Seu Ladrão
Seu Ladrão militava na camelotagem do Centro do Rio. Cabelos e barbas brancas, caloteiro profissional, era cumprimentado com nojo pela freguesia que ao abordá-lo soltava o dobrão: “Fala seu Ladrão,...
View ArticleVoo crítico
Desculpe os garranchos. Você sabe, não escrevo a caneta há mais de 20 anos. Está escuro ainda. Você e nossas crianças dormem.Ontem, na cama, vi seus olhos muito negros levemente marejados, fitando meu...
View ArticleArmas
Melhor depôr as armas.Telefonei e expliquei que o boleto não havia chegado. Mal humorada (segunda-feira é um péssimo dia para que não gosta do que faz), ela cortou. “Nós enviamos o boleto”. Corte....
View ArticleÉgua de Paquetá
Quando fui a ilha de Paquetá pela primeira vez, não passava de um bronheiro mirim de 12 anos, leitor voraz dos catecismos de Carlos Zéfiro e Cassandra Rios, nutrientes de meu modesto balaústre. Como...
View ArticleAgências reguladoras, as madames do cerrado
O governo não tem lastro moral para nos propor sacrifício algum. O terror do “não haverá dinheiro para pagar aposentadorias” não abala porque sobra dinheiro para sustentar parasitas no congresso...
View ArticleMachado e Camus
Há uma ponte, digo, uma pinguela muito vagabunda que liga o caos de Machado de Assis ao caos de Albert Camus. Relendo "Ressurreição" (de 1872) e "A Mão e a Luva" (de 1874) estou diante de um Machado...
View ArticleJornalismo molambo
Foi em 2009 que resolveram acabar com a obrigatoriedade do diploma de curso superior para quem quisesse virar jornalista. Isso significa que, a partir daí, qualquer um pode se travestir de profissional...
View ArticleFrente fria
Roubaram o frio?Como incêndio em campos sem centeio, corre a lenda que amanhã uma frente fria vai chegar ao Estado do Rio. Ninguém sabe ao certo porque as chamadas “moças do tempo” dos noticiários de...
View ArticleCachorro em apartamento
Andando pelas ruas vejo dezenas de pessoas com cachorros na coleira, algumas levando nas mãos um saquinho plástico para por as fezes. Noto que a maioria dos cães é obesa por motivos óbvios. Vivem...
View ArticleA onda que se ergueu no mar – dedicado a querida amiga Gilda Mattoso
"No dia em se reescrever a Constituição, um dos novos artigos dirá: Todo brasileiro tem direito a um cantinho e um violão. Tem direito também a cidades saudáveis, matas verdes, céu azul, mar limpo e...
View Article"Descomunicação"
Jamais a civilização teve tantos meios de comunicação disponíveis. Até “ontem” (1990) quem quisesse enviar uma mensagem confidencial escrita tinha que pegar papel, caneta, escrever, por no envelope, ir...
View ArticleHóspede
Quase no final da estreita estrada, a subida contornada de cerca viva. Piso de pedras. No final da subida um pátio, não muito grande, com antigas, muito antigas, marcas de pneus. Bem em frente, uma...
View ArticleO castigo de Sísifo
Não tenho vocação para Sísifo e seu castigo, apesar de já ter dito por aí que o trabalho é a minha razão de viver. Sem exagero. Filei essa afirmação do lendário jornalista Samuel Wainer, pai de meu...
View ArticleA esquerda que conheci
Minha adolescência mesclou terror e êxtase e apesar de ter começado a escrever em jornais aos 15 anos, política era um tema distante, proibido. A ditadura estava no auge (anos 70) e ninguém explicava o...
View ArticleAureliano
Pacato cidadão, exímio pagador de impostos, funcionário público federal concursado com 30 anos de repartição, eleito funcionário do mês 87 vezes, quatro filhos homens com curso superior completo,...
View ArticleBrasil, não tenho mais tempo
Brasil, não tenho mais tempo. O meu tempo passa cada vez mais veloz entre os ponteiros de segundos. Meus impostos, taxas, tarifas, contribuições, óbulos, encargos, ônus estão rigorosamente em dia, bem...
View ArticleBelchior – 26/10/1946 – 30/04/2017
As palavras sumiram, mas vou tentar escrever.Belchior foi o compositor brasileiro que mais ouvi nos anos 1970, quando já não havia galos, noites...
View ArticleRedentor
709 metros de altura.A vida ruge baixo, lá embaixo, abaixo de linha do Equador. Parto, infância, adolescência, vida. Avista-se tudo, olho nu, nas fronteiras aéreas que demarcam a existência.Traço,...
View ArticleEnquanto Houver Champanhe, Há Esperança
O colega Joaquim Ferreira dos Santos se superou ao escrever as mais de 671 páginas de “Enquanto Houve Champanhe Há Esperança – uma biografia de Zózimo Barroso do Amaral”. Lançado ano passado, acabei de...
View ArticleO náufrago
Encontrei um amigo que no ano 2000viveu uma aventura (para alguns, desventura) numa ilha do litoral sul. Muito experiente, ele navegava há dias emsua baleeira quando bateu numas pedras. O barco começou...
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