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Mark Knopfler: o Cinema deve muito a ele e sabe disso

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                                          Dire Straits toca o tema final do filme Local Helo

Aqui, uma faixa do álbum PRIVATEERING, de Mark Knopfler:

http://www.youtube.com/watch?v=tHJJYfuy4Ec&list=PL9cC6NG0VPIVPnRPdY7atl2PMfEuyKQBE

Texto restaurado e reeditado
Estou ouvindo pela enésima vez o álbum duplo “Privateering”, décimo oitavo álbum de Mark Knoplfer (lançado em 2013), escocês de 64 anos, criador do Dire Straits, que tem como diferencial um traço raro. Ele nunca fez um trabalho razoável. São todos, absolutamente todos, excelentes. Com ou sem o Dire Straits.

Apaixonado pelo Cinema, é dele trilha sonora de um filme magistral e muito simples chamado “Local Hero” (o último de Burt Lancaster), que lamentavelmente passou batido pelos cinemas brasileiros. Motivo: o filme foi (dês) qualificado como anticomercial.

Mas se você é sócio de uma boa locadora de DVD com certeza vai achar “Local Hero”, que no Brasil chamou-se “Momento Inesquecível”. Significa que se você chegar a locadora e pedir “Local Hero”, vão digitar no computador e respnder “não tem”. Ou seja, você vai ter que pedir “Momento Inesquecível”, da mesma forma que Blow Up de Antonionni foi lançado no Brasil como “Depois Daquele Beijo”. Só rindo.

“Local Hero” foi a primeira trilha sonora de Knopfler, lançada no Brasil em 1983 pela Rádio Fluminense FM, graças ao saudoso Carlos Celles que nos deu uma fita em primeiríssima mão. Ele era diretor internacional da gravadora Polygram.

Lembro que, conversando com Celles, disse que eu já sentia nas canções de Mark à bordo do Straits um forte componente visual. “Skateway”, por exemplo, é uma amostra disso e não foi à toa que está no álbum “Making Movies” (“Fazendo Filmes”), sensacional, absolutamente sensacional como tudo que o Dire Straits grava e gravou.

Em 2001 assisti com meu amigo Sirí Mark Knopfler ao vivo no antigo Metropolitan, na Barra. Ele estava lançando o sensacional álbum “Sailing to Philadelphia” e o local estava super lotado. Eu fiquei exatamente na primeira fila, a poucos metros do palco, bem na frente dele e, com certeza, não vou esquecer de cada segundo daquele show. Tão importante para mim que, em determinado momento, fui lá na mesa de som e pedi o cara para subir o som da guitarra, que estava baixo. O cara, provavelmente inglês, olhou para mim com aquela cara de fastio e permaneceu de braços cruzados.

Antes do show acabar, um colega meu, jornalista, chegou e me disse que M.K. estava querendo saber “quem é o jornalista que fez vários especiais sobre o Straits na TV e no rádio e, ainda por cima, escreveu uma matéria de capa sobre mim num importante jornal (era o Jornal do Brasil)”. Perguntei ao colega, “o que isso significa?” e ele “meu chapa, significa que, depois do show, se você quiser ir conhecer o cara no camarim não haverá problema”. Não fui. Temor reverencial.

Lembrei do Who que, apesar de praticamente estar com o ingresso na mão para ver a “minha” banda em Nova Iorque, amarelei. Vai que naquele dia a banda ia tocar mal, que Pete Townshend daria uma engrossada. Foi quando, acho que na revista Bizz, escrevi que “lugar de ídolo é no Olimpo”. E foi assim que não quis conhecer Mark Knopfler pessoalmente, nem Bob Dylan, nem Neil Young, nem muitos outros que, de fato, vivem no Olimpo.

O álbum duplo “Privateering” me pegou pelo pescoço. Banhado de blues, folk e slides guitars (universo tipicamente knopflerniano) o disco não economiza genialidade. É leve, eventualmente dá uma pesada (sempre para o flanco folclórico), depois volta. Enfim, em se tratando de música, Mark Knopfler consegue fazer o que quer, o que é muito difícil num planeta afogado em tecnologia de ponta e mediocridade de quinta.

O Cinema deve um Oscar de melhor trilha a Mark Knopfler. Se não for Oscar, que seja algo similar. Afinal já foram seis trilhas sonoras magistrais, compostas para os mais variados filmes; ingleses, irlandeses, escoceses. O Cinema deve um prêmio e sabe disso. Aqui, um pequeno mergulho no mundo de Mark Knopfler, um de meus heróis prediletos.



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