Não é um fenômeno excluisivamente brasileiro, um jabuti em cima da árvore, uma jabuticaba. Boa parte da mídia leva jabá do Estado e, mal habituada a essa fartura fácil, esqueceu que há Estados e estados.
O estado da dinastia Bolsonaro, que pratica as claras a “familiocracia” (essa é do Ancelmo Gois) pertence a ela, a dinastia. Não adianta argumentar democraticamente que Estado é Estado, família é família, governo é governo. Bolsonaristas só entendem a voz do berro, da bala.
Conforme foi anunciado aos gritos por Jair Capitão em sua campanha, começou pela Folha de S. Paulo o fuzilamento da mídia, que cinicamente Jair finge defender, como finge defender a democracia. Jair & Companhia cortaram a assinatura da Folha e ele, Jair, insinuou, para o seu gado que frequenta a porta de seu palácio, que o seu Estado pode retaliar os anunciantes do jornal. Como? Devassa fiscal, perseguições tributárias, cortes de incentivos, tudo o que acontece nos regimes mais truculentos e boçais. Não satisfeitos, Jair & seus amarra cachorros acabaram com o registro profissional de jornalista (dizimaram amazonicamente a profissão) como se dissessem “agora qualquer vagabundo pode escrever o que quiser”.
Folha de S. Paulo é a primeira, depois virá o resto a critério do freguês. Com Lula e Dilma não foi muito diferente. Ambos falaram em público da necessidade do Estado controlar a mídia e, como a facção bolsonarista, odiavam e odeiam a imprensa. O ódio do PT & tribo e dos bolsonaristas pela mídia é gigantesco pelo mesmo motivo de todos os séculos: “tem que elogiar; qualquer crítica é ofensa e qualquer ofenda é cabível de fuzilamento. Por isso eu fuzilo”.
No Brasil, desde o império a mídia mama nas fartas e malemolentes tetas do estado. É lógico que o Estado nos pertence, ao povo (só rindo), mas que lógica há quando as facções ocupam o governo e misturam com Estado, família, amiguinhos, numa suruba a céu aberto? A lógica do quem manda aqui sou eu.
Bolsonaristas e o seu Jair Capitão, fazem o que Lula e Dilma desejaram fazer: acabar com a mídia que faz oposição mesmo que essa oposição esteja publicando a verdade. Jair Capitão quer acabar com a Folha e com a Rede Globo, sonha em ver os negócios de um de seus fetiches, bispo Macedo, um dos maiores (o maior?) traficante de fé do planeta, prosperarem com todo o tipo de dinheiros. Ou então nas empresas do falso imbecil Silvio Santos, tudo por dinheiro, que, espertíssimo, montou um bando familiar que causa inveja a qualquer máfia.
Se a mídia tivesse parado de depender da nossa dinheirama que o governo desvia para onde quiser, não estaria nessa grotesca e humilhante situação de pedir esmola em rede nacional. Poderia ter feito, há tempos, um plano B estruturando o faturamento e os lucros fora da cota do Estado que deveria ser tratada como eventual. Mas, lá por que, essa boa parte da mídia deixou no colo do Estado decidir se vive ou morre. Jair Capitão decidiu matar.
E agora?