Estou ouvindo pela quinta vez o recém lançado álbum duplo “Privateering”, décimo oitavo disco de Mark Knoplfer, escocês de 64 anos, fundador do Dire Straits, que tem como diferencial um traço raro. Ele nunca fez um trabalho razoável. São todos, absolutamente todos, excelentes. Com ou sem o Dire Straits.
Apaixonado pelo Cinema, é dele trilha sonora de um filme magistral e muito simples chamado “Local Hero” (a última atuação de Burt Lancaster), que lamentavelmente passou batido pelos cinemas brasileiros. Mas se você é sócio de uma boa locadora de DVD e Blu Ray com certeza vai achar “Local Hero”, que no Brasil chamou-se “Momento Inesquecível”. Foi a primeira trilha sonora de Knopfler, lançada no Brasil em 1983 pela Rádio Fluminense FM, graças a um saudoso gênio do mercado fonográfico, o amigo Carlos Celles que nos deu uma fita em primeiríssima mão.
Lembro que, conversando com Celles, disse que eu já sentia nas canções de Mark à bordo do Straits um forte componente visual. “Skateway”, por exemplo, é uma amostra disso e não foi à toa que está no álbum “Making Movies” (“Fazendo Filmes”), sensacional, absolutamente sensacional como tudo que o Dire Straits grava e gravou.
O álbum duplo “Privateering” me pegou pelo pescoço. Banhado de blues, folk, rock e slides guitars (universo tipicamente knopflerniano) o disco não economiza genialidade. É leve, eventualmente dá uma pesada (sempre para o flanco folclórico), depois volta. Enfim, em se tratando de música, Mark Knopfler consegue fazer o que quer, o que é muito difícil num planeta afogado em tecnologia de ponta e mediocridade de quinta.
O Cinema deve um Oscar de melhor trilha sonora a Mark Knopfler. Se não for Oscar, que seja algo similar. Afinal já foram seis trilhas magistrais, compostas para os mais variados filmes, ingleses, irlandeses, escoceses. O Cinema deve um prêmio e sabe disso. Aqui, um pequeno mergulho no mundo de Mark Knopfler, um de meus heróis prediletos.
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