A censura fede a desprezo, a face mais déspota do afeto, digo, do desafeto. Sob censura, explodir o bloqueio se torna o início, o fim, o meio.
De saco inchado de tanta autocensura, depois de um dia abominável, na madrugada hoje finalmente eu vi a bola azul da Epifania circular pela cama como nobre cortesã.
Me acordou a noite e disse “vamos executar com urgência o Plano Rabelais. Será o seguinte: isso, isso e isso.” Beleza! Vamos fazer, sim. Um país se faz com homens e bombas. Eu e ela, a Epifania, musa parceira, fada madrinha dos náufragos reféns da asfixia auto imposta pelo autoflagelo da descomunicação proibida.
O Rio amanheceu cantando, toda a cidade amanheceu em flor, e os namorados vem pra rua em bando, porque a primavera é a estação do amor. A voz de Dalva de Oliveira ecoa pela minha praça, segundo palco de vários palcos do Plano Rabelais, que Epifania e eu vamos começar a construir logo, mictando no rosto da censura e da autocensura com toda a plenitude e prazer que as grandes mictadas proporcionam.
Venha, Rabelais! Logo!