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A opção pela cultura alternativa

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 Silvério Ortiz e Cristina Lebre

Sala de produção da Maldita, em 1984. Da esquerda para a direita: Alvaro Luiz Fernandes, eu e Carlos Lacombe recebendo a Blitz, num café da manhã, ao vivo, no ar. Foram seis bisnagas, meio quilo de queijo e mortadela e seis livros de Coca Cola (eu bebi dois) que compramos no bar Suzette Drinks, perto da rodoviária de Niterói.

Reencontrei Charles Gavin (Titãs) em Laranjeiras, Rio, nesta quinta-feira. Ele disse “rapaz, como é bom te ver”, respondi “bom pra cacete, meu chapa”, e falamos muito de 1984 quando a Rádio Fluminense tocou uma fita K-7, com som péssimo, dos Titãs tocando no radar Tantã, em Sampa.

Lembramos de um outro encontro nosso em Salvador, Bahia, acho que em 2000, quando ele e eu participávamos do programa do Serginho Groisman. “Já se vão 13 anos”, Charles me disse. Trocamos telefones porque temos muito o que conversar. Muito! Gavin é absolutamente brilhante, gente muito fina, enfim, valeu te encontrar, meu chapa!

Recebi um e-mail da telespectadora Aline Gomes, que mora em Campinas SP. Ela assistiu ao nosso programa “Café Paris” em seu novo site, www.programacafeparis.com.br.

Em sua mensagem, ela disse que morava no Leme (Rio) no início dos anos 1980, quando tornou-se ouvinte, palavras dela “deliciosamente viciada na Radio Fluminense FM”. Na mensagem conta que foi estudar em Campinas, casou e lá vive até hoje “com muitíssimas recordações que o programa Café Paris pesca em minha memória”.

Ela se referiu a entrevista do filósofo Silvério Ortiz a nossa Cristina Lebre. Silvério é filósofo, educador e músico e começou a fazer suas magníficas conexões da Filosofia com a Arte ouvindo a Rádio Fluminense FM. 

A ouvinte Aline, em seu longo e-mail, diz que foi “impossível conter as lágrimas quando, assistindo a MEU NOVO PROGRAMA, O CAFÉ PARIS (foi ela quem escreveu em maiúsculas) me deparei com uma versão maravilhosa de “Mad Wolrd”, do Tears For Fears, somente com o Curt Smith, coro e orquestra”. Disse mais: “como segurar a emoção revendo as cenas de “The Wall”, do Pink Floyd, que me foi apresentado pela Maldita?”.

Caramba, Aline, lendo seu e-mail os sons, imagens, aromas do passado que se torna futuro me engoliram numa neblina honesta, sincera e bela. Como você, sinto os ecos da saudade de tempos que vivi intensamente e que o programa Café Paris reinicia, recarrega, reapresenta, torna tudo presente, futuro, tudo ao mesmo tempo agora.

Esse programa, que faço com muito prazer com o amigo Luiz Augusto Erthal, Cristina Lebre e Catherine Beranger me incendeia é a síntese desse passado com cara de futuro mas que vive no presente. Não de nostalgia, mas de sonhos com um futuro melhor a partir de um presente saudável, concreto, consolidado.

A Aline encerra seu e-mail pedindo que nós não abandonemos a cultura alternativa que “é a tábua de salvação no meio desse mainstream torpe e vazio”

Aline Gomes, minha opção pela cultura alternativa não foi uma decisão racional. Quando conheci The Who, com meus, sei lá, 12 anos de idade, mais The Troggs, mais Tropicália, mais o movimento beat, hippies, eu me vi totalmente inserido nessa região interplanetária da cultura. Discos mais vendidos nunca me atraíram. Best sellers de literatura, também não, e no cinema sempre gostei mais dos diretores malditos.

Quis o destino (magistral conspirador) que eu encontrasse o Luiz Augusto Erthal que é dono da ÚNICA editora especializada na ousada literatura fluminense, a Nitpress, que editou a edição especial de meu livro “A Onda Maldita- como nasceu a Fluminense FM”. Visite em www.nitpress.com.br.

Hoje, décadas depois, permaneço submerso na cultura da contramão, agora na TV, aqui neste blog e em outros projetos ligados, sempre a música, literatura, cinema. Ou seja, não existe possibilidade de, de repente, eu entrar numa loja e comprar um disco de um integrante da molambada que imbeciliza a nação.

Não que eu seja mais, ou eles menos. Apenas tenho a convicção de que meu gosto, minha opção cultural é radicalmente maldita e, por isso, fiz uma rádio com esse apelido, escrevi e escrevo livros com essa pegada, enfim, Aline, com todo o desrespeito que o sertanejo universitário e seus tentáculos tem por mim e eu por ele, vamos em frente, sempre tentando mostrar que há sim muita luz. O que não existe é túnel. Túnel é invenção do mercado vendilhão. Mas aí, é outro assunto.


Continue acessando www.programacafeparis.com.br. Espalhe o link por aí. Nós só precisamos de muita, mas muita gente nessa oca digital. Muitos teremos mais força e com mais força a gente engole o país.

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