Witzel, Crivella, Bolsonaro e seus filhos não tomaram o poder a bala.
Pelo menos ainda.
Nem eles, nem todos os prefeitos, vereadores, senadores e deputados do país. Eles foram escolhidos pelos eleitores.
Essa cínica e levemente cafajeste conversa vitimista de “coitadinho do eleitor, ele é uma vítima” já encheu o saco. Parem com isso, por favor.
É ridículo.
Desde 1982 somos milhões votando para governador, prefeito. A partir de 1989, começamos a votar para presidente e estreamos a redemocratização com Collor.
No Estado do Rio os cinco governadores que foram em cana por corrupção foram reeleitos. Ou seja, os eleitores escolheram duas vezes, deram a eles oito anos de Palácio Guanabara.
Em 2018 Witzel não existia. Era um pavão misterioso, uma referência aqui a bela canção do Ednardo. Muita gente (como eu) viu sua cara pela primeira vez em debates de TV.
Sabia-se por alto que Bolsonaro e os filhos estavam enchendo a bola do vexatório governador porque o Estado do Rio de Janeiro é deles. Bolsonaro é o senhor absoluto do RJ como mostraram os resultados das urnas e revelam as pesquisas de opinião. Foi eleito pela maioria esmagadora dos fluminenses.
Quando ele e os filhos deram o comando “votem no Witzel” o povo votou, como um fox paulistinha que parte pra cima do meliante quando o dono grita “pega ladrão”. O povo votou porque quis.
Assinou um cheque em branco e botou no bolso do cara, sem saber quem é, quem foi, quem viria a ser. Ninguém forçou, botou fuzil na cabeça mandando votar.
Agora estão dando um segundo comando: reelejam Crivella, o pior prefeito da história do Rio desde 1565, ano de fundação da cidade. Lamentavelmente, tudo indica que Crivella vai ficar mais quatro anos porque já está com 16% de preferência do eleitorado, segundo pesquisa de semana passada do Instituto Paraná.
Eduardo Paes está 10 pontos na frente, mas vem mais bomba aí, resultado de sua antiga ligação com Sérgio Cabral. Paes até poderia embarcar no “rouba, mas faz”, mas os Bolsonaro estão contra ele. E como já escrevi, Bolsonaro são os donos do Estado do Rio.
Essa arrogância pequeno burguesa, essa fala do “pobre não sabe votar, favelado vota em quem a milícia e o tráfico mandam” ofende essas pessoas. Não são alienadas, nem ignorantes, são bem informadas, sabem de tudo.
Vaidoso, a criatura Witzel foi peitar o criador Jair e disse que seria candidato a presidente. Caiu em desgraça. Como Sérgio Moro que, num ato de extrema boçalidade e miopia caiu na velha rasteira do “senta aqui no meu colinho que eu te dou o STF”. Moro sentou, virou capacho e acabou ejetado da história do Brasil. Sem poder nenhum. Um dos homens mais poderosos do país, que nem Lula conseguiu destruir (e Lula é PhD e destruição) hoje é uma ameba política. Se continuasse a frente da Lava Jato estaria com o balão no alto.
Com Witzel afastado (provavelmente não mais voltará), outro anônimo todo enrolado assumiu o cargo de governador. Cantor gospel, Claudio Castro é pop star nos meios eclesiásticos. Seu primeiro álbum solo, o CD “Em nome do Pai”, foi gravado em 2011 e recebeu quatro indicações para o Troféu Louvemos ao Senhor, o Oscar da Igreja Católica.
Por duas vezes, Cláudio Castro concorreu ao prêmio de melhor cantor católico do Brasil, nos anos de 2012 e 2016, tendo ficado entre os cinco primeiros do país.
Durante a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em 2013, Cláudio Castro participou do coral das 100 vozes que cantou para o Santo Padre nos atos centrais da JMJ.
Não é fofo?
Membro da Renovação Carismática Católica há mais de 20 anos, foi coordenador arquidiocesano do Ministério de Fé e Política da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Outra ação de destaque em sua caminhada de fé foi a participação como um dos animadores oficiais do evento Rio de Água Viva, maior retiro popular da Renovação Carismática Católica do Rio, que já chegou a reunir mais de 10 mil participantes durante os dias de Carnaval.
Não é fofo (2)?
O lado B do coroinha.
De acordo com a delação do ex-secretário Edmar Santos, o vice-governador se beneficiava de um esquema no qual, segundo o Ministério Público Federal, a Alerj repassava as sobras de seu orçamento para a cota única do tesouro estadual. Coisa de uns R$ 100 milhões.
Desta conta única, os valores “doados” eram depositados na conta específica do Fundo Estadual de Saúde, de onde era repassado para fundos municipais de saúde dos lugares indicados pelos deputados, que por sua vez recebiam de volta parte dos valores. Segundo Edmar, Castro fazia a articulação entre deputados e prefeitos e o governador.
Claudio Castro também é citado em investigações de fraudes na Fundação leão XIII, ligada ao gabinete do vice-governador.
Se ele cair, deveria assumir o presidente da Alerj. Poderia, mas não vai. As investigações do Ministério Público Federal (MPF) concluíram que o deputado André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), era um dos protagonistas do esquema de corrupção que desviava dinheiro público da Saúde. Segundo os procuradores, deputados, empresários e membros do governo se associaram para obter vantagens indevidas.
Ou seja, se o menestrel do Papa Francisco for detonado este ano, haverá nova eleição direta para governador, mas se cair ano que vem a eleição será feita pelos...(rsrsrsrsr) deputados da Alerj, incluindo os que estavam presos até um dia desses.
Todos os personagens dessas tristes letras são o que são porque assim quis o povo do Estado do Rio de Janeiro.