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"Blogueiro é o cacete!" - Esta coluna está chegando aos 150 mil acessos.

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Com a boca mais seca do que as represas do sudeste, um colega me abordou na rua ontem. Centro do Rio, duas da tarde, temperatura amena, céu nublado. Não o via há anos. Estava enfurecido porque vinha recebendo e-mails onde era chamado de “Caro blogueiro” ou coisa parecida. Jornalista como eu, ele estava indignado e resumiu sua fúria numa frase: “Estou na trincheira das letras tórridas há mais de 30 anos e vem esses vagabundos me chamarem de blogueiro. Blogueiro é o cacete! (ele não disse cacete, mas não gosto de escrever palavrões). Sou jornalista, ainda com muito orgulho.”

Eu também ficaria indignado se alguém me chamasse de blogueiro. Ora, estou nas redações da vida desde o início dos anos 1970 (comecei com 15 anos), fiz  curso superior, iniciei quatro pós-graduações que tive que abandonar por falta de tempo (trabalhava ou estudava) e, essa não, chegar agora e ouvir que sou um skatista das letras? Meu chapa, de jeito nenhum. Não tenho nada contra os blogueiros, mas que boa parte deles é picareta, aventureiro, metido a escritor fashion, jornalista up to date e tudo mais, isso é.

Tanto que essa cabana não se chama Blog do LAM e sim Coluna do LAM, e caminha para os 150 mil acessos desde que entrou no ar, no final de 2012. Tudo bem que a extensão blogspot.com pode confundir alguns, mas aí o problema não é meu. Felizmente nunca me chamaram de blogueiro. Nunca! Talvez porque já me conheçam de outros woodstocks, sabem que ralo como um lobo na savana e não tolero esses modismos de amadores. Na boa, pensando bem, não tolero amadores em nenhum setor dessa louca e sempre bela vida.

Concordo com 130% de meus colegas que afirmam que a qualidade do jornalismo despencou nos últimos anos. É verdade. A concordância verbal, em muitos casos, parece ter virado artigo de luxo ou ficção não científica. Mas o mais grave, aliás, gravíssimo, são as falhas na apuração das notícias. Lei maior da mídia. O que leio de erros primários de apuração, notícias com fontes trocadas, informações truncadas e até incoerentes, são de fazer chorar.

Meus colegas dizem que as empresas de comunicação optaram por mão de obra muitíssimo barata, logo de baixa qualidade, e que esses erros vão se avolumando alucinadamente. Um dia desses li a seguinte chamada: “Trânsito segue parado em Laranjeiras”. Como assim? Como é que um trânsito segue se está parado? Daí para falhas lamentáveis em cultura, política, economia, ciência é só um salto. E o leitor? O leitor que se dane, ao que parece.

Isso na chamada mídia convencional. Imaginem nesses blogs que muitos salta-pocinhas escrevem, publicam e saem charlando por aí como se o Pluto fosse filho da Pluta e que se dane o avião. Por isso, meu colega tem razão: blogueiro é o cacete! Sou jornalista, treinado para apurar exaustivamente as informações, escrever respeitando normas muito rígidas e publicar com o máximo de firmeza possível. Por que? Porque os leitores exigem, merecem e, pelo que aprendi, vocês leitores são nossa razão de existir.

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