Andando pelo centro do Rio, destruído por crivella e seus asseclas, o cheiro de mijo não só incomodava como irritava. Coisa de molambeiro, bípede que não mora onde mija, não tem educação, qualquer relação afetiva com a cidade onde está e, por isso, cospe no chão, atira lata de cerveja junto ao meio fio, enfim, essa mamífero urbano deveria ser estudado em profundidade porque, diz a minha tosca intuição, que ele pode ser o tal elo perdido entre o homem e o porco.
O molambeiro não tem sexo, cor, classe social, nível de instrução. É uma bola de sebo rolando pelas cidades, saltitando merda para todos os lados e atualmente tem como veículo preferido a motocicleta, em geral equipada com um tal de baú onde alguns carregam cachaça, cheirinho da loló, crack e outros aditivos muito comuns a espécie. Se um dia a polícia fizer seis meses de asfixia (blitz permanente) nas motocicletas, a segurança pública vai melhorar muito porque além de baderneiros, escroques sociais, paladinos da imundície, muitos são bandidolas, trabalham para o tráfico, milícia e afins. Eles difamam os bons motociclistas, que usam moto para o trabalho, lazer civilizado. Em Bogotá (Colômbia) a prefeitura proibiu, poucos meses atrás, a circulação de motos de até 200 cilindradas com garupa. A bandidagem levou um tombo. No Brasil? Nada é feito.
Molambeiros gostam de andar em bandos e contrariando normas internacionais de segurança, andam de motocicleta sem camisa, calçando chinelos de dedo, capacetes idem, cano de descarga cortado (barulho infernal) e em zigue zague entre os carros.
Em Niterói, o point da molambada na primavera/verão é a praia de Itacoatiara, onde os molambeiros encontram molambeiras com quem copulam e perpetuam a espécie. Recentemente Itacoatiara virou moda entre eles e entrou na rota da barbárie desses animais que na primavera e verão, geralmente sem documentos, invadem o bairro fazendo enorme barulho, fazem xixi em qualquer tronco de árvore e enchem de cocô e latas de energético genérico na bizarra restinga da praia que tem mais de dois metros de altura, servindo de refúgio para os meliantes. Eles já invadiram Charitas, Adão e Eva, Itaipu, Flechas, Boa Viagem.
Na praia, fumando maconha malhada, jogam futebol (altinho) na beira d’água (velhos e crianças que se danem), dão saltos mortais as gargalhadas no mar onde mais uma vez aproveitam para fazer xixi e cocô aos gritos de “hahahaha....tá dominado, rapá....hahahahaha”. Na areia, funk, pagode e sertanejo aos berros naqueles equipamentos de som chineses, com porta USB por onde a diarreia musical transita.
Os moradores locais? Se borram de medo. Itacoatiara é bairro de classe média e um dia já foi o must do verão em Niterói, e como toda a classe média, tem pavor dessa molambada com cabelo à Neymar, moto na mão e muita bosta na cabeça. Os locais dizem que “os estrangeiros são perigosos e acham que a praia é deles”. Claro que a praia é deles. A praia, o bairro, a cidade, o país.
Fato é que cada vez mais zonzo com o cheiro de mijo, andando numa cidade que estupra com o IPTU, conta de luz, água, telefone, tenho que aturar esses molambos que em menos de duas horas defecam tudo. Uma eficiência rara.
Com certeza não ia acabar bem se eu pegasse um molambo desses defecando em frente a uma creche (para eles tanto faz). Aliás, é por isso que não tenho ido a praia sábado e domingo, onde a civilidade é minoria absoluta.