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O UIVO, poema de Allen Ginsberg (1929-1997)

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Expoente da geração Beat, Allen Ginsberg foi preso quando declamou O UIVO pela primeira vez num bar em São Francisco, Califórnia, em 1967. O poema foi considerado anti-americano pelo sistema. Leia sem calma e sem paciência.                                  


                              O UIVO
                               Para Carl Solomon

Eu vi os expoentes da minha geração, destruídos pela
loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa,
hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite, que pobres esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos    miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando o jazz, que desnudaram seus cérebros ao céu sob o 
Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos, que passaram por universidades com olhos frios e    radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos das universidades por serem loucos & publicarem odes obscenas nas janelas do crânio, que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu  dinheiro em cestos de papel escutando o Terror através da parede, que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por Laredo com um cinturão de marihuana para Nova Iorque, que comeram fogo em hotéis mal pintados ou    beberam terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram seus torsos noite após noite com som, sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília,
álcool e caralhos em intermináveis orgias, incomparáveis ruas cegas sem saída de nuvem trêmula, e clarão na mente pulando nos postes dos pólos de
Canadá & Paterson, iluminando completamente o mundo imóvel do Tempo intermediário, solidez de Peiote dos corredores, aurora de fundo de quintal das verdes árvores do cemitério, porre de vinho nos telhados, fachadas de lojas de subúrbio na luz cintilante de neon do tráfego na corrida de cabeça feita do prazer, vibrações de sol e lua e árvore no tronco de crepúsculo de    inverno de Brooklyn, declamações entre latas de lixo e a suave soberana luz da mente, que se acorrentaram aos vagões do metrô para o infindável percurso do Battery ao sagrado Bronx de benzedrina até que o barulho das rodas e crianças os trouxesse de volta, trêmulos, a boca arrebentada o despovoado deserto do cérebro esvaziado de qualquer brilho na lúgubre luz do Zoológico, que afundaram a noite toda na luz submarina de Bickford´s, voltaram à tona e passaram a tarde de cerveja choca no desolado Fuggazi´s escutando o matraquear da catástrofe na vitrola automática de hidrogênio,
que falaram setenta e duas horas sem parar do parque ao apê ao bar ao Hospital Bellevue ao Museu à Ponte do Brooklyn, batalhão perdido de debatedores platônicos saltando dos gradis das escadas de emergência dos parapeitos das janelas do Empire State da Lua, tagarelando, berrando, vomitando, sussurrando fatos e lembranças e anedotas e viagens visuais e choques nos hospitais e prisões e guerras, intelectos inteiros regurgitados em recordação total com os olhos brilhando por sete dias e noites, carne para a sinagoga jogada à rua, que desapareceram no Zen de Nova Jersey de lugar algum deixando um rastro de postais ambíguos do Centro Cívico de Atlantic City, sofrendo suores orientais, pulverizações tangerianas de ossos e enxaquecas da China por causa da falta da droga no quarto pobremente mobiliado de Newark, que deram voltas e voltas à meia noite no pátio da    ferrovia perguntando-se aonde ir e foram, sem deixar corações partidos, que acenderam cigarros em vagões de carga, vagões de carga, vagões de carga, que rumavam ruidosamente pela neve até solitárias fazendas dentro da noite do avô, que estudaram Plotino, Poe, São João da Cruz, telepatia e bop-cabala pois o Cosmos instintivamente vibrava a seus pés em Kansas, que passaram solitários pelas ruas de Idaho procurando anjos índios e visionários que eram anjos índios e visionários que só acharam que estavam loucos quando Baltimore apareceu em estase sobrenatural, que pularam em limusines com o chinês de Oklahoma no impulso da chuva de inverno na luz das ruas da cidade pequena à meia-noite, que vaguearam famintos e sós por Houston procurando  jazz ou sexo ou rango e seguiram o espanhol brilhante para conversar sobre a América e a Eternidade, inútil tarefa, e assim embarcaram
num navio para a África, que desapareceram nos vulcões do México nada deixando além da sombra das suas calças rancheiras e a lava e a cinza da poesia espalhadas pela lareira Chicago, que reapareceram na Costa Oeste investigando o FBI de barba e bermudas com grandes olhos pacifistas e sensuais nas suas peles morenas, distribuindo folhetos ininteligíveis,
que apagaram cigarros acesos nos seus braços protestando contra o nevoeiro narcótico de tabaco do Capitalismo, que distribuiram panfletos supercomunistas em Union Square, chorando e despindo-se enquanto as    Sirenes de Los Alamos os afugentavam gemendo mais alto que eles e gemiam pela Wall Street e também gemia a balsa de Staten Island que caíram em prantos em brancos ginásios desportivos, nus e trêmulos diante da maquinaria de outros esqueletos, que morderam policiais no pescoço e berraram de    prazer nos carros de presos por não terem cometido outro crime a não ser sua transação pederástica e tóxica, que uivaram de joelhos no metrô e foram arrancados do telhado sacudindo genitais e manuscritos, que se deixaram foder no rabo por motociclistas  santificados e berraram de prazer, que enrabaram e foram enrabados por esses serafins humanos, os marinheiros, carícias de amor atlântico e caribeano, que transaram pela manhã e ao cair da tarde em roseirais, na grama de jardins públicos e cemitérios, espalhando livremente seu sêmen para quem quisesse vir, que soluçaram interminavelmente tentando gargalhar mas acabaram choramingando atrás de um tabique de banho turco onde o anjo loiro e nu veio trespassá-los com sua espada, que perderam seus garotos amados para as três megeras do destino, a megera caolha do dólar heterossexual, megera caolha que pisca de dentro do ventre e a megera caolha que só sabe sentar sobre sua bunda retalhando os dourados fios intelectuais do tear do artesão, que copularam em êxtase insaciável com um garrafa de cerveja, uma namorada, um maço de cigarros, uma vela, e caíram na cama e continuaram pelo assoalho e pelo corredor e terminaram desmaiando contra a parede com uma visão da  boceta final e acabaram sufocando o derradeiro lampejo da consciência, que adoçaram as trepadas de um milhão de garotas  trêmulas ao anoitecer, acordaram de olhos vermelhos no dia seguinte mesmo assim prontos  para adoçar trepadas na aurora, bundas luminosas nos celeiros e nus no lago, que foram transar em Colorado numa miríade de carros roubados à noite, N.C., herói secreto destes
poemas, garanhão e Adônis de Denver – prazer ao lembrar suas incontáveis trepadas com garotas em terrenos baldios & pátios dos fundos de    restaurantes de beira de estrada, raquíticas fileiras de poltronas de cinema, picos de montanha cavernas com esquálidas garçonetes no familiar levantar de saias solitário à beira da estrada & especialmente secretos solipsismos de
mictórios de postos de gasolina & becos da cidade natal também, que se apagaram em longos filmes sórdidos, foram transportados em sonho, acordaram num Manhattan súbito e conseguiram voltar com uma impiedosa ressaca de adegas de Tokay e horror dos sonhos de ferro da Terceira Avenida & cambalearam até as agências de desemprego, que caminharam a noite toda com os sapatos cheios de sangue pelo cais coberto por montões de neve, esperando que uma porta se abrisse no East River dando para um quarto cheio de vapor e ópio, que criaram grandes dramas suicidas nos penhascos de apartamentos do Huston à luz azul de holofote antiaéreo da luta & suas cabeças receberão coroas de louro no esquecimento, que comeram o ensopado de cordeiro da imaginação ou digeriram o caranguejo do fundo lodoso dos
Rios de Bovery, que choraram diante do romance das ruas com seus    carrinhos de mão cheios de cebola e péssima música, que ficaram sentados em caixotes respirando a escuridão sob a ponte e ergueram-se para construir
clavicórdios em seus sótãos, que tossiram num sexto andar do Harlem coroando de chamas sob um céu tuberculoso rodeados pelos caixotes de laranja da teologia, que rabiscaram a noite toda deitando e rolando sobre    invocações sublimes que ao amanhecer amarelado revelaram-se versos de tagarelice sem sentido, que cozinharam animais apodrecidos, pulmão coração  pé rabo borsht & tortilhas sonhando com o puro reino vegetal, que se atiraram sob caminhões de carne em busca de um ovo, que jogaram seus relógios do telhado fazendo seu lance de aposta pela Eternidade fora do Tempo & despertadores caíram em suas cabeças por todos os dias da década seguinte,
que cortaram seus pulsos sem resultado três vezes seguidas, desistiram e foram obrigados a abrir lojas de antiguidades onde acharam que estavam
ficando velhos e choraram, que foram queimados vivos em seus inocentes    ternos de flanela em Madison Avenue no meio das rajadas de versos de chumbo & o estrondo contido dos batalhões de ferro da moda & os guinchos
de nitroglicerina das bichas da propaganda & o gás mostarda de sinistros editores inteligentes ou foram atropelados pelos taxis bêbados da Realidade Absoluta, que se jogaram da ponte de Brooklyn, isso realmente aconteceu, e partiram esquecidos e desconhecidos para dentro da espectral confusão das ruelas de sopa & carros de bombeiros de Chinatown, nem uma cerveja de graça, que cantaram desesperados nas janelas, jogaram-se da janela do metrô saltaram no imundo rio Paissac, pularam nos braços dos negros, choraram pela rua afora, dançaram sobre garrafas quebradas de vinho descalços arrebentando nostálgicos discos de jazz europeu dos anos 30 na Alemanha, terminaram o whisky e vomitaram gemendo no toalete sangrento, lamentações nos ouvidos e o sopro de colossais apitos a vapor, que mandaram brasa pelas rodovias do passado viajando pela solidão da vigília da cadeia de Gólgota de carro envenenado de cada um ou então a encarnação do Jazz de Birmingham, que guiaram atravessando o país durante setenta e duas horas para saber se eu tinha tido uma visão ou se ele tinha tido uma visão para descobrir a Eternidade, que viajaram para Denver, que morreram em Denver, que retornaram a Denver & esperaram em vão, que espreitaram Denver & ficaram parados pensando & solitários em Denver e finalmente partiram para descobrir o Tempo & agora Denver está saudosa de seus heróis,
que caíram de joelhos em catedrais sem esperança rezando por sua salvação e luz e peito até que a alma iluminasse seu cabelo por um segundo, que se arrebentassem nas suas mentes na prisão aguardando impossíveis criminosos de cabeça dourada e o encanto da realidade em seus corações que entoavam suaves blues de Alcatraz, que se recolheram ao México para cultivar um    vício ou às Montanhas Rochosas para o suave Buda ou Tânger para os garotos do Pacífico Sul para a locomotiva negra ou Havard para Narciso para o cemitério de Woodlaw para a coroa de flores para o túmulo, que exigiram exames de sanidade mental acusando o rádio de hipnotismo & foram deixados com sua loucura & e mãos & um júri suspeito, que jogaram salada de batata em conferencistas da Universidade de Nova Iorque sobre Dadaísmo e em seguida se apresentaram nos degraus de granito do manicômio com cabeças raspadas e fala de arlequim sobre suicídio, exigindo lobotomia imediata,
e que em lugar disso receberam o vazio concreto da insulina metrazol choque elétrico hidroterapia psicoterapia terapia ocupacional pingue-pongue & amnésia, que num protesto sem humor viraram apenas uma mesa simbólica de pingue-pongue mergulhando logo a seguir na catatonia, voltando anos depois, realmente calvos exceto por uma peruca de sangue e lágrimas e dedos
para a visível condenação de louco nas celas das cidades-manicômio do Leste,
Pilgrim State, Rockland, Greystone, seus corredores fétidos, brigando com os ecos da alma, agitando-se  e rolando e balançando no banco de solidão à
meia-noite dos domínios de mausoléu druídico do amor, o sonho da vida um
pesadelo, corpos transformados em pedras tão pesadas quanto a lua, com a mãe finalmente ***** e o último livro    fantástico atirado pela janela do cortiço e a última porta fechada às 4 da madrugada e o último telefone arremessado contra a parede em  resposta e o último quarto mobiliado esvaziado até a última peça de mobília mental, uma rosa de papel amarelo retorcida num cabide de arame do armário e até mesmo isso imaginário, nada mais que um bocadinho esperançoso de alucinação – ah, Carl, enquanto você não estiver a salvo eu não  estarei a salvo e agora você está inteiramente
mergulhado no caldo animal total do tempo –e que por isso correram pelas ruas geladas obcecadas por um súbito clarão da alquimia do uso da elipse
do catálogo do metro inviável & do plano vibratório, que sonharam e abriram brechas encarnadas no Tempo & Espaço através de imagens justapostas    e capturaram o arcanjo da alma entre 2 imagens visuais e reuniram os verbos elementares e juntaram o substantivo e o choque da consciência saltando numa sensação de Pater Omnipotens  Aeterne Deus, para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa humana e ficaram parados à sua frente, mudos e
inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados todavia expondo a alma para conformar-se ao  ritmo do pensamento em sua cabeça nua e infinita, o vagabundo louco e Beat angelical no Tempo, desconhecido mas mesmo assim deixando aqui o que houver para ser dito no tempo após a morte, e se reergueram reencarnados na roupagem fantasmagórica do jazz no espectro de trompa dourada da banda musical e fizeram soar o sofrimento da mente nua da América pelo amor num grito de saxofone de eli eli lama lama sabactani que fez com que as cidades tremessem até seu último rádio, com o coração absoluto do poema da vida arrancado de seus corpos bom para comer por mais mil anos.

II

Que esfinge de cimento e alumínio arrombou seus
   crânios e devorou seus cérebros e imaginação?
Moloch! Solidão! Sujeira! Fealdade! Latas de
   lixo o dólares intangíveis! Crianças berrando
   sob as escadarias! Garotos soluçando nos
   exércitos! Velhos chorando nos parques!
Moloch! Moloch! Pesadelo de Moloch! Moloch o
   mal-amado! Moloch mental! Moloch o pesado
   juiz dos homens!
Moloch a incompreensível prisão! Moloch o
   presídio desalmado de tíbias cruzadas e o Congresso
   dos Sofrimentos! Moloch cujos prédios são
   julgamento! Moloch a vasta pedra da guerra!
   Moloch os governos atônitos!   
Moloch cuja mente é pura maquinaria! Moloch cujo
   sangue é dinheiro corrente! Moloch cujos
   dedos são dez exércitos! Moloch cujo peito é
   um dínamo canibal! Moloch cujo ouvido é
   um túmulo fumegante!
Moloch cujos olhos são mil janelas cegas! Moloch
   cujos arranha-céus jazem ao longo de ruas como
   infinitos Jeovás! Moloch cujas fábricas sonham
   e grasnam na neblina! Moloch cujas colunas de fumaça
   e antenas coroam as cidades!
Moloch cujo amor é interminável óleo e pedra!
   Moloch cuja alma é eletricidade e bancos!
   Moloch cuja pobreza é o espectro do gênio!
   Moloch cujo destino é uma nuvem de hidrogênio
   sem sexo! Moloch cujo nome é a Mente!
Moloch em que permaneço solitário! Moloch em
   que sonho com anjos! Louco em Moloch!
   Chupador de caralhos em Moloch! Mal-amado
   e sem homens em Moloch!
Moloch que penetrou cedo na minha alma! Moloch
   em quem sou uma consciência sem corpo!
   Moloch que me afugentou do meu êxtase natural!
   Moloch a quem abandono! Despertar em Moloch!
   Luz escorrendo do céu!
Moloch! Moloch! Apartamentos de robôs! Subúrbios
   invisíveis! Tesouros de esqueletos! Capitais cegas!
   Indústrias demoníacas! Nações espectrais!
   Invencíveis hospícios! Caralhos de granito!
   Bombas monstruosas!
Eles quebraram suas costas erguendo Moloch ao Céu!
   Calçamento, arvores, rádios, toneladas! Levantando
   a cidade ao Céu que existe e está em todo lugar
   ao nosso redor!
Visões! Profecias! Alucinações! Milagres! Êxtases!
   Descendo pela correnteza do rio americano!
Sonhos! Adorações! Iluminações! Religiões! O
   carregamento todo em bosta sensitiva!
Desabamentos! Sobre o rio! Saltos e crucificações!
    Descendo a correnteza! Ligados! Epifanias!
    Desesperos! Dez anos de gritos animais e suicídios!
   Mentes! Amores novos! Geração louca! Jogados
   nos rochedos do Tempo!
Verdadeiro riso no santo rio! Eles viram tudo! O olhar
   selvagem! Os berros sagrados! Eles deram adeus!
   Pularam do telhado! Rumo à solidão! Acenando! Levando
   flores! Rio abaixo! Rua acima!

III

Carl Solomon! Eu estou com você em Rockland
   onde você está mais louco do que eu
Eu estou com você em Rockland
   onde você deve sentir-se muito estranho
Eu estou com você em Rockland
   onde você imita a sombra da minha mãe
Eu estou com você em Rockland
   onde você assassinou suas doze secretárias
Eu estou com você em Rockland
   onde você ri desse humor invisível
Eu estou com você em Rockland
   onde somos grandes escritores na mesma
   abominável máquina de escrever
Eu estou com você em Rockland
   onde seu estado se tornou muito grave e é
   noticiado pelo rádio
Eu estou com você em Rockland
   onde as faculdades do crânio não agüentam
    mais os vermes dos sentidos
Eu estou com você em Rockland
   onde você bebe o chá dos seios das solteironas
   de Utica
Eu estou com você em Rockland
   onde você bolina os corpos das suas
   enfermeiras as harpias do bronx
Eu estou com você em Rockland
   onde você grita de dentro de uma camisa de
   força que está perdendo o verdadeiro jogo
   de pingue-pongue do abismo
Eu estou com você em Rockland
   onde você martela o piano catatônico a alma
   é inocente e imortal e nunca poderia morrer
   impiamente num hospício armado,
Eu estou com você em Rockland
   onde com mais de cinqüenta eletrochoques
   sua alma nunca mais retornará a seu corpo de
   volta de sua peregrinação rumo a uma cruz
   no vazio
Eu estou com você em Rockland
   onde você acusa seus médicos de loucura e
   prepara a revolução socialista hebraica contra
   o Gólgota nacional e fascista
Eu estou com você em Rockland
   onde você rasga os céus de Long Island e faz
   surgir seu Jesus vivo e humano do túmulo
   sobre-humano
Eu estou com você em Rockland
   onde há mais de vinte e cinco mil camaradas
   loucos todos juntos cantando os versos finais da
   Internacional
Eu estou com você em Rockland
   onde abraçamos e beijamos os Estados Unidos
   sob nossas cobertas Estados Unidos que
   tossem a noite toda e não nos deixam dormir
Eu estou com você em Rockland
   onde despertamos eletrocutados do coma pelos
   nossos próprios aeroplanos da mente roncando
   sobre o telhado eles vieram jogar bombas
   angelicais o hospital ilumina-se paredes imaginárias
   desabam Ó legiões esqueléticas correi para fora
   Ó choque de misericórdia salpicado de estrelas
   a guerra eterna chegou Ó vitória esquece tua roupa
   de baixo estamos livres
Eu estou com você em Rockland
   nos meus sonhos você caminha gotejante de volta
   de uma viagem marítima pela grande rodovia que
   atravessa a América em lágrimas até a porta do
   meu chalé dentro da Noite Ocidental.

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