O dicionário explica: “Feriado - dia de descanso, instituído pelo poder civil ou religioso, em que são suspensas as atividades públicas e particulares”. Já escrevi sobre feriados. Um artigo meio marrento, sentando o pau nos feriados, especialmente nos feriadões, que atrapalham...atrapalham...atrapalham quem? O que? Hoje, com a devida distância, digamos, histórica, confesso que foi um texto egoísta.
Sentei o pau nos feriados porque nós, jornalistas, vivemos um dilema. Se por um lado parte da Redação fica de folga, a outra rala dobrado para compensar já que imprensa não para. Mais: os jornais tem seu cronograma todo alterado por causa das gráficas e outros prazos. Não foi um texto reclamão, mas agressivo porque naquela semana um feriadão tinha me obrigado a virar noites escrevendo, antecipando trabalhos para que o cronograma não fosse para o espaço.
Com o passar do tempo fui mudando de opinião. Aliás, acho que mudar de opinião faz bem a saúde. Manter a mesma opinião por mera teimosia me cheira a burrice, o que Raul Seixas chamou, muito bem, de metamorfose ambulante. Fundamental. Mas, como eu ia dizendo, com o passar do tempo fui começando a gostar dos feriados. Mais: comecei a adorar trabalhar nos feriados porque fico de folga em dias em que as cidades ditas turísticas não estão insuportavelmente cheias. Já dei zaralhadas de plantões em viradas de ano, Natal, carnaval e adorei. Trabalhar, não me aporrinhar com multidões de paruaras e, ainda por cima, ganhar por isso.
É evidente que não costumo viajar em feriados, ou feriadões, porque meu nível de masoquismo é baixo. E já cansei de passar feriados engarrafado nas sub-estradas do Estado ou largado como uma mochila nos aeroportos lotados. Pelo que observo, muita gente tem desistido de viajar nos feriadões porque percebeu que padece nas estradas e quando chega ao destino está tudo lotado, cheio de filas, engarrafamento humano e o de automóveis pioram, praias superlotadas, blá blá blá.
Repensando tudo temos o direito de homenagear nossos heróis, santos e afins. Temos sim! Mas o que me fez realmente mudar de idéia em relação aos feriados foi uma matéria que li sobre um relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT, que informava que nós, brasileiros, estamos entre os povos que mais trabalham no mundo. Claro que os chineses batem recorde, mas, muito entre nós, aquilo roça no regime de escravidão.
Os que menos trabalham (medição em horas por semana), pasmem, são os alemães. Fiquei impressionado com a quantidade de feriados na Europa, com a quantidade de horas/semana que os franceses, ingleses e italianos trabalham que é muito menor do que a nossa. Ou seja, nós que trabalhamos pra caramba merecemos dar uma descansada-extra de vez em quando.
Não importa se viro noites, não importa se os prazos ficam apertados. O que importa é que, ao contrário do que muita gente pensa (com exceção dos números da OIT) nós, brasileiros, trabalhamos muito, desde que haja emprego. Você sabe disso porque sente na carne. Além disso, os feriados desorganizam a vida de muitos outros profissionais que são submetidos a plantões, emergências, enfim, nem todo mundo bota o boi na sombra.
E começamos mais um feriadão. Ao invés de despejar ira, desejo a todos muito, mas muito descanso. Que, como já disse, é mais do que merecido.