peguei o CD e ouvi todo, de ponta a ponta, lembrando das dezenas de sessões de gravação no Castelo Estúdio, de Fábio Motta, que duraram quase seis meses.

Antonio é um dos melhores cantores que conheço e à medida que o CD ia mudando de faixa lembrei de momentos das gravações. Muitos hilários, outros dramáticos, enfim, gravar um disco exige de todos os envolvidos muita calma, tolerância, paciência e resistência.

Disco pronto, lançado, Antonio Quintella mudou-se para a Califórnia onde foi vizinho de, nada mais, nada menos, Neil Young. Vinha esporadicamente a Niterói, mas não nos encontrávamos.



Pois bem, caro leitor, exatamente no dia seguinte da minha audição o telefone tocou e era ele. Cheguei a ficar meio mudo no início da conversa porque achei incrível essa coincidência. Afinal, não via o meu amigo-cantor há anos e não ouvia o seu disco há bastante tempo.



Ele voltou para Niterói definitivamente e está morando com a família em um belo sítio em Maricá. Vai estar no show “De Volta a Estrada” com Os Lobos, dia 6 de setembro, no Teatro Municipal de Niterói. Ele tem muitas histórias para contar sobre seu longo período nos Estados Unidos e vamos marcar um encontro exclusivamente para atualizarmos nossas agendas existenciais. Há muito o que falar, de ambos.



Aliás, naquela época do retorno do Antonio, vivenciei coincidências que, em alguns casos, chegaram a ser assustadoras. Carl Gustav Jung, um dos pais da psicanálise, não acredita em meros acasos. Ele criou a Teoria da Sincronicidade que em resumo diz que tudo no universo está interligado por um tipo de vibração, e que duas dimensões (física e não física) estão em algum tipo de sincronia, que fazia certos eventos isolados parecerem repetidos, em perspectivas diferentes.



A ideia desenvolveu-se primeiramente em conversas dele com Albert Einstein, quando ele estava começando a desenvolver a Teoria da Relatividade. Einstein levou a ideia adiante no campo da Física, e Jung, na Psiquiatria.



A sincronicidade é definida como uma coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos. Um sonho de um avião despencando das alturas reflete-se na manhã seguinte numa notícia dada pelo rádio. Não existe qualquer conexão causal conhecida entre o sonho e a queda do avião.



Jung postula que tais coincidências apoiam-se em organizadores que geram, por um lado, imagens psíquicas e, por outro lado, eventos físicos. As duas coisas ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo, e a ligação entre elas não é causal.



Antecipando-se aos críticos, Jung escreveu: "O ceticismo... deveria ter por objeto unicamente as teorias incorretas, e não apontar suas baterias contra fatos comprovadamente certos. Só um observador preconceituoso seria capaz de negá-lo. A resistência contra o reconhecimento de tais fatos provém principalmente da repugnância que as pessoas sentem em admitir uma suposta capacidade sobrenatural inerente à psique".



Coincidência ou sincronicidade, Antonio Quintella deveria publicar uma biografia. Quem o conhece sabe que ele tem muitas ótimas histórias para contar, todas regadas a boa música.

Encerrado em paz o ciclo da Fluminense FM de 1982

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                                           Jimi Hendrix
Há poucos dias atrás fui procurado por uma editora de São Paulo que me propôs escrever um livro sobre a geração musical que precedeu a Rádio Fluminense FM e também a que sucedeu. Quase ao mesmo tempo, estudantes de uma faculdade queriam fazer uma entrevista em vídeo sobre a rádio. Pauta: o início, o meio e o fim.


Em ambos os casos agradeci mas me recusei a participar. No caso do livro deixei bem claro que a minha história com a Fluminense, conhecida também como Maldita, se refere ao parto, a vida, aos sonhos, desejos, um delírio real e maravilhoso. Cheguei lá em agosto de 1981 com meu saudoso amigo Samuel Wainer Filho, que trabalhou no projeto até novembro e no dia i de março de 1982 a rádio entrou no ar, exatamente as seis horas da manhã.


Viramos a noite do dia 28 de fevereiro pra 1 de março para que a emissora entrasse no ar com as vinhetas. Eu e os produtores, Sergio Vasconcellos e Amaury Santos. A locutora que estreou a rádio foi Selma Boiron e na produção estavam na equipe, também, Alex Mariano e Maurício Valladares.


A Fluminense FM de 1982 era maravilhosa Tão maravilhosa que se entrasse no ar hoje, com pequenos ajustes na programação musical, faria o maior sucesso. As meninas na locução ainda estão à frente do tempo, assim como os textos dos produtores, a criatividade das promoções, enfim, o conjunto da obra (e da equipe, genial equipe) foi tão espetacular que resistiu a 33 anos. Trinta e três!


Publiquei livros sobre a minha passagem por lá e neles deixo claro que só comento o que vivenciei e testemunhei entre 1 de março de 1982 e 1 de abril de 1985 (quando deixei a Fluminense) e entre 1989 e 1990, quando voltei lá e encontrei uma equipe espetacular. Locutoras e produtores de altíssimo níve. 

Não falo sobre antes nem depois porque não vi, não ouvi. Seria leviandade.

Mas ao longo do tempo, muitos ouvintes me mandaram CDs com a programação de rádio em seus últimos anos de vida. Impressionante. Não tinha nada, absolutamente nada a ver com a rádio que nasceu em 1982. Confirmei o raciocínio ao ler “Rádio Fluminense FM - A porta de entrada do rock brasileiro nos anos 80”, livro de Maria Estrella que conta a história da rádio (a partir de muitos depoimentos) do início ao fim.


A rádio de 1982 era inteligente, ousada, criativa, engraçada, politizada, elegante, discreta, vivia lá na frente, além do futuro, mas respeitava os clássicos, a história, os corações e mentes dos ouvintes. Não era uma rádio da moda. A Fluminense de 82 criava a moda. Por isso, o sucesso avassalador e, para nós, imprevisível.


A editora entendeu e ainda me propôs um outro livro, sobre outro assunto que, certamente, vou escrever. Quando tiver mais detalhes, publicarei aqui na Coluna. Os estudantes também foram bem legais, aceitaram meu ponto de vista e ficou tudo bem.


Afinal, já se vão 33 anos, muitas celebrações, livros, discos, palestras, muitos debates. Está mais do que na hora de deixar a bela história do início da Fluminense FM em paz, para ela pairar sobre o planeta numa boa. Mesmo que eu tivesse elementos para escrever o tal livro que me foi sugerido sobre o antes e depois (num esforço, até daria), já passou, já foi, está cansada, dorme confortavelmente no Olimpo dos vencedores.


O belo ciclo da rádio foi cumprido e para começar outro, gerar uma nova onda só se ela voltasse ao ar, num formato idêntico (evidentemente atualizado) ao de 1982, quando foi reconhecida em todo o país como uma grande emissora de rádio. E de rock.

Anderson Silva retorna ao moedor de carne

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Dinheiro, muito dinheiro. O lutador Anderson Silva tenta explicar o seu retorno ao moedor de carne, vulgo UFC, com outras desculpas, mas todo mundo sabe que, ganhando ou perdendo, surrando ou surrado pelo outro primata, o americano Nick Diaz, ele terá pelo menos mais um milhão de dólares limpos em sua conta bancária. A volta do lutador será na madrugada deste sábado para domingo, mas a TV não vai transmitir ao vivo.

Como se sabe, Anderson Silva quebrou a perna há um ano, quando chutou de mal jeito um outro animal, Chris Weidman. Lembro do grito lancinante do brasileiro, do sangue que jorrou, da histeria da torcida clamando por morte, do orgasmo no locutor ao vivo, exatamente como a horda que ia ao coliseu romano ver leão comer cristão, dois mil anos atrás.

Anderson Silva é um milionário, assim como todos os campeões dessa boçal modalidade chamada MMA, ou UFC (não vou perder meu tempo pesquisando prováveis diferenças entre as duas modalidades), e ganha a vida dando e arrancando sangue nos octógonos, rinha de luxo sustentada pela dinheirama das redes de TV, da indústria do álcool, do jogo e também da publicidade “limpa” de uma maneira geral.

Esses bípedes podem continuar se destruindo à vontade em frente a milhões de TVs porque sou contra qualquer tipo de censura. O que me incomoda, e muito, é a divulgação maciça dessa barbárie pelos meios de comunicação, especialmente no Brasil, país falso-moralista que proíbe, por exemplo, briga de galos. Ora, podemos pegar o galo, matar o galo, por na panela e comer, mas não podemos assistir os galos imitarem Anderson Silva. Por que?

O ser humano não está tão distante dos primatas assim. Eu diria que nosso antepassado mais direto mora no octógono da esquina. Afinal, a massa (pelo que observo) fica histérica e goza quando lutadores arrancam vísceras nos ringues do planeta. Esquisita a espécie humana. Por um lado torce para que todas as doenças tenham cura e, por outro, alimenta a morte apostando em MMA/UFC, roleta russa (aquela do revólver na cabeça com uma bala só) e na Coréia do Norte paga ingresso para assistir a fuzilamento de condenados.

As crianças não entendem nada. Na falta de explicação, vendo seus pais urrarem de luxúria assistindo na TV homens suados sangrando e quase matando outros homens, num ringue de luxo acabam achando que é tudo normal. E é aí que mora o perigo.

Galeria: Janis Joplin

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Galeria é um espaço eventual para fotografias, pinturas, desenhos. Hoje, na estréia, Janis Joplin. Não sou designer, por isso a Galeria não é a dos meu sonhos.   Janis no carnaval do Rio, em 1970. Atrás dela, com a mão no ouvido, Big Boy. Na frente, com o         cigarro na boca, o produtor musical Antonio Duncan.                                        
                                                                             
                                                                           
                                   Em Copacabana, beijando o Rei Momo do carnaval de 1970
                                   
Copacabana Palace: expulsa por nadar
nua na piscina.
Praia da Macumba.
Com o bluesman Johnny Winter.
Com Johnny Winter.



Quadrophenia: ópera-rock sobre a dilacerante rejeição humana vai ganhar versão sinfônica

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                                         Quadrophenia, cena do filme no alto e, embaixo, Pete
                                         Townshend fala da versão clássica                                                                      
Capa da versão original, de 1973
O ator Phil Daniels (esquerda) recebe a visita de Pete Townshend durante a filmagem de Quadrophenia
Banner da versão sinfônica de Quadrophenia no site http://www.classicquadrophenia.com/
Sting interpreta um líder mod no filme
Cena do filme
The Who, 50 anos. Townshend voando, Daltrey cantando

História real
Filme
Filme
Filme
Vida real
Como parte das comemorações do aniversário de 50 anos do The Who, a gravadora Deutsche Grammophon vai apresentar o concerto de estreia mundial da nova versão sinfônica da ópera-rock Quadrophenia, escrita por Pete Townshend, gravada pelo Who e lançada em 1973. A uma nova versão orquestral do marco na história do rock foi orquestrada por Rachel Fuller (atual mulher de Townshend), compositora e regente.

A nova e revolucionária versão de Quadrophenia vai ser lançada no dia 5 de julho pela Deutsche Grammophon, com um concerto-estreia mundial no Royal Albert Hall (Londres), interpretada pela Orquestra Filarmônica Real de Londres e Oriana Choir, conduzida por Robert Ziegler e estrelado por Pete Townshend e Alfie Boe, que cantam as partes originalmente cantadas por Roger Daltrey.


Na década de 1960, Pete Townshend e The Who definiram o conceito de "ópera rock" com Tommy, dando um passo à frente com Quadrophenia. Concebida e escrita por Townshend, Quadrophenia acabou se tornando um ícone.


Townshend tornou públicos os seus traumas em Tommy (1969) e Quadrophenia (1973), para mim o melhor disco da história do Who. Penso que para o criador da banda, guitarrista, cantor, compositor, poeta, romancista, teatrólogo, cineasta Peter Dennis Blanford Townshend, londrino de 69 anos, é a obra-prima do Who.


Desde 1973, ano em que Quadrophenia foi lançado, não conheço (nem ouvi falar) de um show do Who, ou de Townshend sozinho, que não tenha sido incluída uma faixa do álbum duplo. Quem me apresentou ao disco foi o músico Zé da Gaita, no verão de 1974. Ele estava em Teresópolis, nos encontramos e descemos a serra ouvindo a fitinha aos berros na Variant de meu pai. Nunca mais Quadrophenia me deixou, nem eu a ele.


Álbum duplo conceitual, essencialmente ópera-rock, Quadrophenia foi lançado no mesmo ano de The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd, outro genial poema. Mas, o que Townhend escreveu fez com que vários críticos, biógrafos e fãs começassem a chamar o disco de “álbum da minha vida” porque, de ponta a ponta, ele aborda todos os tipos, formas e conseqüências do hediondo e deformador sentimento de rejeição, tão ou mais grave e dilacerador quanto a culpa.


Em 1979 o diretor Franc Roddam lançou o filme que, evidentemente, contou com a consultoria de Pete Townshend que numa dessas pisadas na jaca que eventualmente dá, entregou a direção musical a John Entwistle, baixista do Who, que deve a delicadeza de destruir a obra original. Até flauta doce o saudoso baixista (morto de cocaína com vinho em 2002) meteu na trilha sonora que, comprei, ouvi uma única vez e derreti em seguida, transformando o vinil em cinzeiro, como já havia feito com uma série de outros discos, para mim, execráveis.


Assisti ao filme Quadrophenia em 1981, mas sem legenda. Até os ingleses tem dificuldade de entender o dialeto mod (grupo de pós-adolescentes que formavam quadrilhas de lambretas em Londres no inicio dos anos 60) mas um dia, para a minha surpresa, o filme passou no Corujão da Rede Globo, tipo três horas da madrugada de uma quinta para sexta-feira, dublado. Há coisas nesse mundo que desisti de entender como, por exemplo, Quadrophenia na Rede Globo.


O filme é ambientado em 1963 e conta a história de um garoto chamado Jimmy Cooper (vivido pelo ator Phil Daniels) que, com a sua lambreta, vive rodando com os outros colegas mods (expressão de que vem de moderns), filhos de operários, que são molestados e perseguidos pelos rockers, de classe média, montados em potentes motocicletas.


Jimmy briga em casa e é expulso com tapas na cara, chamado de vagabundo. Vai trabalhar, se defende de uma injustiça, manda o chefe tomar no rabo e é demitido. Se apaixona por uma garota, mas durante uma viagem do bando a Brighton, litoral onde rolou de fato uma batalha campal com os rockers, dezenas de presos e feridos, ele flagra a namorada com um cara dando amassos num beco.


E as rejeições vão se acumulando, Jimmy ingerindo cada vez mais doses cavalares de anfetaminas, até perceber que o único sentido de sua vida é o bando, a ideologia mod. Bando este que tinha um líder, rebelde radical que no filme é vivido por Sting, admirado, cultuado por Jimmy Cooper. A lambreta do personagem de Sting é cromada, cheia de espelhos, enfim, “cavalo” de um verdadeiro líder.


Até que um dia, atravessando mais uma crise de angústia, Jimmy vê a lambreta do líder encostada em frente a um hotel. Pior: flagra o próprio líder anarquista trabalhando como carregador de malas (“Bell Boy”), dizendo “sim, senhor”, “sim, senhora”, recebendo gorjetas, enfim, um capacho social. Indignado, Jimmy espera Sting entrar e rouba a lambreta dele. Sem família, sem mulher, sem trabalho, sem grupo de amigos, decide se atirar de uma escarpa britânica. Com a lambreta do personagem de Sting. Mas, há sempre um mas, Townshend deixa em aberto se Jimmy Cooper morreu pois a lambreta cai no abismo vazia.

Os danos afetivos das rejeições são profundamente tratados nesse filme que a crítica mundial classificou como “drama”. Aos que perguntam se é uma autobiografia de Townshend, a resposta é não. Aos que perguntam se retrata a adolescência de mais de 80% dos fãs do Who, com certeza a resposta é sim.


A desvastação dos eucaliptos em Nova Friburgo, RJ

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                                         Importante reportagem da TVC, Canal 6, de Friburgo
                                         sobre o corte dos centenários eucaliptos na Praça
                                         Getúlio Vargas. Caso não consiga assistir clicando na
                                         imagem, clique neste link: https://www.youtube.com/watch?v=tInyrQDx_6I
                                                                                   
    A praça foi criada em há 135 anos, em 1880. Idade deste eucalipto que foi derrubado semana
    passada                                                                            
    Friburgo foi arrasada no dilúvio que atingiu a serra fluminense em 2011. Os eucaliptos da praça
    Getúlio Vargas resistiram bravamente a tragédia, mas sucumbiram as motoserras da prefeitura                                                                             

                      Os mais renomados cientistas do Brasil e do mundo afirmam que o desmatamento
                      é o principal vilão da falta de chuvas e do aquecimento global. No auge da
                      crise hídrica, Friburgo ceifa dezenas de árvores                                                                          

    Vista aérea da praça devastada. Foto de Montagna Filmes                                                                  
    A devastação de Friburgo repercurte em todo o país                                                                            
    Dor                                                                                                                                                        

     União                                                                                
    Destino
     

Reproduzo a matéria que Juliana Scarini escreveu no portal G1 Região Serrana:

Choro e protesto marcam o corte e poda de eucaliptos em Friburgo, RJ

O corte dos eucaliptos centenários da Praça Getúlio Vargas em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, está gerando vários protestos. Manifestantes afirmam que o corte raso das árvores é uma ação "assassina" e que destrói a história do município.

Quarta-feira (dia 28), o corte de mais um eucalipto causou comoção em várias pessoas que tentaram impedir a ação. Segundo a prefeitura, um laudo indicou dano nas árvores e o corte é por segurança. A medida foi anunciada no início deste mês, após o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmar que a manutenção do espaço é de responsabilidade do executivo.

Até domingo (25), foi feito o corte de 25 eucaliptos e, quarta-feira, uma das maiores árvores da praça foi derrubada. Algumas pessoas que acompanharam o corte chegaram a chorar e se mostraram revoltadas. É o caso de Miguel Leal Marinho, de 28 anos. Ele participou de abraços coletivos nas árvores que ainda não foram cortadas e afirma que apenas um dos eucaliptos apresentava broca e precisava ser cortado.

"Ali não tem nenhuma árvore pronta para cair. Eu defendo a poda preventiva, mas a derrubada, não", disse Miguel, com um pedaço de tronco dos eucaliptos cortados, afirmando que a árvore não está podre. Para o arquiteto e socioambientalista, Alessandro Rifan, de 44 anos, a medida adotada pelo município deveria ter sido feita envolvendo a sociedade civil para discutir e definir um conjunto de decisões. "O que estamos vendo não é adequado, é mutilatório. Cadê o tal laudo?  É um assunto que fere a afetividade do friburguense. Vi senhoras chorando, nervosas com esse ato insano e ditatorial", afirmou.
A jornalista Janusa Dias, de 34 anos, acompanhou o corte do grande eucalipto nesta quarta-feira e se emocionou ao presenciar a cena. "São muitos anos que aquelas árvores estão ali. Eu vou na praça todos os dias e ver isso me magoa muito. Dói muito ver as árvores sendo cortadas", afimou Janusa.

O movimento contra o corte dos eucaliptos ganhou força nas redes sociais através da página "Nova Friburgo – cidade das árvores assassinadas" que já tem mais de 2.200 curtidas. Até o domingo (1º), vários abraços coletivos estão marcados para acontecer a parti das 18h, na Praça Getúlio Vargas.

Prefeitura explica ação na praça

Quarta-feira (28), o prefeito Rogério Cabral realizou uma coletiva de imprensa para falar sobre o assunto e explicou que a prioridade é a segurança das pessoas que passam pelo local. Ele apresentou laudos de todas as árvores cortadas e voltou a afirmar que a medida está baseada em um estudo da Universidade Estácio de Sá, que aponta a necessidade de corte raso de 40 eucaliptos e a poda de outros 44.

Segundo o secretário de Defesa Civil, João Paulo Mori, a Praça Getúlio Vargas possui 160 eucaliptos e, se o município seguisse o estudo apresentado pelo Iphan, seriam cortados 102 eucaliptos. "Optamos pelo estudo da Estácio e também realizamos radiografia e perfuração dos eucaliptos. A árvore maior, que foi cortada hoje, apresentava podridão", disse Mori.

"Eu entendo a revolta das pessoas, a praça realmente está ficando feia, mas essa ação é necessária", disse o prefeito, apresentando a Proposta de Requalificação Urbano Paisagístico da praça, elaborada pelo Iphan. Segundo o município, o documento foi entregue em outubro de 2013. O valor do projeto é de R$ 8 milhões. A prefeitura afirmou que não possui recursos para iniciar o projeto que vai tentar apoio dos governos estadual e federal.

Ainda de acordo com Cabral, a decisão foi tomada após uma série de acidentes no local que, segundo ele, colocaram em risco a vida das pessoas.  "Nós também realizamos uma audiência pública no Teatro Municipal em outubro de 2013. Esse é um assunto que foi muito discutido e já era para ter sido resolvido há anos", falou Cabral.

Durante a coletiva, João Paulo Mori também explicou a mudança de data dos cortes. Até então, a medida aconteceu nos finais de semana e seria concluída domingo (1º). "Nós trocamos a data e voltamos com o trabalho nesta quarta atendendo um pedido dos feirantes. Eles disseram que estavam tendo prejuízos. Como também não houve necessidade interromper o trânsito, achamos que poderia concluir o trabalho durante a semana", disse.

Apesar disso, os manifestantes afirmam que a decisão de adiantar a conclusão do trabalho foi para enfraquecer o movimento. "Em função da má visibilidade quanto às mutilações e o movimento crescente de sensibilização na sociedade, resolveram hoje pela manhã iniciar a destruição completa da praça. Foi estratégico", reclamou o arquiteto e socioambientalista Rifan.

Destino da madeira

A prefeitura afirmou que a madeira dos eucaliptos está sendo destinada para o Horto Municipal e sendo guardada na Madeireira Melodia. "A madeira dessas árvores vai servir para construir novos bancos para a praça. Essa ação faz parte do projeto histórico. As pessoas que visitarem o espaço estarão sentadas em bancos que resgatam um pouco da história do local", disse Edson Lisboa, secretário do Escritório de Gerenciamento de Projetos.

De acordo com Edson, uma parte da madeira também foi entregue ao artista plástico Felga de Moraes, que irá fazer um trabalho artístico, e a outra parte poderá ser doada para instituições de caridade que solicitarem à prefeitura.

O projeto elaborado pelo Iphan e que será seguido pela prefeitura irá dividir a praça em três partes. O local terá um setor histórico, um intermediário e um de eventos. Serão plantadas flores e resgatada a história do local, que sofreu modificações ao longo do tempo.

Novas podas podem acontecer

Quarta-feira (28), o município também informou que após o corte raso dos 40 eucaliptos, novas árvores podem ser cortadas ou podadas. O motivo é o fato das árvores "se protegerem" e buscarem sempre a posição do sol. Com a derrubada de algumas, as que ficaram isoladas podem apresentar tendência de queda. Caso isso aconteça, um novo estudo será feito no local.

Sobre a praça

A Praça Getúlio Vargas foi construída em 1880 pelo engenheiro e paisagista francês Auguste François Marrie Glaziou, também responsável pelo projeto paisagístico do Nova Friburgo Country Clube, e tombada pelo Iphan na década de 1980.

Segundo o órgão, a espécie de eucalipto existente no local tem como característica a desrama natural. Ou seja, os galhos se desprendem naturalmente, sem que haja qualquer tipo de fator que provoque a queda.
Devido à idade dos eucaliptos, a queda de galhos ou de toda a árvore, como já aconteceu em julho de 2012, é um acontecimento normal e as podas erradas ao longo dos anos contribuem para esses incidentes.
                  


Petição de habitantes de Nova Friburgo, cidade das árvores assassinadas

Para: Exmo. Sr. Prefeito de Nova Friburgo

Ao Excelentíssimo Senhor Prefeito Nova Friburgo

Os abaixo-assinados, brasileiros, residentes, domiciliados em Nova Friburgo e visitantes inconformados com a agressão feita a nossa Praça GETÚLIO VARGAS E SEUS EUCAPLITOS vêm expressar sua indignação com a ação destrutiva praticada contra a História desta municipalidade, e, reivindicar:

1.Divulgar os resultados do estudo feito pela Instituição Contratada, bem como esclarecer a forma de contratação;

2.Manter a população informada de todo o andamento do processo de recuperação da mencionada Praça, através das diferentes mídias e redes sociais;

3.Apresentar em AUDIÊNCIA PÚBLICA o projeto de recuperação da praça em tela e sua arborização com os respectivos prazos de execução, valores, fontes de recursos e forma de contratação da empresa a executar os serviços;

4.Constituir na citada AUDIÊNCIA, COMISSÃO de cidadãos para acompanhar os serviços.

Aguardando um posicionamento transparente por parte de seu governo, especialmente em referência a questão exposta apresentamos o presente documento e assinadas pelos signatários:

ASSINAR Abaixo-Assinado



Afeto. Cores. Nuvens. Saudade.

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Havia um banco de cimento bem perto da praia. Pequena praia, sem ondas, estreita faixa de areia, água muito clara, transparente, mais para verde do que para azul. A canção parecia brotar das nuvens, duas, brancas, destacando o azul profundo do céu limpo, sem fumaça, sem mordaça.
Deitar no banco de cimento, sorver o som da saudade de si. Por que não? Por que não deixar que a melancolia sopre a nuvem e produza o som dos tempos, da travessia das eras, das lutas, da vida dura levada a ferro e fogo? Por que ele, somente ele, não teria direito a sua melancolia, ao silencio de suas cavernas interiores, que ele não teve tempo de conhecer? Saudade e melancolia, velhas vizinhas, por mais novas que sejam as nuvens, por mais eterno que seja o céu.
Melancolia, um direito. Como folia, euforia, delírio. Saudade, dona de sons típicos, raros, que nascem de nuvens brancas e vadias, mapeando o céu como se nada mais existisse. Existe? Deitado no banco de cimento, olhos fechados, ouvindo o som das nuvens, uma lágrima escorre do olho direito.

O homem é amigo. Parceiro. Dá tudo de si desde o dia em que bateram em suas costas e disseram “é um menino”. Será suficiente? Ele não sabe. O mundo não é espelho, o afeto não é reflexo, a saudade é mais que sensação. Livre sensação.

Ele tem tentado tudo. Deitado no banco de cimento, cansado muito cansado, reconhece o empenho, a luta, a solidariedade. Será suficiente? Não sabe, não pode e não quer perguntar. Não dá para mensurar intenções.

Cansado, pede paz. Afeto. Cores. Nuvens. Saudade, muita saudade, de um tempo que não viu porque não tinha tempo para assistir o tempo. As nuvens tem a resposta, mas ele só as contempla. Quieto. Como uma música. Música do acaso. Música do sonho, da vontade, música do afeto. Profundo, azul, marinho afeto.

Afeto que não se encerra.

Jamais.

Enquanto Dilma e Graça faziam unhas no palácio a Petrobrás era assaltada. E ninguém viu!!!

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Prólogo – “Minha ideia sobre Deus está formada pela profunda convicção emocional da presença de uma força racional superior, que se revela no incompreensível do universo” (Albert Einstein); “Não posso dizer “eu creio”. Eu sei! Tive a experiência de ter sido capturado por algo mais forte do que eu, algo a que as pessoas chamam Deus” (Carl Gustav Jung).   

Até os livrotes vagabundos tricotam freneticamente sobre o renascimento de nações que foram dizimadas por guerras. Inglaterra, Alemanha, Itália, China, Japão. A Coréia do Sul, depois de ser destruída nos anos 50/60, passou todo mundo e hoje é o país-modelo em educação. Isso sem falar em tecnologia, distribuição de renda, etc.

Ontem, tomei um Motilium (domperidona) e li os jornais. Na Câmara dos Deputados, que nós elegemos, a prioridade máxima continua sendo aumentar o faturamento. Deles. Li também que, além da calista e da consulta médica, subiu tudo. Normal, não é? O país estava largado e não é preciso ser paranormal para prever que em breve a Petrobrás vai ser vendida. Por que? Porque enquanto Dilma e Graça faziam unhas no palácio, celebrando a profunda amizade, a Petrobrás era assaltada. Graça não viu (?) e ninguém até agora acusou a presidente demissionária da estatal de ladra.

Dilma e Graça são almas gêmeas também no quesito incompetência (estou pegando leve). Afinal, a Petrobrás vale menos ¾ do que valia anos atrás, está quebrada, falida, mundialmente difamada porque Dilma não quis sacrificar a amiga. Preferiu mandar a Petrobrás pra forca.

A estatal foi e agora jaz pendurada, balançando com a corda no pescoço enquanto os técnicos de verdade (que anos depois Dilma permitiu que se aproximassem do governo) tentam arranjar alguém que queira assumir a presidência do barril de pólvora. Ninguém é tolo.

Os 80 mil funcionários da Petrobras (como os quase 30 mil da Vale do Rio Doce, anos atrás) já sacaram que para sobreviver a empresa terá que ser vendida. Pior: vai ter que arranjar um otário que compre aquele império de roubalheiras, incompetência, imoralidade administrativa, queimação internacional. Quem vai querer?

Apelo aos antropólogos. Se o Brasil tivesse encarado guerras tudo mudaria ou nada mudaria? Sabem a antiga teoria psicanalítica de que o ser humano só cresce com dor, sob tensa e intensa crise?? Ela se aplica a nações? O Vietnã viveu em guerra de 1910 a 1975. Japão invadiu, França invadiu, Estados Unidos invadiram. Só na guerra contra os Estados Unidos morreram 1 milhão e 500 mil vietnamitas que, em nenhum momento, largaram o osso. Foram até o fim e botaram os americanos pra fora com memoráveis chutes na bunda. Hoje o Vietnã já é quase um “tigre asiático”.
                                               
Parto de um princípio de que a culpa não é de quem faz, mas de quem deixa fazer. Exemplo: se puserem um caixa eletrônico em cima da Pedra do Arpoador a culpa será do banco ou da prefeitura? Com a passividade popular e eleição é a mesma coisa. A passividade popular homologa os desvios. As eleições sacramentam. Em outras palavras, qualquer pau de enchente que esteja no poder num regime democrático, o aval (culpa) é nosso.

Não vou citar exemplos de outros países que venceram o arbítrio/corrupção/canalhice porque todos (sem exceção) usaram a truculência. Mussolini foi pendurado num poste, americanos jogaram coquetéis molotov em postos de gasolina que aumentaram preços no crash de 1929, enfim, não encontro um exemplo de vitória popular que não passe pela luta. Física. Logo, como sou pacifista, fecharei a cisterna.                                      

Não estou defendendo ninguém e muito menos atacando. Estou apenas refratando diante do que vejo, sinto. E o que a História me conta, sussurrando de madrugada, é que por coincidência os povos regidos por fanatismos religiosos são os mais manipulados. Os povos da Índia e África, em sua maioria, são hordas de mortos-vivos dopados por crenças fanáticas que não deixam enxergar que os seus governos roubam, matam, achacam, em nome desse mesmo fanatismo.

Para mim nada é possível sem Deus. Querem saber? Para mim tudo é impossível sem Deus. Não tenho lastro teológico algum para afirmar que Deus discorda do fanatismo religioso, mas tenho o direito de imaginar que Ele não concorda. Fanatismo paralisa, enlouquece, dopa. Fanatismo quando decreta que orelhão é sagrado os seguidores batem palmas quando o Estado não instala orelhão nenhum.

Fanatismo quando determina que peixe é sagrado seus seguidores autorizam o Estado a não investir nada em indústria pesqueira. Mao Tse Tung radicalizou quando sentenciou que “a religião é o ópio do povo”. A religião não, mas o fanatismo, mais do que o ópio, é pior do que heroína.

Por que somos tão submissos? Faltou guerra? Faltou o olhar do invasor dentro da nossa casa citando Renato Russo : “eu sou a sua morte/ vim de fazer companhia”? De vez em quando vejo carros com adesivos “Basta isso”, “Basta aquilo”. Bastar como? Como se “basta” a lambança? Como se basta o arbítrio, a corrupção, tráfico de vidas?  Out-estima, digamos.

Fato é que a gemedeira e a vitimologia continuam por aí. Continuamos pagando a tal taxa de “assinatura” dos telefones, engolindo o “matematicalogismo” que aumenta planos de saúde, luz e salários de deputados. Qual é o critério? A submissão? Qual é a saída? Quem é o inimigo, quem é você?






Ser corneado não justifica. E-mail tem que ser respondido

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Uso o Whatsapp, mas prefiro falar, ouvir a voz, contato de gente com gente e não de engenhoca com engenhoca. A fala, a audição, a gargalhada fazem bem e evitam problemas como esse. Meses atrás enviei um e-mail para um amigo. Perdemos o contato desde que ele foi viver fora e, graças a um amigo comum consegui seu endereço eletrônico. 

Por que perdemos o contato? Eu vi sua mulher dele costurando pra fora, maior descabelação de palhaço se esfregando com uma outra (e bela) garota numa pilastra no estacionamento de um shopping. Fiquei na minha. Só que ela me viu e quando tudo veio à tona ela contou para o meu amigo que “até Luiz Antonio sabia”. O cara ficou enfurecido porque achava que eu deveria ter contado a ele. Não sou fiscal da vida alheia, lanterninha de conas, fiquei e ficarei quieto sempre. Eles acabaram se divorciando.

Bom, meses atrás sentei no computador, escrevi umas 20 linhas e, no final (lembro bem), digitei “aguardo resposta, meu chapa”. Até hoje não recebi resposta alguma. A princípio achei que o cara não tinha recebido o e-mail mas, caso o endereço estivesse errado, a mensagem teria voltado. Chato, cri-cri, entrei em contato com o tal amigo comum que confirmou que o endereço era aquele mesmo.

Eu ia mandar um segundo e-mail perguntando se ele havia recebido o primeiro, mas bateu o comodismo, o “dane-se”. Vai ver que a cornofobia bateu, ele lembrou da história do shopping e fez beicinho.

Se bem que chateado comigo ele não estava porque na última vez que nos encontramos (ele estava até de mulher nova) rimos pra cacete, lembramos de alguns fatos da adolescência, eu desejei boa viagem, enfim, tudo azul. Mas como acho o silêncio uma forma (escroque, é verdade) de comunicação, fiquei meio encafifado. Voltei ao amigo comum que disse ter acontecido a mesma coisa com ele. Mandou um e-mail e o cara não respondeu. Esqueci o assunto.

Na magistral canção “Paula e Bebeto” (versão original do disco “Minas”, de Milton Nascimento), Caetano Veloso pergunta “qual a palavra que nunca foi dita?”. Muitas, Caetano. Muitas palavras ainda não foram ditas nesse oceano de silêncios estranhos que eventualmente nos rodeia à bordo da farta tecnologia, como o caso do meu amigo que caminha a passos largos para a cratera dos ex-amigos. Por causa de um e-mail? Sim, por causa de um e-mail. Porque mais do que um artifício tecnológico, o e-mail transporta mensagens.

Na Europa inventaram um manual para o uso do e-mail e o primeiro item é “responda logo”. Recebeu? Responda. Mesmo que a resposta seja “recebi sua mensagem e logo vou responder”. Claro que estou me referindo a pessoas que nos consideram e vice e versa. E, assim que der, mande a resposta. O nome desse vai e vem de informações é Comunicação, uma ciência que (na boa) a internet está vulgarizando.

Outro cuidado é com o texto. Texto é uma ferramenta perigosa quando é mexida com intimidade por quem não tem intimidade alguma com ele. Exemplo: numa redação da vida nós (um pequeno grupo de quatro, cinco colegas que se tornaram amigos) nos tratávamos mutuamente de “canalha”. Telefone: “alô, canalha? Tudo bem?”. E por aí foi. A existência pulverizou esse grupo mas, sinceramente, se eu tiver que mandar uma mensagem para um deles hoje não vou começar com um “fala, canalha!”. Vai que o cara esqueceu de que nos tratávamos assim, ou que mudou de temperamento, ou que...entenderam? Outro perigo é esse trio que digitei aí atrás, os três pontinhos das reticências. Reticências abrem um universo de especulações.

Algumas pessoas são dúbias ao vivo e, no texto, essa duplicidade de comportamento existencial é simbolizada pelas reticências. Não me dou bem com pessoas reticentes. Aliás, me dou mal com pessoas reticentes. Prefiro um golpe brutal e certeiro do que petelecos, indiretas, reticências, silêncio. Numa outra redação da vida um colega pôs reticências num texto e automaticamente ganhou o apelido de Monalisa, o enigma que Da Vinci pintou que não sabemos se ri ou chora. Pelo que sei, o colega nunca mais usou os três pontinhos para nada.


No passado a tecnologia aproximou as pessoas. Hoje, distancia cada vez mais

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Não tenho a menor pretensão de interferir em condutas, comportamentos, hábitos. É só uma opinião, e sempre digo que opinião não é palavrão. 
Desde que o satélite russo Sputnik foi lançado, em 4 de outubro de 1957 a comunicação no planeta sofreu uma revolução. Nos anos 60, 70, 80, 90, 2000 as distâncias foram diminuindo, ligações telefônicas tornaram-se imediatas, as transmissões ao vivo pela TV e rádio viraram rotina. Hoje, com nossos smartphones ligamos para a China de qualquer muquifo, em muitos casos sem pagar nada; acessamos a internet, e blá blá blá. A humanidade ficou mais próxima de si mesma. Ao mesmo tempo, muito mais distante.

As redes sociais aliadas a programas de contato imediato como Whatsapp e Viber estão acabando com o contato pessoal. Anteontem, quando o prefeito do Rio anunciou o tal dilúvio que não veio, passei o dia em reuniões em Botafogo, Leblon e Ipanema. Ninguém me ligou, mas recebi várias mensagens por Whatsapp alertando sobre o temporal. Nenhuma ligação do tipo "alô, meu chapa, tudo bem? Olha, vai cair o maior pé d´água". Só mensagens digitais. 

Nem SMS (antigo torpedo, que há quem diga que virou fóssil), só programas que exigem que o smartphone esteja conectado a internet. Se eu decidisse não usar o 3G anteontem? Não receberia mensagem nenhuma.

Está havendo, sim, exagero no uso das novas tecnologias. Médicos se relacionam com pacientes por escrito, mexem em dosagens de remédios; bate boca de comerciantes e clientes também são uma realidade e sei de muitos casos de pessoas que, em vez de reclamar com o vendedor de uma loja sobre problemas com determinado produto, preferem acessar o site Reclame Aqui, muitas vezes transformando um fato que poderia ser resolvido olho no olho numa tragédia virtual; em dias de aniversário, no lugar daquele telefone amigo cheio de energia está valendo um texto padrão no Facebook. Muito esquisitos esses novos tempos.

Desde o início dos anos 1990 uso a internet, que Darcy Ribeiro (saudade desse cara) muito bem definiu quando disse que "depois da fala e da escrita a internet é a maior invenção do ser humano". Sem a internet minha vida ia se complicar porque trabalho arduamente com mídia e afins, logo, preciso me comunicar com agilidade. Mas, na vida pessoal prefiro encontrar meus amigos num bar, dar uma volta de carro ouvindo música, consultar médicos olho no olho, desejar feliz aniversário falando ao telefone, enfim, não sou exemplo para ninguém mas prefiro humanizar ao máximo a tecnologia.

Estou certo? Estou errado?

TV por assinatura me obriga a engatinhar pela sala

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    Imagem meramente ilustrativa  

Dizem que a minha TV por assinatura disputa o último lugar entre as piores da América Latina. Calúnia. Ela até funciona de vez em quando, especialmente quando surramos o monitor com toalha molhada.

A minha TV tem como hábito ceifar o final dos fatos. Um dia desses assistia a uma espécie de competição e um dos participantes fazia raiz quadrada de cabeça, memorizava senhas de 25 letras e números e no final, depois de memorizar dezenas de bolas pretas e brancas, puseram vendas nos olhos dele.
Depois de um tempo, ele abriu os olhos e começou a dizer, diante da fila de bolas, “branca, branca, preta, preta, preta, branca, preta, branca, branca”, enfim, ele tinha decorado a ordem das bolas. No final...não vi. Minha TV por assinatura congelou e até hoje não sei se o cara conseguiu até o final. Como não conheço ninguém que assine a TV, até hoje não sei que fim levou o jogo de memória.

Liguei para o suporte técnico. Só rindo. Uma gravação me atendeu dizendo o que ouço desde o dia em que assinei: “estamos reformulando nossa central de relacionamento...pedimos paciência”. Em seguida, a gravação pediu o número do assinante, CPF, endereço, CEP e disse “um momento”. Passou para uma atendente humana que, de novo, pediu o número do assinante, CPF, endereço, CEP e quando passou para um terceiro rosnei. “Chega, vocês já tem os meus dados. Não falo mais nada”. Um amigo meu garante que é de propósito, para a gente cansar e desligar. Não sei.

Bom, o terceiro que me atendeu pediu: “por favor desligue o decodificador da tomada (não sei se o nome é esse)”. Eu pedi um momentinho e, engatinhando, fui lá atrás e puxei. Voltei para o telefone (a bateria do sem fio acabou e está muito calor para eu correr atrás de outra) e informei “tirei da tomada”.

O atendente pediu um momentinho, algo em torno de 10 segundos e disse “agora, por favor, o senhor volta lá e liga o decodificador de novo na tomada”. Engatinhei de novo e liguei. Voltei para o telefone sentindo uma certa dor no lombo já que reza a lenda que o meu projeto é andar de pé e não de quatro.

Ele perguntou “normalizou o sinal?”. Infelizmente continuava congelado e eu confessei que não. Mais uma vez ele pediu: “senhor vá até o decodificador, tire o cartão magnético, conte até 10 e bote de novo”. Engatinhei de novo, tirei o cartão, contei até 10 e voltei para o telefone, já bufando. “Pus, meu amigo”. E ele “normalizou, senhor?”. Não, não tinha normalizado.

“Está chovendo forte aí?” o cara perguntou. Sinceramente pensei “ele tomou Bardahl” e respondi que não, que a seca está braba, urubu morrendo em pleno voo. Curioso, emendei “o que a chuva teria a ver com isso se a TV aqui é a cabo e não via satélite?”. Ele explicou que “o sinal para chegar no cabo passa por uma parabólica sujeita a instabilidade durante chuva forte”. Entendi. Na verdade a minha TV à cabo é filhote de uma TV por satélite. Com todas as desvantagens do cabo e do satélite, mas não era um bom momento para autoflagelação.

“E agora?”, perguntei. Ele rebateu “agora o senhor volta lá, tira a tomada, tira o cartão e volte a falar comigo”. Engatinhei de novo, já rindo daquele absurdo. Voltei para o telefone: “tirei tudo, meu amigo”. E ele “agora conta até 10 e bota”. Engatinhei de novo, contei até 10 e botei. Voltei para o telefone.

Ele: “vou mandar um reforço de sinal. Por favor pegue o controle remoto e digite em ‘menu´. A tela ficou azul e ele explicou que “o sistema está reiniciando e o sinal sendo reforçado”. Sinceramente, depois de 43 minutos nessa brincadeira, achei que o cara estava de sacanagem e comecei a querem me encrespar até que...acreditem: a TV normalizou.

Desliguei o telefone e fiquei pensando: a alta tecnologia ainda vai levar o ser humano de volta a condição de quadrúpede. Desliguei a TV, peguei o carro e fui comer um saco de Cebolitos num posto de gasolina.
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