Não se avexe se bater
uma vontade incontrolável não fazer absolutamente nada, produzir um coquetel
molotov, ou escrever um manifesto anticomunista.
John Lennon chegou na
beira do abismo em 1966 quando comparou a popularidade dos Beatles a do
cristianismo. Pouca gente leu exatamente o que foi dito e distorceram. Ele de
uma entrevista a um pequeno jornal inglês que, com a mensagem torcida, foi
divulgada por rádios dos Estados Unidos:
“O
cristianismo vai acabar. Ele vai desaparecer e afundar. Não preciso argumentar
sobre isso. Estou certo e o tempo vai mostrar isso. Somos mais populares que
Jesus agora; não sei quem vai entrar em declínio primeiro: o rock ‘n’ roll ou o
cristianismo. Jesus era legal, mas seus discípulos eram tolos e medíocres. Pra
mim, foi a distorção que eles fizeram que arruinou o cristianismo”."
Foi um lampejo, meio
que um raio. John Lennon tinha 26 anos, homem feito e gostava de Jesus mas ao
longo do tempo, com os Beatles, LSD, etc foi se distanciando. O que ele disse
foi em relação ao cristianismo e as igrejas, que em geral fazem o que Jesus
condena. A relação com a grana, com o poder, essa orgia é um espetáculo
anticristão. Ou não?
Lennon não detalhou o
seu raciocínio e houve uma enorme revolta contra os Beatles nos EUA, tacaram
fogo em discos, shows foram cancelados, tudo provocado pelas rádios católicas e
evangélicas e pelas igrejas em geral.
O radicalismo faz
parte da pós-adolescência imediata, quando queremos virar ônibus, tacar fogo no
mundo, lutar contra a sociedade constituída, contra o capital, contra o
governo, contra a família, contra tudo. Depois, a maturidade chega, toca a
campainha, entra, senta numa poltrona pede um café e pede para a
pós-adolescência a se retirar.
Ela, a maturidade, irá
morar conosco o resto dos dias, ouvindo o alarido da pós-adolescência do lado
de fora.
O Brasil está afogado
no radicalismo de tal forma que o ódio impera. Ou a pessoa é de extrema direita
ou de extrema esquerda, exatamente como nos tempos de colégio, com uma drástica
diferença: o maior e mais poderoso meio de comunicação da história da
civilização, a internet, amplifica e reverbera essa relação caótica entre as
pessoas com milhares de giga tons de potência. Se você não quer confusão, a
confusão entra no seu celular, tablet, computador. Pé na porta.
É muito negativismo,
baixo astral, azedume. Concordo que o otimismo excessivo, modo Poliana de ser, roça
na alienação. Os tempos modernos exigem equilíbrio, lembrar que o Brasil não
está em crise, ele é a crise, e do caos fez-se o Cosmo (Carl Gustav Jung).
Eu me recuso a pensar
que não existe mais luz no fim do túnel, ou que a luz no fim do túnel é o farol
de um trem no sentido contrário.
Eu me nego porque quis o destino que eu me
apaixonasse por comunicação e informação desde garoto e por conta disso acabei
fechando um pacto com os livros, jornais, revistas, internet, TV, rádio.
E a
história mostra que desde 1808 quando a Corte portuguesa fugiu de Portugal e se
apossou do Brasil só dá encrenca, protagonizada pela corrupção.
Como ioiô o Brasil já
foi lá embaixo e voltou várias vezes, mas a luz do fim do túnel jamais apagou
ou foi apagada. Crise com o fim da monarquia, crise com o começo da república,
golpes de estado, tropas na rua, II Guerra, Getúlio se roçando em Hitler,
Estado Novo, Jânio, renúncia, golpe em 64, turbo golpe em 68....blá blá blá.
Um dia pus no Facebook
a linda foto que ilustra esse artigo, um túnel no final, túnel verde, de autor
desconhecido, e algumas pessoas comentaram. Quis mostrar que não devemos nos
render ao negativo, venha de onde vier, certos de que há conserto para tudo.
Sabem o Ted Turner,
magnata que criou a CNN e um monte de outras TVs? Ele conta no livro biografia
sobre a CNN que tinha um iate com bandeiras de todas as cores, menos a branca.
“Branca é de rendição e eu não me rendo”, ele disse. Eu também não.
Logo, não venham
querer levar nossa luz no fim do túnel, e muito menos o túnel que faz parte da
vida. Dou a maior força aos conhecidos que fugiram para o exterior, estão no
seu direito de ir para onde quiserem. Muita gente esculhamba, mas eu defendo
porque ninguém é obrigado a permanecer num lugar que lhe faz mal. Agora, também
acho ridículo quando eles ficam lá de fora dando pitacos nos problemas daqui.
Ou está fora, ou está dentro. Uma vez fora, a peteca fica aqui.
E a luz do fim
do túnel também.