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Genocídio na região serrana do estado do Rio prossegue como se ontem não tivesse existido

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Fotos, O Globo






Foi assim 1:

Eu estava no Facebook, por volta de meia noite naquele 11 de janeiro de 2011 quando a Bete Babo, que mora em Friburgo, começou a postar mensagens desesperadas. Dizia que uma tromba d’água nunca vista estava literalmente destruindo a cidade e que a água já tinha passado de dois metros.

No Facebook tentávamos, todos, acalmá-la, quando em abri outro site e vi que a chuva já tinha atingido 200 milímetros em Friburgo, 250 em Teresópolis, e outros 200 em Petrópolis.

Esse volume era impossível. Algum erro. 

Foi assim 2:

Liguei para os bombeiros e o caos se confirmou. Teresópolis, Petrópolis e Friburgo estavam sendo dizimadas pelo maior dilúvio da história da região serrana do estado do Rio. Felizmente a Bete escapou.

Mas, e meus pais? Moravam em Teresópolis. Eu não iria telefonar aquela hora, além do mais eles moravam na avenida principal.

Na manhã seguinte falei com meu pai. Ele estava tranquilo, mas abalado com a situação da cidade. “Já passaram mais de 100 ambulâncias aqui em frente, dezenas de helicópteros sobrevoando a cidade. Uma situação muito difícil.”

Nos anos 1980, meu pai pediu uma audiência ao prefeito de Teresópolis para protestar contra a explosão de construções ilegais nas encostas e beiradas de rios. O prefeito, como todo déspota, disse que “infelizmente é um problema histórico”, mas, como todo mundo, meu pai sabia que os políticos trocavam votos por escrituras de posse de terras situadas em abismos. Uma negociata que continua impune porque quem deveria ouvir também leva uma grana. Vender idas é normal.

Foi assim 3: 

De acordo com o G1 o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) de Petrópolis e associações das vítimas, entre outras entidades de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis calculam que cerca de 10 mil pessoas podem ter morrido ou desaparecido nas chuvas que atingiram a região em 2011.

Foi assim 4:

As ratazanas civis, militares, parte do executivo, judiciário, legislativo todo mundo avançou nos bichões de reais e enriqueceram. Nem Hitler teria agido assim.

Nada foi feito.

A favelização prossegue em Teresópolis, Petrópolis e Friburgo ainda mais insana e boçal. Para os genocidas que traficam títulos de posse da terra (cúmplices de quem mora nesses locais), quanto mais desgraça mais inchada fica a conta corrente.

Foi assim 5:

Segundo O Globo “há pelo menos 86 mil pessoas vivendo em áreas de risco. (...)E a previsão da meteorologia de um verão mais chuvoso no Sudeste — de acordo com o Climatempo, o volume para a Serra deve ultrapassar a média de 300 milímetros — coloca a região sob apreensão.

(...) Do Laboratório de Geo-Hidroecologia da UFRJ, Ana Luiza Coelho Neto diz que “as chuvas mais fortes não avisam quando vão ocorrer. Nós precisamos desenvolver uma nova cultura de enfrentamento do que é próprio da natureza. Chuvas fortes e deslizamentos são fenômenos característicos dessas regiões montanhosas do Sudeste.”

Foi assim 6:

O governador do estado prometeu meio bilhão de reais para resolver o problema.

Segue o genocídio.

 



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