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Inveja da Medellín de Escobar

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                                          Nova Friburgo ontem postada pela amiga facebookiana
                                                                Nova Friburgo hoje                                                                               
Rio
Achava um colega de faculdade catastrofista. Lá em 1979, no ponto de ônibus do 401 (Rio Comprido – São Salvador) ele dizia que em pouco tempo a Região Metropolitana do Rio iria se transformar numa enorme favela e que o primeiro passo nessa direção seriam as pencas de novas cidades criadas a rodo, chamadas de “emancipações”.

Meu colega não era catastrofista. Era visionário. Pena que perdi o contato para me desculpar por tê-lo chamado de pessimista, baixo astral e tudo mais. Na época, o Estado do Rio tinha 63 municípios, hoje são 92. Por que? Corrupção. 
A partir dos anos 1980 muitos “distritos” decidiram comprar a emancipação 
alegando que seria melhor para todo mundo, mas sabíamos que a razão era única: ladroagem ampla, geral e irrestrita.

Cada cidade gastou (e gasta cada vez mais) com prefeito eleito, Câmara de Vereadores, secretarias, fundações autarquias, custeio, pessoal. Nesse bolero o Estado do Rio conquistou o padrão de excelência em roubalheira, má fé, estelionato eleitoral, bandidagem, tráfico de influência e de drogas e hoje é visto como exemplo nacional de ruína. Financeira, ética, mortal, política.

A amiga facebookiana Bete Babo postou hoje uma bela bucólica foto de Nova Friburgo, cidade que sempre me acolheu muito bem quando por lá passei temporadas. Mandei uma mensagem cumprimentando a foto (ontem, dia 16, foi aniversário de 201 anos da cidade) mas a Bete informou que a especulação imobiliária tinha devorado tudo o que está na foto. Só restaram as montanhas.

Claro que a culpa não é somente das sempre gananciosas empreiteiras que corrompem o poder público e, se der, constroem muquifo até no Corcovado. Botam a estátua do Cristo abaixo e mandam ver. Para isso, na outra ponta, tem que estar os vendilhões que representam os municípios.

Não por acaso o Estado do Rio exibe nacionalmente uma galeria de governadores podres, sendo cinco presidiários ou ex- detentos respondendo em liberdade. Que estado pode dar certo diante de uma galeria dessas? Há, ainda, as cidades. Muitos prefeitos do RJ já foram em cana, outros estão a beira de ir para a jaula, alguns deverão voltar, em suma, o RJ está numa era de pústulas no poder de dar inveja a Medellín no auge do “reinado” de Pablo Escobar.

Pior do que os governadores, prefeitos, muitos vereadores, deputados e senadores fluminenses está o eleitorado que colocou esses déspotas no poder. Os políticos podem ser sicários, mas em nenhum momento deram golpe de estado, tomaram o poder a bala. Eles entraram nos palácios pela porta da frente, ao som de clarins, eleitos, escolhidos pelo eleitorado mais torpe e corrupto de história fluminense, que troca seu voto por qualquer bala Juquinha.

Sobrevoar a Região Metropolitana do Rio é angustiante. Da janela dos aviões (que estão se mandando daqui para operar na civilização, São Paulo) vemos o caos, a gigantesca deformidade urbana descontrolada, em qualquer região. Mansões, favelas, motéis, tudo enfiado numa disforme e doente massa demográfica incentivada por maus políticos, traficantes, milicianos, maus religiosos que querem mais famintos, mais doentes, mais degenerados para vender suas promessas, comprar votos e poder.

Os piores políticos da nação foram maciçamente votados pelo Estado do Rio. Gente parindo pelas ruas, cheirando crack, “moço me dá um dinheiro”, governos construindo escolas e hospitais superfaturados sem parar, roubando loucamente para fazer com que o Estado consiga atender a todos. Não atende porque a população não para de inchar e a polícia não para de crescer, os tiroteios, as balas perdidas. Do outro lado, mais políticos pusilânimes vitimizando os sicários tratados como vítimas da sociedade que eles mesmos, políticos, lambem com a sua sórdida hipocrisia.

Gerações e gerações de bandidos estão sendo paridos neste momento, enquanto você lê este bilhete, no Estado mais torpe do Sudeste porque a expressão “controle da natalidade” provoca calafrios de pânico na esquerda, direita, centro, igrejas, bocas de fumo...

Você foge para Friburgo. Mesma coisa. Teresópolis, Petrópolis, Angra dos Reis (em guerra), Região dos Lagos...Em 40 anos dizimaram o Estado do Rio que estava dando certo até Geisel fazer a fusão com a Guanabara e explodir tudo.
Olhe para a sua cidade. É normal o que você vê? É razoável? É aceitável? Olhe para o seu carnê de IPTU e pense no que a prefeitura de sua cidade te dá em troca. Olhe para a conta de luz, para o IPVA do carro, da moto, olhe para a sua declaração do Imposto de Renda e pense no Congresso, no STF, na Esplanada dos Ministérios que mamam essa nossa grana suada.

Você sentirá inveja de Medellín.



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