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Caminhando sob chuva fina pelo Centro de São Sebastião do Rio de Janeiro

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A chuva fina conduz a Mata Cavalos, hoje rua do Riachuelo, um dos redutos de Machado de Assis. Caminhar pelo Centro de São Sebastião do Rio de Janeiro em dia de chuva fina só não é reconfortante, romântico e saudável para os mais racionais.

As pegadas da história estão impressas nos becos (do Barbeiro, por exemplo, que empada...que empada...), vielas, claro na Ouvidor, Alfândega, Sete de setembro, onde meu pai me levou algumas centenas de vezes para tomar caldo de cana. Que saudade de meu pai. Que saudade.

Essa foto da Rio Branco aí em cima foi clicadaa quando meu pai fazia um ano. Não sei quem foi o autor. Pena, queria citá-lo. A minha paixão que virou amor pelo Centro do Rio logo brotou na primeira infância, quando meu pai passou a me apresentar cada detalhe de todo aquele mundo.

Nasci na Tijuca, com menos de uma semana fui levado para Niterói, cidade que me adotou com muito amor. Mas Niterói sabe que meu coração inflama quando sinto o aroma do Centro da Rio, misto de café forte com um pouco de óleo diesel, pipoca e churros. Parece (sei que é impressão de apaixonado) que as pessoas andam devagar, contemplando a cidade que as abraça.

Sou fã de Francisco Pereira Passos, o melhor. Governou de 1902 a 1906. Lá embaixo*, a inacreditável relação de obras que ele fez na cidade. Em 1904, ao lado de Oswaldo Cruz, enfrentou a Revolta da Vacina, quando a população da cidade (800 mil pessoas) se recusou a se vacinar contra tifo, febre amarela, peste bubônica e varíola, entre outras. Quebraram bondes, lojas, destruíram muita coisa. Com o presidente Rodrigues Alves, Pereira Passos enfrentou a situação e Oswaldo Cruz conseguiu vacinar todo mundo. O Rio se livrou das pestes.

As centenárias pedras portuguesas da rua da Alfândega, acanhadas com a chuva fina, contam que Pedro II gostava do Paço Imperial, na Praça 15, onde em 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, sob aclamação popular. Assembléia, Carmo, Rosário, Debret, é impossível parar de caminhar, por mais que já tenhamos visto, revisto, sorvido. Porque a história deste país nasceu ali, entre as artérias e becos, do bravo Rio de Janeiro.

Bravo.

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